Instituto ProPague reúne especialistas para discutir sobre revelações da pandemia e uma nova agenda de inclusão
Ao longo da última década, a tecnologia tem aproximado cada vez mais as pessoas e os sistemas financeiros. Contudo, a pandemia revelou uma grave realidade sobre as pessoas que estão à margem desse sistema e ainda são desbancarizadas, por exemplo. Os debates do mundo pós-pandemia sugerem um aumento no uso de ferramentas eletrônicas para a realização de atividades cotidianas de todos os tipos, o que torna ainda mais urgente a criação de medidas de inclusão, principalmente das pessoas mais pobres.
Esse foi o tom do terceiro painel do evento gratuito on-line "Retomada Econômica, Tecnologia e Inclusão Financeira", promovido nesta quarta, 23, pelo Instituto ProPague, uma iniciativa da companhia de tecnologia em serviços financeiros Stone Co. A conversa foi conduzida pela jornalista Marília Almeida, da Exame, Bernardo Piquet, do Instituto ProPague, com participação de Vinícius Botelho, pesquisador do IBRE - FGV, e Guilherme Lichand, sócio-fundador da Movva e professor da Universidade de Zurich.
Piquet iniciou a discussão ressaltando que "o Brasil é um país muito conectado. Porém, com a pandemia, a gente tentou encontrar esse Brasil conectado e não achou."
Para Lichand, "é preciso mergulhar nessa realidade de exclusão digital e entender a conectividade dessas pessoas". Apesar do grande número de aparelhos cadastrados no país, 70% deles utilizam planos pré-pagos porque a internet ainda é cara por aqui. "O celular não tem conectividade nem memória para baixar e utilizar diversos apps. As companhias telefônicas viram isso e hoje entregam gratuitamente alguns aplicativos básicos, como o WhatsApp. Isso não significa que ele vai ter internet para baixar novos apps ou para conectar para usar aplicativos financeiros, por exemplo. A solução criativa seria usar a tecnologia certa, entender o usuário e desenvolver oportunidades."
Já para Botelho, não é preciso ir tão longe para discutir a conectividade dos usuários, já que nem mesmo algumas prefeituras, por exemplo, as possuem, assim como algumas comunidades da população ribeirinha. Então, "se nem o poder público tem conectividade adequada nessas regiões, quem dirá a população."
Em relação às barreiras existentes na utilização de apps financeiros, mesmo quando há acesso a eles, está a cultura. O dinheiro em espécie ainda é muito importante para o brasileiro e a não familiarização com a tecnologia também impedem o crescimento dessa utilização.
Botelho exemplifica, "um extrato, por exemplo, é uma coisa muito pouco intuitiva ainda. Quando lidamos com uma população de baixa renda, lidamos com pessoas que são vítimas de golpes, muita gente aproveita da vulnerabilidade delas. Então, se elas não confiam ou não entendem perfeitamente o produto que estão usando, não deixarão os hábitos antigos e a inclusão financeira seguirá distante.
Ainda para Botelho, não é só o governo que precisa trabalhar na inclusão financeira, toda sociedade precisa encontrar formas mais sofisticadas para ajudar. "Inclusão social acontece no setor privado. O setor público consegue transferir renda e aliviar pobreza, mas os bancos e o setor privado garantem a emancipação econômica. Essas duas pontes poderiam conversar mais sobre o tema. As pessoas vão encontrar emprego e fazer as transações em instituições privadas. Essa conexão precisa ter um apoio maior do setor público, mas com iniciativas do setor privado. E precisa ser regulado, o que é um grande desafio."
O que é preciso de fato é uma nova mentalidade na hora de pensar em alternativas de inclusão, seja social, financeira ou tecnológica. "Não existe uma solução que vai resolver todos os problemas ao mesmo tempo. O que existe é um conjunto de soluções pequenas, com parcerias público-privadas, que vão resolver alguns problemas e ajudar a reduzir desigualdades", explica o pesquisador do IBRE - FGV.
E a pandemia trouxe à tona toda essa desigualdade. "As transformações pelas quais o mercado de trabalho está passando tiveram o impulsionamento da pandemia, mas ela não foi a única causa. O mundo foi obrigado a acelerar as transformações tecnológicas e essas transformações fazem com que as desigualdades sejam acentuadas. Agora, existe toda essa possibilidade de usar esse cenário de mudanças para agir e para reduzir essas diferenças. Esse é um problema que vamos resolver no micro, não no macro", conclui Botelho.
Confira o painel na íntegra:
.beEstão programados mais dois painéis, às quartas-feiras, às 12h, até o dia 7 de outubro. O próximo, no dia 30/09, será sobre microcrédito e tecnologia. Inscrições no site: http://bit.ly/EventoInstitutoProPague.
Sobre o Instituto ProPague
O Instituto ProPague foi criado para promover estudos e expandir o debate sobre o sistema financeiro. Com sua rede de parceiros, a entidade visa propagar conhecimento e, dessa forma, contribuir para a democratização do conhecimento sobre o sistema financeiro no Brasil. Mais informações em: http://institutopropague.org/.
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