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Dia Mundial das Cidades chama a atenção para adaptação às mudanças climáticas

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Giovanna Leopoldi
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Parques urbanos, jardins de infiltração, telhados verdes e restauração de áreas naturais são estratégias para reduzir impactos dos eventos climáticos extremos na vida da população

Criado com o objetivo de destacar a importância da urbanização como oportunidade para o desenvolvimento global e a inclusão social, o Dia Mundial das Cidades é comemorado neste domingo, 31 de outubro, na mesma data em que tem início a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima, em Glasgow, na Escócia, a COP26. Com o tema “Adaptando cidades para a resiliência climática”, a data provoca reflexão sobre a necessidade de construção de cidades mais sustentáveis.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 85% da população brasileira vive em áreas urbanas. Além de problemas gerados pela urbanização desordenada em grandes centros, a população brasileira está cada vez mais exposta às consequências de eventos climáticos extremos causados pelo aquecimento do planeta. Escassez hídrica, enchentes, desaparecimento da biodiversidade, problemas de saúde e avanço do nível do mar são alguns dos desafios urbanos que podem ser intensificados nos próximos anos.

Para a paisagista urbana Cecilia Herzog, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), as cidades precisam construir novas formas de resolver seus problemas a partir de uma visão de futuro em harmonia com a natureza e seus processos ecológicos. “Nesse sentido, as Soluções Baseadas na Natureza são ferramentas que possibilitam que o poder público faça uma gestão transformadora. A utilização de infraestrutura natural deve fazer parte de uma estratégia para garantir cidades mais inteligentes e resilientes para o futuro”, comenta a professora.

Em substituição às grandes obras convencionais de infraestrutura cinza, especialistas defendem a implantação de infraestrutura verde em pontos estratégicos das cidades, capazes de gerar benefícios para a população e economia aos cofres públicos. “Precisamos considerar a natureza como solução para muitos de nossos problemas urbanos. Ela é a nossa principal aliada para enfrentar o grande desafio do nosso século, que são as mudanças climáticas. Neste Dia Mundial das Cidades, que também marca a abertura da COP26, devemos perceber que fazemos parte da natureza e que devemos procurar novas formas de viver em harmonia com o ecossistema e a biodiversidade que nos cercam também nas cidades”, salienta André Ferretti, também membro da RECN e gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.

Na maior parte dos centros urbanos, os sistemas de drenagem instalados décadas atrás já não conseguem mais escoar o volume de água das grandes tempestades de verão, por exemplo, que provocam enchentes e geram prejuízos e até perdas de vidas. Jardins de infiltração, parques e telhados verdes, que juntos reduzem a quantidade de água que chega aos sistemas de drenagem, são exemplos de como a infraestrutura verde pode ser uma solução inteligente para o planejamento urbano.

“Além de absorverem a água da chuva e diminuírem sua velocidade de escoamento até chegarem às tubulações, áreas verdes também servem como espaços de lazer e bem-estar para a população. Podem contribuir com a preservação da biodiversidade, proporcionando ambientes para a vida de outras espécies. Todos têm a ganhar com a implantação de Soluções Baseadas na Natureza”, realça Ferretti, que estará presente na Escócia para sua na 16ª COP.

Segurança hídrica

Para enfrentar as grandes estiagens e instabilidade climática que são esperadas nos próximos anos, conforme alertou o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) da ONU, as áreas verdes preservadas e restauradas podem fazer toda a diferença. Ao impedir que mais sedimentos cheguem aos rios e, consequentemente, às estações de tratamento de água, a infraestrutura verde também alivia os cofres públicos, pois reduz o custo de tratamento da água que abastece as cidades.

Um exemplo desse potencial foi revelado em estudo sobre o Sistema Guandu, no Rio de Janeiro, que possui a maior estação de tratamento de água do mundo. Para tornar a água captada própria para o consumo, a Cedae, empresa responsável pelo saneamento na região metropolitana do Rio, gasta 140 toneladas de sulfato de alumínio, 30 toneladas de cloreto férrico e mais 25 toneladas de cal diariamente para retirar impurezas.

O estudo demonstrou que a restauração do solo da bacia hidrográfica do Rio Guandu faria com que menos sedimentos fossem depositados na água e, consequentemente, menos gastos seriam necessários para a dragagem dos reservatórios e aquisição de produtos químicos para tratamento. A melhoria na qualidade da água proporcionada pela infraestrutura natural pouparia aos cofres públicos R$ 156 milhões em 30 anos.

Outra solução apontada por Cecília Herzog neste contexto é a construção de estações de tratamento de esgoto descentralizadas e de baixo custo. “Seria possível aproveitar os 99% de água que o esgoto contém, devolvendo água limpa para o sistema hídrico, aproveitando o lodo para a produção de adubo e o gás metano para energia”, salienta.

Nova York, nos Estados Unidos, apostou em uma parceria público-privada para conservar bacias hidrográficas por meio de infraestrutura natural em vez de investir em obras tradicionais de engenharia pesada. A medida, que oferece pagamento por serviços ambientais para os proprietários de terrenos do entorno dos sistemas de captação de água, já colhe resultados significativos, chegando a uma relação de US$ 7 economizados com o tratamento de água para cada US$ 1 investido em conservação.

Sustentabilidade na prática

Entre as principais ações de urbanismo que cidades sustentáveis estão colocando em prática estão os jardins de infiltração, também conhecidos como jardins de chuva. Esses espaços construídos ao longo do território urbano servem como esponjas, ajudando na absorção da água. Além do aspecto funcional, contribuem para a valorização do espaço público e das propriedades em seu entorno. O ideal é que sejam instalados em partes mais baixas do terreno, que tendem a ser mais impactados por fortes chuvas.

Opção já bastante conhecida, mas com aplicação ainda pouco disseminada, é o telhado verde. Esse tipo de recurso auxilia na regulação microclimática das edificações e ajuda a acumular a água da chuva, sobretudo quando usado em conjunto com cisternas. “Essa água pode ser usada para a limpeza das áreas comuns, reduzindo o consumo de água potável. Isso é ainda mais importante nos períodos de seca”, diz Ferretti.

Sobre a Rede de Especialistas

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.org.br

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.


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