Como Apoiar Colaboradoras Silenciadas ou Excluídas: Resposta Imediata da Liderança

Se uma colaboradora perceber que está sendo silenciada, excluída de decisões ou exposta a lideranças tóxicas, é fundamental que saiba a quem recorrer. O acolhimento precisa ser imediato, imparcial e transparente, com canais seguros e independentes para reportar abusos sem medo de retaliação. A ausência desses recursos compromete não apenas o bem-estar da profissional, mas a integridade da cultura organizacional como um todo.

Criar um ambiente respeitoso, onde mulheres possam se desenvolver sem receio de assédio, julgamento ou limitações estruturais, ainda é um desafio para boa parte das empresas. Uma pesquisa realizada em 2024 pelo Talenses Group, em parceria com o Instituto Insper, mostra que 62% das profissionais identificam a cultura da empresa como uma barreira invisível à ascensão profissional.

Para Carla Martins, vice-presidente do SERAC, hub de soluções corporativas com atuação nas áreas contábil, jurídica, educacional e de tecnologia, a equidade de gênero vai além do discurso e deve estar integrada à estratégia do negócio. “A empresa que não oferece segurança psicológica às suas colaboradoras está desperdiçando talento, inovação e liderança. Diversidade não é pauta de marketing, é estrutura”, afirma.

As barreiras enfrentadas por mulheres no ambiente corporativo nem sempre são explícitas. Microagressões, interrupções em reuniões, descredibilização de ideias e a ausência de políticas que conciliem carreira e maternidade seguem presentes em muitos contextos. O relatório Women in the Workplace 2023, produzido pela McKinsey & Company em parceria com a LeanIn.Org, mostra que, para cada 100 homens promovidos a cargos de gerência nos Estados Unidos, apenas 87 mulheres recebem a mesma oportunidade. No Brasil, dados da Fundação Dom Cabral revelam que 56% das profissionais acreditam que seu gênero já foi motivo de exclusão em processos de promoção.

“Mesmo em cargos de liderança, muitas mulheres carregam a sensação de que precisam se provar o tempo todo. Isso adoece e compromete o desempenho. Quando a empresa ignora essas barreiras, perpetua desigualdades”, diz Carla Martins.

Cultura organizacional pode reforçar ou romper padrões

A cultura de uma empresa é decisiva para a superação, ou a manutenção, desses obstáculos. Ambientes que ainda valorizam modelos autoritários e inflexíveis tendem a excluir profissionais diversos, reduzindo a pluralidade de ideias e a capacidade de inovação.

Segundo Carla, é preciso estruturar uma cultura que respeite trajetórias individuais e valorize o coletivo. “Isso começa pela escuta ativa, passa pela revisão de políticas e se consolida em ações concretas, como treinamentos, canais de denúncia e indicadores de inclusão. Não se trata de ações isoladas, mas de coerência em todos os níveis da gestão.”

Ela alerta que os valores de equidade devem permear os processos seletivos, os critérios de promoção e o comportamento das lideranças. “A cultura é moldada pelo que a empresa permite e reforça. Ou ela protege, ou ela silencia”, resume.

Lideranças têm papel decisivo na construção de ambientes seguros

A responsabilidade pela transformação não deve ser restrita ao setor de RH. Um levantamento da Catalyst, organização global dedicada à inclusão feminina, mostra que lideranças inclusivas reduzem em até 43% o risco de evasão entre colaboradoras.

“Líderes são o reflexo da cultura de uma empresa. Se não valorizam e estimulam suas equipes de forma justa, contribuem para a manutenção de um ciclo de exclusão”, afirma Carla Martins. Para ela, iniciativas como programas de mentoria, metas de diversidade, incentivos à escuta ativa e combate efetivo ao assédio devem estar no centro das práticas de gestão.

“Equidade de gênero não se constrói com boas intenções. É preciso estrutura, monitoramento e responsabilização”, enfatiza.

O que fazer diante de condutas abusivas ou autoritárias

Além de ações preventivas, é essencial que as empresas ofereçam caminhos seguros para que qualquer profissional, inclusive lideranças , possa relatar comportamentos abusivos ou hostis.

Entre as medidas recomendadas por especialistas estão:

- Canais de denúncia com anonimato garantido, conduzidos por auditorias internas ou empresas independentes;

- Comitês de diversidade e ética, formados por representantes de diferentes áreas e níveis hierárquicos;

- Programas de acolhimento psicológico, voltados a vítimas de assédio, discriminação ou sobrecarga emocional;

- Treinamento contínuo de lideranças, com foco em empatia, escuta ativa e gestão humanizada.

De acordo com o estudo Workplace Harassment 2023, da Society for Human Resource Management (SHRM), empresas que mantêm canais efetivos e transparência nos processos têm até 55% menos reincidência de comportamentos abusivos e maior confiança interna.

Ambientes verdadeiramente inclusivos são aqueles que não apenas incentivam o crescimento feminino, mas agem prontamente quando esse avanço é ameaçado. A mudança acontece quando toda a estrutura da organização, do RH à diretoria, assume a responsabilidade de proteger, incluir e desenvolver.

Sobre o SERAC & BHub

O SERAC é referência nacional em contabilidade, educação e gestão corporativa e BHub, startup especializada em soluções tecnológicas de backoffice. Com mais de 10 mil clientes e presença em todo o território nacional, essa união visa transformar o setor contábil por meio de automação, formação e parcerias estratégicas. Instagram: @sou_serac ou pelo site souserac.com.

Sobre Carla Martins

Carla Martins é vice-presidente do SERAC. Atende grandes empresários e personalidades da mídia, direcionando o crescimento sustentável de diversos negócios. Possui qualificação e acredita muito no poder de gestão de negócios e no empreendedorismo feminino.

Como Vice-Presidente do SERAC busca direcionar novos empresários a alcançarem o próximo nível com soluções contábeis, jurídicas e de gestão, impactando positivamente vidas de clientes, parceiros, colaboradores, amigos e familiares. Carla é contabilista formada em Marketing pela ESPM e pós graduada em Big Data e Marketing. @soucarlamartins