Violência contra autistas nas escolas expõe falhas graves no preparo educacional
Especialista alerta para a capacitação urgente de profissionais para lidar com crianças neurodivergentes
A violência contra crianças e adolescentes autistas nas escolas, que tem ganhado destaque na imprensa, revela um problema estrutural grave, a falta de preparo e conhecimento dos profissionais e das instituições de ensino para lidar com alunos, que têm formas diferentes de se comunicar, aprender e se comportar. A avaliação é da psicóloga Daniela Landim, coordenadora da Versania Cuidado Infantil, em São Paulo, e primeira brasileira certificada com o QBA, qualificação internacional que reconhece profissionais com experiência avançada no atendimento a pessoas com autismo, especialmente com base na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
O Censo Demográfico de 2022 identificou cerca de 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) no Brasil, o que representa aproximadamente 1,2% da população do país. A maior concentração foi registrada na faixa etária de 5 a 9 anos, com prevalência de 2,6%.
A especialista explica que quando uma criança autista não consegue se expressar verbalmente e está incomodada com algo, no ambiente escolar, é comum que esse desconforto se manifeste por meio de comportamentos desafiadores, como gritos, lançamento de objetos ou até agressividade. “Essas manifestações não são intencionais ou birras, mas sinais claros de que algo não está bem. Quando a criança não consegue dizer o que sente, ela se expressa como pode. E se o adulto não estiver preparado para interpretar esses sinais, pode acabar reagindo de maneira inadequada ou até violenta”, alerta.
Segundo a psicóloga, é exatamente essa falta de preparo que leva a atitudes lamentáveis, como amarrar ou isolar crianças nas escolas, como foi o caso recente divulgado na mídia. “Quando um profissional não sabe o que fazer diante de um comportamento desafiador, o desespero pode levá-lo a adotar medidas que parecem funcionar momentaneamente, mas que são formas de agressão, na verdade”, afirma.
Daniela destaca que lidar com os comportamentos depois que eles acontecem é sempre mais difícil, especialmente para quem não tem conhecimento técnico. “É preciso trabalhar na prevenção, ou seja, não esperar que o problema aconteça para depois intervir. É entender o que pode desencadear determinado comportamento e adaptar o ambiente, o currículo e os estímulos sensoriais de forma que a criança se sinta segura”, explica.
Como exemplo, a psicóloga cita crianças que têm hipersensibilidade a sons. “Um ambiente muito barulhento pode ser extremamente desconfortável. Ao perceber isso, o adulto pode ensinar a criança a usar abafadores de ouvido. Mas, isso exige treino, paciência e suporte, não é imediato”, diz.
Daniela ressalta que cada criança precisa de estratégias individualizadas, pensadas a partir do conhecimento de seu repertório, suas sensibilidades e suas formas de aprender. “A chave está em entender que o comportamento tem função e que, se a criança está agindo de forma agressiva, isso é um reflexo do ambiente. Cabe ao adulto fazer os ajustes necessários”, conclui.
A psicóloga destaca a importância do Plano Educacional Individualizado (PEI) para crianças autistas nas escolas. Segundo ela, esse plano deve conter metas específicas que façam sentido para o desenvolvimento de cada aluno. No entanto, a adesão ainda é limitada, pois muitas escolas não realizam esse trabalho ou recusam apoio de clínicas especializadas, o que prejudica diretamente o aluno.
Sobre a contenção física, a especialista diz que, quando necessária, deve ser feita com técnica adequada e treinamento específico, evitando ferimentos tanto na criança quanto no profissional. “Existem capacetes, luvas e equipamentos de proteção que ajudam a reduzir os riscos, mas isso exige conhecimento e planejamento”, afirma.
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