Brasil,

Exportação de manga brasileira bate recorde em 2020 totalizando US$ 246 milhões

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Fernanda Birolo
  • SEGS.com.br - Categoria: Agro
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Mesmo diante da pandemia da Covid-19, a manga do Brasil ultrapassou recordes de exportação durante o ano de 2020. O Observatório do Mercado de Manga da Embrapa Semiárido (PE), a partir de dados do Comex Stat (MDIC), apontou que os valores e volumes das exportações no último ano cresceram mais de 10% em relação ao ano anterior.

Em 2020, as exportações da manga nacional, em especial das variedades Tommy Atkins para o mercado americano; e Kent, Keitt e Palmer para a Europa, atingiram o valor de U$S 246,9 milhões com a venda para o mercado externo de 243,2 mil toneladas de manga. Durante os primeiros cinco meses, o valor exportado se manteve na média histórica, enquanto nos meses de junho a dezembro atingiram o recorde de valores já alcançados desde 2012, período analisado pelo Observatório.

Em volume de exportação, esses números representam um aumento de 13% em relação a 2019, se mantendo acima da média durante todo o ano. Também obteve, para o período de junho a dezembro, os volumes máximos registrados para o período nos últimos oito anos.

O Observatório analisou ainda o preço em dólar de caixas de manga de quatro quilos. Apesar da taxa de câmbio favorável para os exportadores durante todo o ano, devido à alta do dólar, entre fevereiro e maio os preços foram os mais baixos. De maio a setembro melhoraram e, a partir de outubro, baixaram novamente devido à sazonalidade anual.

Para o pesquisador João Ricardo Lima, responsável pelas análises realizadas no Observatório da Manga da Embrapa, o cenário positivo envolveu diversos fatores, entre eles a taxa de câmbio, a diminuição da produtividade da fruta em países concorrentes, como a Espanha e alguns países africanos, além da expansão do mercado americano, que esteve bastante favorável para a Tommy Atkins do Brasil.

87% das exportações vieram do Semiárido

A região do Vale do São Francisco, situada em pleno Semiárido Nordestino, é a grande responsável pelos números expressivos da exportação da manga nacional, com 212,2 mil toneladas no último ano, correspondendo a 87% do total exportado da fruta do Brasil. As águas do Rio São Francisco que abastecem os distritos de irrigação fazem da manga a fruta mais cultivada e com maior importância econômica e social na região. Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), a área plantada em 2020 foi de 49 mil hectares, a maior do Brasil.

Devido ao uso da irrigação e à disponibilidade de sol, a região consegue manter a produção da fruta durante todos os meses, abastecendo o mercado interno e externo. As variedades mais plantadas são Palmer, Tommy, Kent e Keitt, apesar de se encontrar outras, como Haden, Ataulfo, Rosa e Espada Vermelha.

A mangicultura do Semiárido também é conhecida pelos altos rendimentos alcançados e pela qualidade da fruta. Mesmo sendo uma atividade altamente intensiva em tecnologia, é cultivada na região por pequenos e grandes produtores, um resultado favorecido pela ampliação dos investimentos e linhas de crédito e também pela pesquisa agropecuária, com a disponibilização de pacotes tecnológicos cada vez mais precisos.

Essa convergência de fatores positivos para a manga do Brasil fez com que a fazenda Agrodan, localizada no município de Belém do São Francisco, em Pernambuco, alcançasse um faturamento em torno de 30% maior que em 2019 com as exportações para o mercado europeu. "Mesmo com um volume maior de frutas, o preço que nós vendemos em euro foi praticamente igual. E com o euro valorizado em relação ao real, a lucratividade foi muito superior", destaca Paulo Dantas, diretor-presidente da empresa.

De acordo com Dantas, o volume exportado pela empresa em 2020 teve um acréscimo em torno de 15%, o que coincide com o aumento da produção da fazenda. Ele avalia que, se tivesse mais fruta, poderia ter chegado a 20% ou 30%. "Para a Agrodan está faltando manga. Nossa limitação é de crescimento de produção, que não está acompanhando o crescimento do mercado", ressalta.

Dantas avalia que, "apesar da dificuldade inicial da Covid, 2020 terminou sendo um ano bastante positivo". E as perspectivas para 2021 são excelentes: "Se continuar com o euro valorizado, a tendência é ter um ano superpositivo novamente".

O cenário promissor é confirmado pelo Observatório da Manga: “para este ano, o esperado é que a taxa de câmbio se mantenha favorável para as exportações e que o Brasil produza frutas com maior qualidade do que as de 2020, mantendo o crescimento no mercado externo e com melhores preços”, prevê o pesquisador.

Manga ganha um observatório especializado

O Observatório do Mercado de Manga da Embrapa Semiárido foi implantado em 2020 visando oferecer subsídios à tomada de decisão estratégica dos produtores da fruta no Vale do São Francisco. Para isso, disponibiliza semanalmente as informações de preços na forma de gráficos, ajudando na compreensão da evolução do comportamento do mercado, com dados que contemplam o período de janeiro de 2012 até o presente.

As bases de dados sobre exportações utilizam informações do ComexStat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Para cada mês, o volume exportado, receita de exportação e preço de caixa com quatro quilos são organizados de forma a se ter dados de mínimo, máximo, média e os valores de 2020. Com todas as informações, gráficos são gerados com as informações de cada uma das três variáveis.

Também são disponibilizados dados do mercado interno, organizados em diferentes gráficos - um para a variedade Tommy e outro para Palmer. As informações utilizadas são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Os dados são deflacionados pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), o mais utilizado para a agropecuária, e assim são gerados os relatórios com o preço mais baixo encontrado, o máximo, a média dos últimos anos e o preço da semana corrente.

"Os produtores demandam muitas informações de mercado, e um forte problema com os dados disponíveis é que eles não são muitos e estão dispersos em várias fontes", declara Lima, responsável pela iniciativa. Ele explica que nem sempre a periodicidade com que os números são informados atende à demanda do produtor. No caso do mercado interno da manga, por exemplo, os dados são mensais, embora o preço semanal seja mais relevante, visto que ocorrem muitas mudanças de preços ao longo do mês. Já no caso das exportações, a periodicidade mensal ainda é aceitável.

Lucro compartilhado

Na fazenda Agrodan, uma das maiores exportadoras de manga do Brasil, os bons frutos de 2020 foram colhidos - literal e metaforicamente - pelos cerca de 1,2 mil empregados fixos da empresa, além de outras centenas de sazonais. O ano favorável para a fruticultura permitiu não somente manter os empregos durante a pandemia, enquanto o mercado de trabalho pelo País sofria forte impacto, mas trouxe também outros lucros para os trabalhadores.

Isso porque a empresa adota o Programa de Participação nos Resultados (PPR), para o qual é destinado 10% do lucro líquido anual. De acordo com o diretor-presidente Paulo Dantas, aqueles que trabalharam durante todo o ano, de acordo com os critérios do programa, chegaram a receber ao fim do ano um valor correspondente a dois salários, cerca de três vezes a mais que no ano anterior.

Os frutos vão além do dinheiro e chegam até a comunidade no entorno da fazenda, atendida com os projetos sociais da empresa, para os quais são destinados outros 10% do lucro. As ações incluem a manutenção de uma escola, que atende mais de 280 estudantes da localidade, e de um posto de saúde - que, segundo Dantas, foi de grande importância na prevenção e proteção da saúde e da vida dos funcionários e da vizinhança nesse momento de pandemia.

Impacto da Covid-19 no mercado interno

Apesar de a fruticultura tropical ter sido um dos setores menos afetados pela pandemia do Covid-19 no Brasil, no caso da manga, os valores históricos nas exportações não refletiram no mercado interno, o principal cliente da fruta. Para se ter uma ideia, apenas cerca de 15% da manga que é produzida no Vale do São Francisco é exportada.

A maior parte é vendida para a região Sudeste, mais especificamente para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Assim, a análise se concentra nas informações obtidas junto aos atacadistas dessa Central de Abastecimento. Em 2020, Ceagesp comercializou 86 mil toneladas de manga e em 2019 o número foi de 88 mil t. Isto indica uma redução de 1,62%, mas que não reflete, necessariamente, um cenário negativo, explica o pesquisador João Ricardo Lima.

"Esse movimento já vem acontecendo desde anos anteriores. Em 2017, foram 95 mil toneladas e em 2018, 93 mil t, ou seja, o volume destinado à Ceagesp já vem sendo reduzido, pois os produtores estão aumentando a venda de manga para outros lugares como o Rio de Janeiro e Minas Gerais”, explica.

A comercialização por variedades também se alterou na central paulista. A Palmer, que é a mais produzida no Vale do São Francisco, passou de 43 mil toneladas em 2019 para 41 mil toneladas em 2020, uma queda de 5,38%. No caso da Tommy, por outro lado, apresentou um leve crescimento de 0,25% entre 2019 e 2020. “É um aumento pequeno, porém importante, pois vinha caindo a cada ano e agora estabilizou, mesmo com a pandemia”, interpreta Lima.

O pesquisador esclarece que houve um primeiro momento de crescimento da demanda interna da manga, logo no início da quarentena: “as famílias se abasteceram de alimentos, pois não sabiam quanto tempo iriam demorar a voltar aos supermercados”, explica.

Depois deste “boom” inicial, a demanda apresentou redução, inclusive com dificuldade de produtores em encontrar compradores para as frutas e alguns cancelamentos de pedidos. No entanto, esse período foi curto e se voltou para um novo ‘equilíbrio’ ligado aos hábitos de consumo. "As pessoas passaram a ir menos aos supermercados, comprando em maiores quantidades. Contudo, nas médias mensais analisadas, as vendas não diferem muito de períodos anteriores à quarentena”, completa.


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