Parceria entre PUC-Campinas e Sulzer-Brasil busca equidade de gênero e oferece vagas para alunas na engenharia
Iniciativa visa aumentar participação feminina no mercado de trabalho; inscrições para processo seletivo, iniciadas na semana passada, vão até 28 de fevereiro
A parceria entre a Universidade e a multinacional suíça Sulzer, que resultou no processo seletivo “Mulheres na Engenharia PUC-Campinas” – cujas inscrições seguem abertas até 28 de fevereiro às alunas ingressantes de 2021 nos cursos de Graduação de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção –, busca corrigir um problema estrutural no Brasil: a desigualdade de gênero.
A igualdade entre homens e mulheres, estabelecida pela Constituição Federal apenas em 1988, não se confirmou na prática no mercado de trabalho: no terceiro trimestre de 2020, empurrada pela crise sanitária e pela piora no quadro econômico, a participação das mulheres no mercado formal atingiu o pior patamar em 30 anos, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Segundo o estudo, o percentual de mulheres que estavam trabalhando ficou em 45,80%, o nível mais baixo desde 1990, quando a taxa foi de 44,22%. O número é resultado do desemprego que atingiu o país durante a pandemia, impactando com mais força o público feminino. As barreiras que o Brasil já tinha para alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho foram expostas e aprofundadas pela crise sanitária.
Outro dado importante se refere à diferença entre os salários pagos aos homens e às mulheres. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as trabalhadoras recebem, em média, 20,5% a menos que a ala masculina. Para a economista Eliane Navarro Rosandiski, da
Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas, a diferença é explicada pelo tipo de vaga oferecido às mulheres, que pertence a categorias intermediárias nas estruturas ocupacionais. “Os dados mostram que existe implícita divisão sexual no trabalho, em que determinados postos não podem ser preenchidos por mulheres”, afirma.
Nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, o baixo número das profissionais é evidente. De acordo com os dados apresentados no XLVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE), a proporção de mulheres nas escolas de engenharia era inferior a 10% em 2017. Em 2013, segundo o CNPq, as cientistas representavam apenas 20% do total, e só 13% na Engenharia Mecânica.
Com o intuito de mudar esse panorama, atendendo a uma das metas traçadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – a de alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas –, a PUC-Campinas e a Sulzer-Brasil oferecem, na oportunidade, desconto de 50% nas mensalidades e experiência de trabalho (com possibilidade de estágio remunerado depois de 3 anos) às quatro estudantes classificadas no processo seletivo.
Para o Pró-Reitor de Graduação da PUC-Campinas, Prof. Me. Paulo Moacir Godoy Pozzebon, tal parceria visa incentivar a participação das mulheres nas áreas de engenharia e tecnologia, além de oportunizar contato imediato das estudantes com os desafios reais do mercado de trabalho. “O intuito do projeto é abrir portas. A ausência feminina nessas áreas representa um desperdício de inteligência e de talento, prejudicando o país e a sociedade brasileira”, avalia.
Ex-aluna da PUC-Campinas, a engenheira de produção Lorena Mascioli, de 24 anos, comemora a iniciativa. Atuante na área de planejamento de materiais, ela também faz parte da Society of Women Engineers, maior defensora e catalisadora do mundo para a mudança das mulheres na engenharia e tecnologia.
Lorena conta que o grupo busca romper o tabu de que a engenharia é uma área para os homens. “Mostramos, por meio de vínculos com empresas, escolas e universidades, que há oportunidade e espaço para todos. A mensagem que deixo é que as meninas não tenham medo de arriscar e de mostrar seus conhecimentos. A engenharia é fantástica e, quanto maior a diversidade dentro dela, mais conquistas iremos alcançar”, destaca.
Podem se inscrever, conforme o edital, as alunas do 1º período, ingressantes no 1º semestre de 2021, dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção. Além disso, as estudantes devem atender aos seguintes critérios: ter renda bruta familiar per capita não superior ao valor de três salários mínimos; ter sido convocada para matrícula na PUC-Campinas por meio de um desses processos (Vestibular ou Novo Vestibular – 2º ou 3º Editais de Vagas Remanescentes).
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