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Novo sistema de produção de milho – Antecipe: cultivo intercalar antecipado

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Camila Lopes
  • SEGS.com.br - Categoria: Agro
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Por Décio Karam, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Ph.D, pesquisador de Manejo de Plantas Daninhas da Embrapa Milho e Sorgo

O Antecipe é um sistema inédito de produção de grãos, em que é possível semear mecanicamente a cultura do milho nas entrelinhas da soja antes da colheita desta leguminosa. Para que isso se tornasse possível, 13 anos de pesquisa foram dedicados para geração de conhecimento para permitir que o produtor saiba como e o momento certo de utilizar a tecnologia, além do desenvolvimento de uma semeadora-adubadora que possa trabalhar neste novo modelo sem provocar danos às plantas de soja, garantindo que a produtividade não seja comprometida por competição ou mesmo pelo corte durante a colheita e o amassamento das plantas de milho provocado pelos pneus da colhedora durante a colheita da soja, também não comprometendo a produtividade do milho.

O que ocorre no sistema Antecipe com a cultura da soja? A tecnologia foi desenvolvida para não dificultar as operações na fazenda. Se o produtor resolver adotar o Antecipe em parte de sua área, até mesmo porque não é preciso antecipar toda a lavoura, não será necessário ajuste no espaçamento entre linhas. Isso só foi possível porque a semeadora-adubadora para o Antecipe foi desenvolvida para trabalhar nos mesmos espaçamentos que qualquer semeadora existente no mercado. Assim, se a soja é semeada no espaçamento de 50 cm entrelinhas, por exemplo, no momento da entrada da máquina para o Antecipe, o espaçamento do milho também continuará com 50 cm. Porém, para isso, alguns cuidados devem ser considerados:

1. O produtor deverá planejar antes de plantar a soja e em qual será (ão) o (s) talhão (ões) onde será trabalhado o Antecipe. Nesta (s) área (s), a condução da soja deverá levar em consideração que ele poderá antecipar a semeadura do milho em até 20 dias, se for necessário.

2. O espaçamento da soja poderá permanecer igual ao que o produtor está acostumado a fazer porque a semeadora-adubadora desenvolvida apresenta a largura dos carrinhos de 38cm. Portanto, a soja de 50cm de espaçamento entre linhas se enquadra perfeitamente para este sistema.

3. Pelo fato da semeadora-adubadora para o Antecipe apresentar uma barra porta ferramentas superior as plantadeiras tradicionais, o produtor poderá continuar usando a cultivar que está acostumado, entretanto, cultivares de porte mais ereto tendem a facilitar a operação de semeadura; assim, a soja não sofrerá danos quando o milho for semeado nas entrelinhas.

4. A utilização de cultivares com a altura de inserção de vagens mais alta tende a reduzir a perda de folhas das plantas de milho no momento da colheita da soja.

5. Para melhor aproveitamento do Antecipe e evitar perdas de produtividade da soja, as linhas de semeadura não deverão ter o acabamento (linhas cruzadas) ao final do talhão. Assim, as linhas semeadas deverão finalizar de forma que no Antecipe possa trabalhar nas entrelinhas sem acamar, destruir ou pisotear a soja.

Visto isso, é importante que os produtores possam entender que o sistema não visa a substituição tradicional do cultivo do milho safrinha. O Antecipe é uma tecnologia que objetiva reduzir o risco naquelas áreas da propriedade em que a semeadura tem sido realizada ao final da janela preconizada para cada região, definido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) publicado pelo MAPA. Por isso, o planejamento da cultura da soja para o uso do Antecipe passa a ser fundamental para o sucesso da tecnologia.

Com a soja implantada e planejada para a semeadura do milho nas entrelinhas, o agricultor realizará a operação da mesma forma como a semeadura “tradicional”. Na semeadura do milho o produtor deve levar em consideração o espaçamento das entrelinhas da soja, pois ajustes no trator devem ser levados em conta, como as medidas dos pneus dianteiros e traseiros que devem realizar deslocamento sem danos à soja.

É importante ressaltar que o fato da semeadura do milho ocorrer antecipadamente na entrelinha da soja não irá alterar o manejo dado às culturas em relação aos tratos culturais como a adubação. Todos os cuidados e recomendações são iguais ao milho semeado após a colheita da soja.

Com o milho implantado e as plantas desenvolvendo chega o momento da colheita da oleaginosa e esta é realizada normalmente. Essa operação cortará as plantas de milho, mas como o ponto de crescimento dessa planta ainda está abaixo do solo, o crescimento e o desenvolvimento não são comprometidos, levando o milho a produzir melhor do que o milho semeado tardiamente, ou seja, fora do período recomendado pelo ZARC. A adubação nitrogenada de cobertura no milho deverá ser realizada o quanto antes, considerando as recomendações já consolidadas pela pesquisa, porém, podendo ser feita em época de maior aproveitamento pelas plantas.

Seguindo as recomendações já consolidadas para o cultivo da soja e do milho safrinha, o Antecipe poderá:

1. Favorecer o estabelecimento precoce da cultura do milho, com redução de riscos de frustração por perda de produtividade de safrinha em função das condições climáticas adversas no final do verão e início de outono. Esta antecipação em até 20 dias permitirá maior produtividade de milho comparado à semeadura realizadas após o período definido pelo ZARC da região;

2. Permitirá o cultivo do milho em regiões onde o ZARC limita a cultura na época de outono, possibilitando a semeadura de soja de ciclo médio e, ainda assim, possibilitar a semeadura do milho na janela ideal ocasionando maiores chances de boas produtividades do milho safrinha;

3. Possibilitará a redução no custo com a operação de dessecação da soja utilizando um herbicida de contato, uma vez que a semeadura do milho safrinha é feita na entrelinha da soja quando esta se encontra a partir do estádio fenológico R5;

4. Permitirá a redução no custo com a operação de dessecação das plantas daninhas pós-colheita da cultura da soja. Para a implantação da cultura de safrinha, a maioria dos produtores fazem uso da dessecação das plantas daninhas pós-colheita da soja. Neste sistema, áreas onde a infestação de plantas daninhas esteja em estádios não perenizados, o produtor poderá ter a opção da não aplicação dos dessecantes e fazer uso apenas dos herbicidas pós-emergentes no milho, não excedendo ao período de dez a 15 dias após a colheita da soja e o corte das plantas de milho.

Como o Antecipe é um sistema que depende de conhecimento técnico para sua implementação, a Embrapa desenvolveu um aplicativo que auxiliará o agricultor na tomada de decisão, orientando o momento mais adequado para se iniciar o planejamento para a semeadura do milho nas entrelinhas da soja. Desta maneira, o produtor poderá acompanhar, na área definida para a utilização do Antecipe, como está o desenvolvimento da soja, recebendo notificações no dispositivo. Além disso, com o aplicativo, o produtor também poderá armazenar informações sobre os tratos culturais da soja e do milho, mantendo o histórico das áreas de produção, o que facilitará o planejamento das safras posteriores, melhorando a gestão da propriedade e diminuindo os riscos que levam a reduções de produtividades.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. Mais informações no website: http://agriculturasustentavel.org.br/. Acompanhe também o CCAS no Facebook: http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.


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