Como realizar o sonho de uma cozinha rústica com ares modernos

Quando se fala de estilo rústico no décor, muitos podem pensar que se trata de algo inacabado ou maltratado pelo tempo. Mas a história não é bem por aí. Na arquitetura de interiores, essas referências são responsáveis por trazer à tona o valor da memória afetiva.

Segundo o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA Studio, nas cozinhas essa proposta envolve entregar acolhimento, a essência de ambientes que convidam ao encontro e ativar percepções sensoriais como o aroma reconfortante de um bolo saindo do forno, que automaticamente nos transportam para momentos de nossas infâncias.

Adotar essa identidade não significa abandonar a modernidade. “Considero que a arquitetura contemporânea não está apenas em retratar projetos minimalistas, neutros e de linhas retas. O momento nos pede para introduzirmos ‘alma’ aos ambientes e com a cozinha não é diferente”, diz o profissional.

O que define uma cozinha rústica moderna?

A busca por ambientes neutros, com poucos objetos, superfícies mais limpas e linhas retas, fez com que a cozinha se tornasse mais técnica e impessoal. Nessa cozinha produzida pelo arquiteto Bruno Moraes, a marcenaria de tom amadeirado e os armários com porta de vidro canelado adicionaram amorosidade ao projeto | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

É incorreto pensar que rústico está atrelado ao campo ou a casas de fazenda. Imaginando que a arquitetura não tem fronteiras e está pronta para expressar os desejos de quem habitará a morada, o estilo cabe, inclusive, em projetos urbanos ou na praia.

Para tanto, Bruno afirma que entram em cena a utilização de materiais com a estética natural, texturas orgânicas e dos objetos com história. “A efetividade está em selecionar aquilo que denota as marcas do tempo ou a ideia do feito à mão. E definitivamente isso corresponde ao velho”, analisa.

A cozinha rústica ganhou novas leituras que combinam o charme de antigamente com a adição de design e tecnologia. O campestre atual nos sugere um padrão mais leve, refinado e com toques de sustentabilidade e brasilidade por meio do emprego de madeiras claras, fibras naturais, tons terrosos suaves e cerâmicas orgânicas.

Materiais e acabamentos

Os revestimentos são um dos tópicos mais relevantes para moldar uma cozinha rústica moderna, entretanto o profissional ressalta que a base do estilo está nas sobreposições de materiais quentes e frios, casos da madeira natural ou de demolição, ferro escovado, fibras trançadas, pedra rústica, argila e cerâmica artesanal que encontram equilíbrio ao lado de superfícies lisas, inox, vidros temperados, pedras sintéticas e eletrodomésticos modernos.

Uma parede de tijolinhos à vista transforma completamente o clima do ambiente, mas é preciso ter critério ao aplicá-la, conforme aponta o arquiteto Bruno Moraes| Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

“Hoje temos revestimentos que simulam a rusticidade, mas com toda a resistência da tecnologia moderna. Isso facilita a manutenção e permite ousar sem medo”, argumenta Bruno. De acordo com ele, é plausível utilizar a madeira maciça – desde que bem tratada –, aderir aos porcelanatos que reproduzem fielmente o visual da própria madeira ou pedra ou insertos cerâmicos que retratam os desenhos do ladrilho hidráulico.

Nessa cozinha, o arquiteto Bruno Moraes investiu nas portas de armário, almofadas e puxadores arredondados combinados com a cuba dupla de inox e a torneira gourmet. Os pratos expostos na prateleira, ao lado de itens retrôs, passam essa ideia de estar longe de uma cidade cosmopolita como São Paulo | Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

Para o charme das cozinhas, o arquiteto também sugere o uso de portas ripadas, prateleiras em madeira com iluminação embutida e o vidro canelado, designando toque retrô. Na paleta de cores predominam os tons terrosos, verdes secos, cinzas quentes e nuances de areia e argila. “O rústico moderno aceita até o preto, se bem aplicado. Em pequenas doses, ele destaca objetos ou traz profundidade. O segredo está na harmonia entre os elementos”, destaca.

Como um afago no coração

Objetos herdados e garimpados em antiquário reforçam a atmosfera rústica | Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

Além da beleza, o décor rústico tem o propósito de contar histórias. Um conjunto de panelas penduradas em trilhos, potes de temperos à mostra, livros de receita da avó, xícaras de ágata, tábuas de madeira com marcas de uso: cada uma justifica a razão de estar ali.

O cesto na forma de galinha, que acomoda os ovos da casa, é um tipo de detalhe que não passa despercebido no projeto realizado pelo arquiteto Bruno Moraes | Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

A iluminação também reforça essa narrativa. Lustres de ferro, pendentes de vidro âmbar ou cúpulas em tecido cru criam uma luz quente e difusa, ideal para um ambiente que convida a permanecer. “É bem interessante um elemento dimerizável, que permite controlar a intensidade de luz. Com temperatura de 3000 Kelvin e índice de reprodução de cor acima de 90%, propicia conforto total na hora de preparar alimentos”, destaca o arquiteto.

Quem combina com o rústico?

O arquiteto Bruno Moraes lembra que o estilo exige disposição para lidar com mais texturas, informação visual e, muitas vezes, uma dose extra de manutenção | Projeto BMA Studio | Foto: Luis Gomes

Ideal para famílias que desejam resgatar tradições, as cozinhas rústicas personificam aqueles que enxergam o preparo de receitas como uma expressão do morador e que gostam de recepcionar pessoas em uma ambientação calorosa. Bruno justifica a sinergia com pessoas apegadas com a memória, desejo de autenticidade e afinidade com o conforto sensorial que os materiais naturais proporcionam.

Sobre BMA Studio

O arquiteto Bruno Moraes atua há mais de 19 anos no mercado de arquitetura e interiores, com sólida experiência em projetos e execução de obras. Formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie, Bruno iniciou sua carreira em grandes escritórios, como o do renomado arquiteto Siegbert Zanettini.

Em 2017, fundou o escritório Bruno Moraes Arquitetura, com foco em projetos residenciais, reformas de apartamentos e espaços comerciais. O crescimento demandado por obras completas levou à criação de uma estrutura própria para execução e gerenciamento de obras, com equipe especializada e treinada. Essa expansão culminou, alguns anos depois, na transição da marca para BMA Studio, unificando os serviços de arquitetura e execução sob um novo posicionamento, mais alinhado aos diferenciais do escritório. O BMA Studio é a evolução da Bruno Moraes Arquitetura, mantendo a mesma essência, equipe e compromisso com a qualidade.

O escritório atua em projetos de casas, reformas, retrofits, espaços corporativos, áreas comuns de edifícios e stands de apartamentos decorados. Conta com um aplicativo próprio para a gestão das obras, otimizando processos e comunicação com os clientes.

Entre os principais clientes estão o Grupo Volkswagen, as multinacionais Arauco e Fabbri, os escritórios da Tecban (Banco 24h), as Sorveterias Rochinha e um projeto de revitalização urbana no bairro do Bixiga. Também participou da Mostra Casa Saudável HBC e tem obras executadas em diversas regiões do país.

A marca já teve seus projetos e vídeos publicados em importantes veículos de arquitetura. Bruno também assina colunas no Portal PiniWeb, apresenta o podcast de Arquitetura Corporativa para o Club&Casa Design, e foi apresentador do podcast do Viva Decora. De 2019 a 2024, participou do quadro de decoração do Programa da Eliana, no SBT.

Em 2023, estreou na CASACOR São Paulo com o ambiente ‘Cozinha Funcional’ e foi premiado pela VEJA São Paulo como Melhor Ambiente na categoria Cozinha Integrada ou Cozinha Gourmet. Em 2024, retornou à mostra com o espaço ‘Acalanto e Encontros’, reafirmando seu compromisso com a inovação, funcionalidade, bem-estar e brasilidade nos projetos.