Isenção do IR até R$5 mil: O que ninguém contou sobre a nova tabela que entra em vigor em 1º de janeiro?
Nova taxa levanta questionamentos sobre até que ponto um aumento salarial acima do teto será vantajoso diante da incidência do Imposto de Renda
A nova lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$5 mil mensais, sancionada em 26 de novembro, e que entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026, começa a redesenhar o orçamento de milhões de trabalhadores, e levanta uma questão importante para o brasileiro: o que acontece quando o aumento salarial ultrapassa o limite da isenção? Com anos de experiência em Recursos Humanos, a consultora empresarial Helena Gagine analisou detalhadamente a medida e destaca que serão estabelecidos descontos para rendas de até R$7.350, reduzindo significativamente a carga tributária dessa faixa. A estimativa oficial é que cerca de 15 milhões de pessoas deixem de pagar o imposto ou passem a ser menos tributadas — sendo 10 milhões que se tornam isentas e outras 5 milhões que terão redução nas alíquotas.
Além de reforçar a renda disponível das famílias, a mudança deve estimular o consumo, impulsionar a formalização e aliviar o orçamento doméstico em um cenário de preços elevados. O governo sustenta que a medida não compromete as contas públicas, já que não implica cortes de gastos nem redução de serviços. Para equilibrar o impacto fiscal, a política de desoneração do trabalhador vem acompanhada do aumento da tributação sobre rendas mais altas — a partir de R$600 mil anuais, com alíquota progressiva que pode chegar a 10% sobre rendimentos acima de R$1,2 milhão por ano. Para Helena, que também é autora do livro Os fatores humanos na produtividade organizacional, a proposta tenta redistribuir o peso tributário. “A nova medida traz muito alívio para a parcela da população que mais sente os efeitos da inflação no bolso”. explica.
Aumento salarial acima de R$5 mil: vantagem ou desvantagem para o trabalhador?
Com a nova regra, trabalhadores que recebem aumentos salariais e passam do limite de R$5 mil entram na faixa de tributação reduzida, e não na cobrança integral. Ou seja, quem recebe entre R$5.001 e R$7.350, vai pagar menos imposto do que pagaria pela tabela tradicional, preservando vantagem financeira mesmo com a tributação. A partir dos R$7.350, tudo segue normal com relação à tabela anterior.
“A expansão da faixa de isenção, além de incentivar o consumo na população beneficiada, também aumenta a percepção de ganho e crescimento profissional, melhorando o estímulo à produtividade”, afirma a especialista em Recursos Humanos. Para ela, o impacto não é apenas financeiro, mas também psicológico e motivacional, já que o reconhecimento salarial deixa de ser neutralizado pela carga tributária.
A consultora alerta, porém, que RHs e trabalhadores devem ter atenção redobrada no momento de conceder ou receber reconhecimentos salariais quando o colaborador já estiver muito próximo ao teto de isenção. Em termos práticos, alguém que recebe hoje R$ 4.950 mensais estaria totalmente isento de IR; no entanto, se for contemplado com um reajuste de 10% e passar a receber R$ 5.445, esse aumento o desloca para uma faixa tributável, ou seja, o reconhecimento financeiro chega acompanhado de um desconto de imposto.
“Mesmo com a intenção da empresa em reconhecer o colaborador, para que os 10% de crescimento salarial sejam efetivamente percebidos no valor líquido, o reajuste precisa ser ligeiramente maior para suprir a tributação, caso contrário, a percepção do aumento será menor devido aos novos descontos. Importante perceber que, sempre que o trabalhador estiver no limite entre faixas, o novo salário líquido corre o risco de ser menor do que o anterior, mesmo com o crescimento do salário bruto. ”, completa Helena.
Sobre Helena Gagine Borges Martins: Escritora, autora do livro Os fatores humanos na produtividade organizacional, palestrante, mentora e consultora empresarial. Montanhista e piloto comercial de helicópteros, soma mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos, com carreira consolidada em remuneração e gestão de pessoas em empresas nacionais e multinacionais de grande porte. Graduada em Letras, pós-graduada em Administração de Empresas e mestra em Desenvolvimento de Negócios, Helena alia vivência prática, pesquisa acadêmica e um olhar humanizado sobre a produtividade nas organizações.
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