Por Que Empresas Familiares Estão Ficando para Trás na Adoção da IA

A inteligência artificial não é mais o futuro, ela já é o presente para muitos segmentos de negócios. Apesar da forte convicção de como a IA pode transformar os negócios, as empresas familiares brasileiras estão atrasadas quando o assunto é a adoção desta tecnologia. A Pesquisa Global NextGen 2024 da PwC revela que 89% dos jovens líderes – entre 18 e 40 anos e membros de famílias que aspiram se tornar proprietários conscientes, membros influentes de conselhos ou líderes visionários – veem a IA generativa como uma força de transformação. No entanto, poucos negócios familiares no país conseguem colocá-la em prática de forma estruturada.

Para a coach, ex-executiva de varejo e tecnologia, e sócia da Quantum Development, Bianca Aichinger, esse cenário reflete uma combinação de resistência cultural, falta de preparo estratégico e ausência de governança clara. A especialista, que já atuou diretamente com tecnologia por em suas passagens como líder dos produtos digitais da Whirlpool e também da área de Customer Experience da VTEX, plataforma de ecommerce, também aponta que, culturalmente, as empresas familiares tendem a adotar uma abordagem conservadora frente às novas tecnologias. “Para contornar esta situação, é necessário rever o modelo mental e trazer uma mentalidade ágil, em que se investe em pequenos experimentos e pilotos, de menor investimento no geral, ao invés de grandes e custosos sistemas”, afirma Bianca.

A especialista sugere que colaboradores que, hoje, estão conectados a processos manuais que podem ser substituídos por automatizações, se atualizem para que possam encontrar novas formas de agregar valor às empresas. Além disso, líderes também precisam passar por um processo de formação: “Os líderes precisam desenvolver formas de gerir e dar autonomia à equipe. A alta liderança precisa começar a entender de tecnologia de forma estratégica. Não é necessário saber sobre detalhes de tecnologias, mas, para que se possa discutir caminhos com especialistas num nível estratégico, é extremamente importante que os altos líderes eliminem resistências e passem por um ‘letramento digital’”, explica.

Por onde começar a implementação da IA

Na prática, a IA pode ser incorporada inicialmente em áreas que concentram tarefas manuais ou rotineiras, entre elas: áreas que demandam muito trabalho manual e repetitivo, na integração de sistemas que estão desconectados entre si e em áreas onde análises quantitativas são prioridade.

O objetivo não é substituir o olhar humano, mas aprimorá-lo com informações mais amplas e precisas.

“Podemos pensar em IA como Inteligência Aliada, que vai permitir análises de dados com maior abrangência, profundidade e acurácia, e assim dar a possibilidade aos colaboradores de tomarem decisões mais embasadas”, reforça.

Pensando no futuro, a adoção de tecnologias como a IA pode ainda facilitar a transição geracional nas empresas familiares. “A adoção de tecnologias como a inteligência artificial pode ser uma grande aliada na preparação da próxima geração para liderar empresas familiares com mais eficiência e inovação”, avalia.

Diante dos desafios e oportunidades apresentados, fica claro que a adoção da inteligência artificial pelas empresas familiares brasileiras não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para garantir competitividade, eficiência e continuidade ao longo das próximas gerações.

Sobre a Quantum Development

Com foco no desenvolvimento de equipes de liderança de alta performance, a Quantum Development apoia seus clientes na sua profissionalização e na transformação da cultura organizacional em um mundo em constante evolução. Criada em 2021 pelas sócias-fundadoras Bianca Aichinger e Susana Azevedo, que possuem mais de duas décadas de experiência no mercado corporativo nacional e internacional, a Quantum Development tem em seu portfólio de clientes empresas como Grupo Leveros e Uappi.

Bianca Aichinger, coach e sócia-proprietária da Quantum Development.