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Primeiras oscilações no equilíbrio econômico

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Na ausência de um plano sólido de relançamento por parte da China, tal como aconteceu nos fortes abrandamentos anteriores, apenas a Fed dispõe de armas suficientes que permitem, talvez, inverter o agravamento de um abrandamento econômico mundial. Mas esta é a segunda desilusão das últimas semanas: a hipótese de trabalho da Fed continua claramente a ser a de uma pausa no meio do ciclo econômico, como em 1995, o que ainda não justifica o anúncio de um ciclo completo de flexibilização monetária. A Reserva Federal não tem intenção de ceder às censuras do presidente americano.

“Ao contrário de 2016, a China não relançará o ciclo econômico global. Este papel recai, portanto, sobre a Fed.

A última estação foi esclarecedora em relação à evolução da equação que rege a tendência dos mercados há dezoito meses. O motor dos mercados de ações na primeira metade do ano foi o regresso a um certo equilíbrio, ou "igualdade", entre, por um lado, um abrandamento econômico mundial lento e, por outro, o regresso dos bancos centrais a uma postura de apoio. Este reequilíbrio justificou que os mercados se recuperassem primeiro do estado de pânico no final de 2018, quando a Fed e o BCE pareciam ainda ignorar o abrandamento econômico, e entrassem depois numa fase de consolidação a partir da primavera, esperando para ver para que lado penderia o equilíbrio. No final de agosto de 2019, após várias reuniões de bancos centrais e desenvolvimentos nas negociações comerciais sino-americanas, os mercados de ações situavam-se em níveis praticamente iguais aos do mês de maio passado.

Mas a conservação da equação de equilíbrio ficou fragilizada, tendo aumentado o risco de que as políticas de recuperação econômica, previsíveis até a data, se revelassem agora insuficientes para compensar um abrandamento mundial que dá sinais de amplificação. De fato, os principais indicadores da economia americana sugerem que o abrandamento mundial começou a contaminar a dinâmica norte-americana, em parte devido à diminuição da confiança das empresas norte-americanas causada pelas tensões comerciais intermináveis com a China. Pela primeira vez desde a grande crise financeira, no mês de agosto, o índice Markit PMI industrial americano desceu abaixo do nível de 50. Talvez ainda mais preocupante, o mesmo índice para as atividades de serviços caiu para o nível de 51, regressando aos seus níveis mais baixos desde 2016. No entanto, contrariamente a 2016 (e, sobretudo, a 2009 e 2012), a China não está preparando-se para assumir o papel de locomotiva da recuperação mundial. Este risco de que a política monetária americana atrasasse ainda mais aquilo que a tendência macroeconômica geral necessita agora, justifica o posicionamento prudente adotado pelos mercados.

A resiliência da economia americana é inegável. Naturalmente, isto deve-se às qualidades intrínsecas, repetidamente confirmadas, do ecossistema americano, a força do seu consumo interno e o poder dos seus agentes mundiais, bem como aos últimos efeitos da reforma fiscal submetida a votação em 2017. Esta resiliência também é explicada pelos "estabilizadores" naturais clássicos: em primeiro lugar, a aceleração da descida das taxas de juros em 2019. Em particular, as taxas a 30 anos passaram assim, num período de apenas oito meses, de 3% para 2%. Este colapso sustentou naturalmente o mercado imobiliário e permitiu aos agregados familiares americanos refinanciar os seus créditos hipotecários, disponibilizando assim fundos para o consumo. Ao mesmo tempo, o preço das matérias-primas também diminuiu acentuadamente, disponibilizando poder de compra. Por último, a força do dólar reduziu os custos dos produtos importados. Contudo, é necessário ter em conta que estes estabilizadores consistem, por definição, em manifestações do abrandamento que alimentam os efeitos nefastos a médio prazo. Assim, a descida das taxas de juros a longo prazo prejudica a rentabilidade do setor bancário, enquanto a força do dólar está a refrear as exportações, a reforçar as pressões deflacionistas e a penalizar as economias emergentes. Em contrabalanço com esta tenacidade do consumidor americano, os outros principais indicadores econômicos americanos para o futuro já se deterioraram, especialmente o investimento das empresas. O ritmo de crescimento do investimento não residencial, assim como das encomendas de bens duradouros, é quase nulo no período de um ano deslizante, com os principais indicadores (inquéritos de intenção) numa baixa acentuada. Atualmente, receia-se que o nível de incerteza provocado pelo modus operandi de Donald Trump nas suas negociações com a China tenha fragilizado permanentemente a confiança que os dirigentes das empresas norte-americanas devem ter nas suas cadeias de fornecimento e volumes de exportação para investirem mais. Além disso, mesmo que um acordo sino-americano rápido pareça ser do interesse de ambas as partes, é difícil torná-lo num cenário central fiável, visto que a preeminência das agendas políticas e geoestratégicas de ambos os lados torna a previsão de um acordo global muito incerta a curto prazo.

Consequências para a estratégia de investimento

A perspetiva é de um abrandamento econômico mundial continuado, que apenas desencadeará medidas de apoio fortes tardiamente. No entanto, o comportamento dos mercados demonstrou uma boa eficiência nos últimos meses: a deterioração das perspetivas econômicas globais refletiu-se em grande medida numa continuação da redução das taxas de juros a longo prazo, enquanto os investidores em ações favoreceram fortemente os títulos defensivos e reforçaram a sua alocação a ativos líquidos. Deste modo, a curto prazo e desde que o fluxo de notícias proveniente de Pequim e de Washington o permitam, as forças de restauração do equilíbrio técnicas podem até beneficiar os mercados de ações à custa dos mercados obrigacionistas excessivamente valorizados. Todavia, o nível de endividamento global prevalecente nos setores privado e público aumenta o desafio de um abrandamento econômico significativo, justificando, assim, a conservação de um posicionamento estratégico prudente. Na esfera obrigacionista, este será expresso, entre outros, por uma exposição limitada ao risco de flutuação das taxas de juros. Nos mercados de ações, justifica-se manter uma carteira sempre centrada nos setores de crescimento e de bens de consumo de base. O desempenho superior já alcançado pelos últimos exige um elevado grau de seletividade. Porém, se avançar de forma disciplinada, ainda é possível encontrar no universo de ações títulos cuja visibilidade do crescimento do rendimento permitirá observar um bom desempenho.

Por Didier SAINT-GEORGES - Administrador Executivo e membro do Comité de Investimento Estratégico


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