Brasil,

Clima extremo e o papel do seguro: ferramenta essencial para proteção

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* Antônio Jorge da Mota Rodrigues

Nas últimas décadas, o Brasil tem sido visto como um país de riscos climáticos moderados. Não enfrentávamos eventos extremos de grande escala como em outras partes do mundo. Porém, essa percepção está mudando rapidamente. Os eventos recentes — como a seca severa de 2021, que devastou safras, e as enchentes catastróficas que assolaram o Rio Grande do Sul — mostram que o risco climático deixou de ser uma abstração e passou a ser uma realidade concreta e urgente para o país.

Enquanto nos aproximamos da COP30, que acontecerá em Belém, a visibilidade sobre essas questões aumenta, o que é positivo. Mas, mais do que debates e compromissos internacionais, é preciso olhar para a realidade das nossas cidades, lavouras e sistemas de infraestrutura. A questão não é mais “se” vamos enfrentar eventos climáticos extremos, mas “quando” e “com qual intensidade”. Para isso, o setor de seguros desempenha um papel central nessa equação. Hoje, o Brasil ainda possui uma baixa penetração de seguros, especialmente quando falamos em proteção contra riscos climáticos. Em comparação com países como México, Chile e Colômbia, que enfrentam ameaças naturais mais frequentes e, apesar de seus desafios econômicos em relação ao tímido crescimento e dificuldades no controle da inflação, têm políticas de proteção mais robustas, estamos atrasados.

Essa lacuna ficou evidente nas recentes enchentes no Rio Grande do Sul, que alagaram uma área superior à afetada pelo furacão Katrina, nos Estados Unidos. A diferença mais marcante está na cobertura: enquanto cerca de 75% das perdas no Katrina estavam protegidas por seguros, no Brasil esse índice ficou abaixo de 6%. Sem mecanismos financeiros adequados, os impactos sociais e econômicos de desastres climáticos como esse tornam-se ainda mais devastadores.

O resseguro, frequentemente menos conhecido do grande público, é a retaguarda do setor de seguros. Ele distribui os riscos entre players globais e permite que seguradoras locais mantenham sua capacidade de proteger. Mas ele também depende da penetração do seguro primário – se a base é fraca, o topo também é. E enquanto o Brasil é o maior mercado segurador da América Latina, ainda está atrás em volume de resseguro justamente porque o seguro ainda é pouco contratado no país.

Temos, no entanto, razões para um otimismo cauteloso. Há sinais claros de que o mercado está se transformando. O uso de seguros paramétricos, o mapeamento de riscos agrícolas por região e o desenvolvimento de ferramentas analíticas mais sofisticadas mostram que o setor começa a agir de forma mais proativa. O resseguro deixa de ser apenas um mecanismo de indenização e passa a ocupar um papel estratégico na antecipação e mitigação de riscos.

Além disso, a Taxonomia Sustentável Brasileira, prestes a ser publicada, pode representar um divisor de águas ao direcionar investimentos para projetos alinhados com a adaptação climática. A expectativa é que funcione como um catalisador para que fundos, empresas e governos assumam um compromisso real com soluções mais sustentáveis e com a construção de um país mais preparado para os desafios do clima.

O Brasil vive uma janela de oportunidades. Com a visibilidade que a COP30 trará e com o amadurecimento gradual do mercado, temos a chance de construir soluções robustas diante de um clima cada vez mais imprevisível. O seguro não pode mais ser visto como um custo. Ele deve ser entendido como uma alavanca de proteção, planejamento e desenvolvimento. Cada vez mais, é uma peça essencial para garantir um futuro mais seguro e resiliente para o país.

* Antônio Jorge da Mota Rodrigues é Head de Resseguros de Contratos da Howden Re Brasil


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