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Mercado cobra padrões para ESG não virar apenas uma ‘passada de pano’

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Ana Borges
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Marcos Rodrigues*

Quanto mais as empresas se sentem pressionadas a reduzirem o impacto de suas atividades em um cenário de valorização absoluta do conceito ESG, cresce proporcionalmente uma prática que se convencionou chamar de greenwhashing, termo em inglês que pode ser traduzido como “lavagem verde”, ou, se quisermos ser ainda mais simples, podemos substituir pela expressão “passada de pano”, geralmente utilizada para situações nas quais o problema não é totalmente resolvido. Ao contrário disso, aquele que passa pano apenas disfarça uma solução, permitindo que a falha permaneça escondida e pronta para reaparecer mais à frente, muitas vezes, fortalecida e com maior potencial de geral prejuízos.

Na prática, o greenwhashing tem sido uma estratégia de marketing usada, na maioria das vezes, por empresas sem uma agenda ambiental verdadeira, mas também adotada por aquelas companhias que têm metas claras de redução dos impactos ambiental e social, porém que caminham mais lentamente do que gostariam.

Nem sempre o greenwashing tem o objetivo de enganar o público, mas seja como for, contribui para tirar a credibilidade no que tange à importância de medidas “verdes”. Ou seja, muita gente é levada a pensar que tudo não passa de estratégia de marketing ou passada de pano.

Um indicador desta prática foi apresentado numa pesquisa recente do New Climate Institute envolvendo 25 corporações de atuação global. O estudo mostra que várias delas não estão atingindo suas próprias metas de controle das mudanças climáticas. E por esta razão, elas exageram rotineiramente ou dão informações equivocadas sobre o cumprimento dessas metas.

O greenwashing, aliás, preocupa instituições como as bolsas de valores em todo o mundo e também os bancos centrais dos países. No ano passado, o presidente do Banco Central (BC) brasileiro, Roberto Campos Neto, demonstrou preocupação em relação à prática na emissão de títulos verdes, ou green bonds. Ele comentou que é preciso ter certeza de que não há greenwashing porque “todos sofrerão com a reputação e você basicamente destruirá o mercado antes que ele nasça”.

Felizmente, já é possível notar uma reação forte no sentido de proteger o ESG deste tipo de comportamento. No início de fevereiro, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários Europeia (ESMA) publicou o seu guia para as finanças sustentáveis Sustainable Finance Roadmap 2022-2024. No documento, a entidade assume como uma de suas principais metas para os próximos anos investigar o greenwhashing, definir as suas características fundamentais e abordá-lo com uma ação coordenada em múltiplos setores, encontrando soluções comuns em toda a EU.

Para ir além da simples passada de pano e buscar a resolução completa do problema desde sua origem, é preciso se conscientizar de que a maior dificuldade em acabar com esta prática está no fato de não haver, ainda, um modelo padrão de avaliação.

Normalmente cada empresa cria seu próprio protocolo de sustentabilidade e tenta colocá-lo em prática. Mas nem sempre o que é estipulado por uma companhia individualmente pode ser classificado como sustentável. Então, o que fazer para não cair na falácia do greenwhashing enquanto uma diretriz que permita verificar se a companhia é ou não verdadeiramente sustentável não é elaborada?

A realidade é que não existem empresas 100% sustentáveis, mas muitas companhias estão trabalhando seriamente para um dia virem a ser. Não acreditar simplesmente nas palavras estampadas nas embalagens dos produtos é um primeiro passo para não ser enganado pelas passadas de pano. O fato de um produto ser feito com material reciclável não significa que a empresa se preocupa como deveria com o meio ambiente. Quem garante que o restante do processo produtivo não é danoso para o meio ambiente e para a sociedade? Doar cestas básicas, mas não se preocupar com a segurança e o bem-estar dos colaboradores não é uma atitude de empresa sustentável, mas sim uma forma de passar o pano.

Assim, vale muito prestar atenção a alguns indícios. Se a organização tem as certificações ISO 14000 e ISO 9000 já dá para saber que se trata de uma companhia preocupada com a eficiência dos processos e com a mitigação de impactos ambientais. Há também corporações que buscam apoio de empresas especializadas em rating para uma análise independente visando a implantação ou a avaliação da governança corporativa nos moldes do conceito ESG.

Um exemplo desta prática é o Grupo Sobrex, importante player nos mercados de cobre e de alumínio e que também detém marcas como Línea, Elfer, Cecil e Blue. A empresa passou, recentemente, por um trabalho de diagnóstico visando entender em qual momento se encontra em termos de ESG e definir quais pontos devem ser aprimorados. Claramente uma busca pela excelência e demonstração de comprometimento com a sociedade e com as questões ecológicas.

Enfim, é preciso que os organismos internacionais em parceria com países e grandes players econômicos trabalhem o quanto antes na elaboração de critérios que permitam avaliar e mensurar adequadamente, os níveis de comprometimento com o conceito ESG em empresas de todos os portes. Enquanto isso não acontece, cabe ao consumidor não se contentar com um pano bem passado. É necessário pressionar com base em muita pesquisa e a recusa de produtos e serviços de companhias que dizem uma coisa e praticam outra. Isso as obrigará a um processo de limpeza e organização muito mais profundo e eficaz do que uma simples passada de pano, ou ‘greenwhashing’, para parecer mais chique.

Marcos Rodrigues é sócio da BR Rating e da MRD Consulting


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