Sistema de gestão na logística: por que ele é essencial para a cadeia operacional

O setor logístico brasileiro tem um alto potencial produtivo. Não à toa, segundo pesquisa da Mordor Intelligence, até 2029, a expectativa é de que este mercado atinja a receita de US$ 129,3 bilhões. Entretanto, mesmo diante de altas expectativas de crescimento, o segmento ainda convive com gargalos estruturais históricos, que vão desde o déficit de armazéns, malha rodoviária sobrecarregada e baixa integração entre modais, até o alto custo operacional.

A esses fatores somam-se desafios internos igualmente críticos, como a falta de visibilidade da operação, o controle precário de custos, processos manuais, dados fragmentados e a dificuldade em responder rapidamente a variações de demanda, combustível, câmbio e tributos. O resultado é uma cadeia logística menos previsível, mais cara e com maior risco operacional.

Para superar esses obstáculos, o uso de ferramentas como o ERP atua como a espinha dorsal da operação, integrando pedidos, estoques, transportes, faturamento, contratos e finanças em uma única base de dados confiável. Na prática, isso permite rastrear custos logísticos ponta a ponta englobando frete, armazenagem, devoluções, impostos, perdas e ineficiências – deixando de trabalhar com estimativas e passando a operar com números reais. A falta dessa integração faz com que o custo logístico se torne um “custo invisível”, difícil de explicar e impossível de otimizar de forma consistente.

Em ambientes voláteis, onde a decisão tardia custa caro, um sistema de gestão bem estruturado permite simular cenários, consolidar cargas com base em dados reais, reavaliar rotas e ajustar janelas de entrega rapidamente. Além disso, o software reduz riscos operacionais ao padronizar processos, criar validações automáticas e garantir rastreabilidade total. A partir disso, a logística deixa de ser reativa e passa a ser conduzida com inteligência operacional e previsibilidade.

Por outro lado, a ausência dessas ferramentas faz com que a área opere no escuro, gerando retrabalho, erros de faturamento, baixa ocupação de carga, rupturas de estoque e multas fiscais. Empresas nessas condições acabam disputando mercado apenas por preço, comprimindo margens e assumindo riscos que comprometem a sustentabilidade do negócio.

No entanto, a jornada de aprimoramento não deve começar pelo software, mas pelo diagnóstico. Antes de tudo, é fundamental mapear processos, identificar gargalos reais, entender os custos atuais e definir objetivos claros de negócio. A tecnologia entra como uma grande auxiliadora, e um ERP bem escolhido deve refletir a verdadeira operação, suportando crescimento e integração fiscal. Nesse processo, uma consultoria especializada ajuda a reduzir riscos e acelerar resultados, uma vez que conecta estratégia, processos e sistema, garantindo que a ferramenta seja um instrumento de eficiência, não apenas um repositório de dados.

Olhando para o horizonte de 2026, a urgência tecnológica ganha um novo componente: a Reforma Tributária. O novo modelo de tributação terá impacto direto na logística, especialmente na formação de preços, no crédito tributário e na circulação de mercadorias. Um sistema moderno será essencial para adaptar regras, simular impactos e manter a governança. Diante disso, empresas que não se prepararem tecnologicamente correm o risco de perder competitividade e segurança fiscal justamente em um momento de grande transformação do setor.

A eficiência logística não é mais uma questão de intuição, mas de precisão tecnológica. Em um mercado de margens cada vez mais estreitas e exigências fiscais crescentes, investir em uma gestão baseada em dados reais e processos integrados não é apenas uma escolha de modernização, mas uma condição indispensável para a sobrevivência e o crescimento sustentável de qualquer operação.

Tailan Oliveira é CRO da ALFA.

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