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Lições da China para o Brasil: O Que Devemos Aprender

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Nathália Bellintani
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Por Alexandre Pierro

Não é de hoje que a China vem chamando a atenção do mundo com seu crescimento acelerado e forte investimento em inovação e tecnologia. Mas, qual é o seu segredo e, o que o Brasil pode – e deve – aprender com este país? Foi isso que tentei descobrir em uma imersão por cidades como Pequim, Xangai e Guangzhou.

Primeiramente, vale uma rápida volta ao tempo. Em 1995, o PIB do Brasil era de aproximadamente US$ 769 bilhões, enquanto o da China era de US$ 735 bilhões. Curiosamente, esse foi o último ano em que a economia brasileira superou a chinesa. Desde então, a China se tornou uma potência, consolidando-se como a segunda maior economia do mundo. Na época, os dois países eram, basicamente, exportadores de commodities.

Tanto que, em 2000, o PIB da China era de aproximadamente US$ 1,2 trilhão, enquanto o do Brasil girava em torno de US$ 645 bilhões – quase dobrou em apenas cinco anos. Na época, a economia chinesa já era impulsionada por reformas econômicas e industrialização, enquanto o Brasil enfrentava desafios como inflação e ajustes fiscais.

Para entender essa guinada na economia chinesa, precisamos avaliar o contexto de cada país na década de 90. No Brasil, vivíamos a redemocratização com a constituição de 1988; a primeira eleição direta após a ditadura militar, que culminou no impeachment de Fernando Collor; a implementação do Plano Real, em 1994, que controlou a hiperinflação que chegava a quase 2.000% ao ano; a onda de privatizações, como Vale e Telebras; além da globalização do mercado, com maior entrada de investimentos estrangeiros no país.

Na China, após a morte de Mao Tsé-Tung, Deng Xiaoping consolidou sua transição para uma economia de mercado, que eles batizaram como “socialismo ao estilo chinês”, com taxas de crescimento anual superior a 8%. O país se tornou um grande polo de manufatura, atraindo investimentos estrangeiros e fortalecendo sua posição como "fábrica do mundo". Ali, o país deixou de exportar apenas commodities, incluindo produtos de maior valor agregado.

Boa parte deste fenômeno, se deve à criação das Zonas Econômicas Especiais (ZEE), que são áreas com políticas e regulamentações diferenciadas – como isenções fiscais, taxas alfandegárias reduzidas e regulamentações comerciais mais flexíveis em comparação com o resto da China – visando atrair investimento estrangeiro e promover o desenvolvimento econômico. A abertura ao mundo também se deu com a entrada na OMC – Organização Mundial do Comércio, em 2001.

Para atender aos padrões internacionais, a China se tornou líder mundial em certificações ISO. Em 2000, o país tinha 25.657 certificações ISO 9001, de gestão da qualidade. Em 2022, esse número saltou para 579.447 – um crescimento de 2.258%. O Brasil, no mesmo período, o número foi de 6.719 para 17.589 – um crescimento de 262%. Ou seja, a China cresceu 10 vezes mais.

Mais preparado para vender ao mundo, o país viveu uma grande abundância de empregos, o que fez com que milhões de pessoas migrassem do campo para as cidades em busca de oportunidades. Hoje, a China é o país com o maior número de metrópoles, registrando 19 cidades com mais de 5 milhões de habitantes. A demografia é uma das vantagens competitivas, tendo uma população de 1.42 bilhão de habitantes. No Brasil, somos em 220 milhões.

Óbvio que nem tudo são flores por lá. O Partido Comunista Chinês exerce forte controle sobre a sociedade, o que representa uma linha tênue entre expansão econômica e liberdade de expressão. A população chinesa está envelhecendo rapidamente, o que pode afetar a força de trabalho. A guerra comercial e as sanções impostas pelos Estados Unidos também são um desafio.

Ainda assim, em 2024, o PIB do Brasil cresceu 3,4%, chegando a R$ 2,18 trilhões. Já o PIB da China cresceu 5,4%, com US$ 18,27 trilhões, mantendo-se como a segunda maior economia mundial. Em suma, de 1995 a 2024, o PIB do Brasil cresceu 283%, enquanto o da China, 2.485%.

O motivo? Com certeza, não há um único. Mas, algumas pistas nos mostram como dois países que tinham o mesmo desempenho econômico em 1995, têm realidades completamente diferentes 30 anos depois. O que mais chama atenção é o fato de que a China tem planos de longo prazo, estruturado principalmente em planos quinquenais, que cobrem períodos de cinco anos e definem metas estratégicas para o desenvolvimento econômico e social do país. Além disso, o governo chinês também estabelece objetivos de desenvolvimento para 15 anos, como o plano de crescimento sustentável até 2035, garantindo continuidade e, ao mesmo tempo, adaptação às mudanças globais.

Outro diferencial é a educação, conhecida por seu rigor, disciplina e seletividade. O sistema educacional é estruturado em diferentes níveis, com exames complexos para avançar de etapa. Para entrar no ensino secundário, os estudantes precisam passar pelo exame Xiaokao. Depois de três anos, enfrentam o Zhōngkao, que define se irão para o ensino médio ou para escolas profissionalizantes. Para ir para a universidade, é preciso enfrentar o Gaokao, um exame nacional considerado um dos mais difíceis do mundo.

Mais bem preparada, a mão de obra do país tem mais capacidade de inovar. Os chineses são tradicionalmente inovadores, tendo sido os criadores do papel, pólvora, bússola, porcelana, impressão, papel moeda e até do macarrão – que muitos pensam ser italiano. O país investe em exploração espacial, veículos elétricos, tecnologia de vigilância, varejo, internet e vem assumindo protagonismo na era da IA.

Não à toa, a China é o país que com maior formação de profissionais STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics). Por ano, são formados 1.5 milhões de engenheiros. Nos EUA, são cerca de 250 mil. No Brasil, 100 mil. O país também lidera na formação de doutores. Em média, são 50 mil, contra 700 mil nos EUA e 15 mil no Brasil.

Resumindo, a China deixa lições importantes ao Brasil no que tange educação e planejamento. Basicamente, o segredo do sucesso por lá foi o tripé: cultura, processos e tecnologia. Primeiro, o investimento na formação das pessoas. Depois, em processos e padrões, o que faz com que os chineses sejam altamente produtivos e eficientes. Não por acaso, o PIB cresceu 10 vezes em 30 anos – a mesma proporção do crescimento em certificações ISO. Com uma base forte, fica muito mais simples desenvolver tecnologia que vai automatizar, escalar e acelerar resultados positivos. Ao que tudo indica, a fórmula está aí. É uma questão de testar e adaptar à nossa realidade.

Alexandre Pierro é mestre em gestão e engenharia da inovação, engenheiro mecânico, bacharel em física e especialista de gestão da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO de inovação na América Latina.


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