Brasil,

Pesquisa realizada pela Unicid aponta os impactos da pandemia na mobilidade do idoso

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Deborah Slobodticov
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Docentes de doutorado e mestrado em Fisioterapia e alunos de pós-graduação da Instituição realizaram pesquisa com idosos de 22 estados do Brasil

A pandemia do coronavírus trouxe muitos desafios para a sociedade, que colaborou para agravar o cenário de grandes desigualdades socioeconômicas e de saúde que o Brasil já passava. Os idosos foram um dos grupos mais impactados devido a dificuldade de mobilidade dessa população, como também pela paralisação de tratamentos contínuos a que está população é submetida, por exemplo.

Para a abordagem desse contexto, docentes de Fisioterapia e alunos da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), instituição que integra o grupo Cruzeiro do Sul Educacional, em conjunto com docentes e pesquisadores da Unicamp, Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Faculdade de Medicina de Jundiaí, Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Otago (Nova Zelândia) e Hospital Albert Einstein, que integram a Rede de Pesquisa REMOBILIZE, realizaram um estudo para investigar o impacto imediato da pandemia na mobilidade e saúde de idosos brasileiros.

Idealizada pela professora de doutorado e mestrado em Fisioterapia da Unicid, e consultora externa em dois projetos na Organização Mundial de Saúde (OMS), Monica Perracini, a pesquisa está sendo realizada virtualmente e por telefone, tendo iniciado em maio de 2020 e vai se estender acompanhando os idosos por um período de 18 meses. Na primeira onda, o estudo contou com a participação de 1.482 idosos com 60 anos ou mais, de 22 estados do Brasil, com uma segunda onda que contou com a participação de 1118 idosos em agosto a outubro de 2020.

Já em 2021, participaram da pesquisa 940 idosos, de fevereiro a abril, e no segundo semestre terá uma última fase de avaliação para captação de informação pós-vacina, uma vez que 44,1% dos idosos já tinham sido vacinados ao menos com a 1ª dose; 55,9 % ainda não tinham sido vacinados. Para o estudo é importante saber qual será o comportamento de mobilidade dos idosos após serem vacinados. 3,4% disseram não pretender tomar vacina.

A pesquisa apontou uma queda significativa na mobilidade nos espaços de vida (se deslocar na vizinhança, na cidade e fora da cidade) desde o surto da pandemia do COVID-19. “Todos os idosos reduziram seus espaços de vida, mas o impacto foi maior para idosos que moravam sozinhos, com idade entre 70 e 79 anos, e aqueles que se declararam de cor preta. Outras variáveis associadas à mudança na mobilidade nos espaços de vida, em menor grau, foram ser mulher, ter baixa escolaridade e baixa renda”, explica Monica.

Idosos de todas as regiões do Brasil responderam, porém, a predominância de participação ocorreu no Sudeste, com 50,3% de respostas, sendo a maior parte de mulheres, 73,6%, contra 26,4% homens. Aproximadamente, 57% relataram ter duas ou mais doenças, entre elas, Osteoporose, Artrite, Asma, Doença Arterial, Insuficiência Cardíaca, Infarto, Parkinson, Diabetes, Doença Gastrointestinal, Depressão, Derrame (AVC).

Ainda segundo a pesquisa, em maio de 2020, 80% dos entrevistados estavam seguindo as medidas de restrição social, 46,9% só estavam saindo quando totalmente inevitável, 29,3% isolados completamente, 11,4% saindo e tomando cuidado, 8,9% recebem visitas, 2,8% alegaram que não mudaram a rotina e somente 0,5% ainda saem para caminhar. Em outubro de 2020, o cenário já havia mudado um pouco, 44,2% estavam saindo quando totalmente inevitável, apenas 11,6% seguiam totalmente isolados, 10,1% restritos em casa, mas recebendo visitas, 22% relataram estar saindo de casa com cuidado, 2,2% não mudaram a rotina e 3% estavam saindo para caminhar.

Já em 2021, 82% estão seguindo as medidas de restrição social, 49,3% só estavam saindo quando inevitável, 10,3% seguem totalmente isolados, 19,1% relataram estar saindo para trabalhar com cuidado, 9,2% permanecem em casa, mas recebendo visitas, 2,8% não mudaram a rotina e 3,3% estão saindo apenas para caminhar.

Créditos: Unicid

Os dados de 2021 sinalizam que, ainda que uma parte dos idosos já estejam vacinados, a maioria mantém a restrição do deslocamento fora de casa. Segundo os levantamentos, cerca de 87% dos idosos antes da pandemia circulavam pela vizinhança, número que caiu para 53% logo no começo da pandemia e aumentou para 68% em 2021. “Ficar em casa e restringir a mobilidade pode ter consequências desastrosas para pessoas idosas, como diminuição da força e resistência muscular, equilíbrio e flexibilidade, aumentado a dificuldade para fazer atividades do dia a dia. Claro que é preciso que os idosos sigam as recomendações enquanto não temos a segurança de que a pandemia no Brasil está controlada. Porém existem consequências pouco divulgadas e que também precisariam estar recebendo atenção das autoridades e gestores de saúde”.

Créditos: Unicid

Ainda, segundo o estudo, 41,6% continuaram os tratamentos médicos, sendo 7,6% em casa; 29,5% fora de casa e 4,5% por telemedicina. 16% fazem fisioterapia (em casa 8,4%; fora de casa 6,3%; 1,3% teleatendimento). 13,9% fazem tratamento odontológico (0,1% em casa e 13,8% fora de casa); 1,9% terapia ocupacional (1,1% em casa; 0,4% fora de casa; 0,4% teleatendimento); 2,7% acupuntura (0,4% em casa e 2,2% fora de casa;); 27,7% atividade física orientada (13,2% em casa e 12,7% fora de casa; 1,8% teleatendimento); 6,3% psicologia (1,2% em casa; 1,8% fora de casa e 3,3% telemedicina).

O trabalho também apontou um total de 35 internações frequentes pelos participantes. Sendo 11 por Covid, 2 por pneumonia, 8 por cirurgias, 3 por quedas, 2 por ansiedade, 1 falta de ar, 3 por infecção urinária, 3 problemas cardíacos e outras. Dos internados 37% foram para UTI, e o tempo de internação variou de 1 a 46 dias.

A docente responsável pela pesquisa ressalta ainda, que o projeto Remobilize tem como propósito resgatar essa mobilidade para os idosos a longo prazo.

Panorama impactos da pandemia na saúde dos idosos

Em live realizada pela Unicid, professora Monica apontou que a pandemia chegou no momento que o mundo já estava discutindo o envelhecimento populacional, e sinalizou uma grande ameaça na vida dos idosos, necessitando que eles ficassem em casa, por ser a população mais vulnerável e de maior risco ao contrair a Covid-19.

Entretanto, o isolamento e distanciamento social afetou a mobilidade e a saúde dos idosos. No decorrer da pandemia, 80% das mortes em todo mundo foram de pessoas idosas, e atualmente, 53% das internações ainda ocorrem em pessoas acima de 60 anos.

Segundo dados da Fiocruz, a mortalidade dos idosos é de 15%, enquanto para população geral do Brasil está entre 2% a 8,1%. E aqueles com 80 anos ou mais, a mortalidade atinge 66%. Até que a população esteja totalmente vacinada, ainda existe uma grande ameaça para as pessoas idosas.

A docente de fisioterapia da Unicid, Monica Perracini, relata que com a pandemia e o isolamento social, muitas questões vieram à tona na vida do idoso, entre elas, a solidão, interrupção de tratamentos fisioterapêuticos, hospitalares ou práticas de atividades físicas diárias, como também, desigualdades sociais, violência contra pessoa idosa e idadismo.

Ainda segundo dados apresentados pela professora, 73% dos países observaram uma interrupção no tratamento para hipertensão nos idosos, 50% de diabetes, 40% de câncer, e 30% de doenças cardiovasculares. Além disso, 63% das terapias de reabilitação foram pausados totalmente.

“A interrupção de tratamento tem um impacto negativo na saúde e funcionalidade das pessoas idosas. Muitos idosos que já tinham limitações funcionais e doenças crônicas interromperam tratamentos de reabilitação, por exemplo. Isso contribui para perdas funcionais e, de alguma forma, isso sobrecarregou cuidadores familiares e pagos, que também tiveram sua rede de suporte drasticamente diminuída no período da pandemia, ” aponta Monica.

Mobilidade limitada

“A mobilidade foi limitada nesses momentos de pandemia, e os idosos foram convidados a ficarem em casa, sem poder caminhar, encontrar com amigos e familiares, sem irem fazer suas compras e afazeres. E isso traz inúmeras consequências”, avalia.

Segundo a professora, a mobilidade não é só a realização de uma tarefa motora, como por exemplo, levantar, andar, carregar objetos, mas também é parte de como as pessoas idosas ocupam seus espaços de vida e de convivência. “Quando temos uma boa mobilidade, conseguimos desempenhar atividades que são importantes para nós no dia a dia e encontramos pessoas, o que é essencial para qualidade de vida. Uma das preocupações com a pandemia é se os idosos irão ou não recuperar os níveis de mobilidade prévios a pandemia. Por estudos anteriores sabemos que idosos que tem restrições de mobilidade têm oito vezes mais chance de desenvolver uma limitação funcional. E fica a preocupação se esses idosos que estão em casa há um ano irão desenvolver uma limitação maior futuramente”, relata a fisioterapeuta.

Por fim, a docente explica que para mudar esses impactos a longo prazo, é necessário se ter instrumentos nas unidades de saúde pública que possam desenvolver um cuidado mais integrado para monitoramento desses impactos do isolamento. “É necessário ainda, aumentar a nossa oferta em educação, informação, reabilitação domiciliar, a fim de possibilitar, inclusive, maior tecnologia digital a esse público”, reforça.


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