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Desafios climáticos do setor segurador

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Desafios climáticos do setor segurador

Em maio de 2018, o Brasil se tornou o primeiro mercado segurador no mundo a declarar seu compromisso, através do posicionamento conjunto da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), com o Task Force on Climate Related Financial Disclosure (TFCD), uma iniciativa endossada pelo G20 que visa aumentar a transparência de riscos e oportunidades climáticas nos negócios. O compromisso reforça a necessidade de refletir sobre as implicações para o setor das mudanças climáticas e a transição para uma economia de baixo carbono.

Os desafios climáticos já vêm se refletindo sobre o setor e as seguradoras já possuem uma preocupação especial acerca das perdas relacionadas a fatores climáticos. Somente em 2016, catástrofes climáticas geraram mais de US$ 50 bilhões em sinistros segurados em todo o mundo, de acordo com a Verisk Analytics [1]. Se no passado as preocupações com a mudança do clima estavam atreladas à preservação de um planeta melhor para as gerações futuras, hoje seus impactos já podem ser percebidos na qualidade de vida e na saúde financeira da população atual.

A resposta a esses desafios emergentes deverá passar, inevitavelmente, por 3 “Is”: Integração, Inovação e Informação:

Integração: Questões de sustentabilidade e riscos climáticos deverão ser cada vez melhor integrados no cálculo atuarial para diferentes tipos de seguro: vida, patrimonial, rural e etc. Existe um movimento internacional para que esta integração ocorra de forma mais ativa, através da própria TCFD, que almeja engajar empresas e investidores para divulgação de riscos e oportunidades climáticas em seus relatórios.

Entretanto, a integração deve ocorrer não somente na gestão de passivos, mas também na gestão de ativos, ao incluir critérios de sustentabilidade na decisão de investimentos e seleção de gestores de recursos.

Inovação: Os seguros estão presentes nas mais diversas esferas da vida das pessoas e podem também trazer benefícios climáticos diretos e indiretos. Essa gama de produtos deve crescer no futuro a partir de uma demanda dos próprios segurados. Exemplos no mercado segurador são: seguros com prêmios diferenciados para veículos elétricos e híbridos menos poluentes, prêmios pay-as-you-go para seguro auto visando reduzir as emissões, entre outros.

Informação: O desenvolvimento de novos e melhores modelos climáticos, associados a uma melhor capacidade de sensoriamento e granularidade dos segurados, irá permitir uma melhor antecipação desses riscos e melhor precificação dos prêmios de seguro.

Essa granularidade do risco também irá permitir uma melhor gestão dos sinistros, dado que as seguradoras poderão trabalhar mais proativamente com seus segurados e desenvolver co-produtos específicos. As insurgentes insurtech devem cumprir um papel importante neste processo. Por outro lado, um efeito que deve ser evitado é que esta granularidade evolua a ponto de gerar discriminação de preços, tornando os seguros inacessíveis a certos grupos, especialmente aqueles de maior vulnerabilidade.

A integração de temas climáticos no setor passa pelo desenvolvimento de políticas que norteiem práticas mais sustentáveis por parte dessas instituições. Uma pesquisa realizada pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) em 2016, que cobriu cerca de 75% das seguradoras, entidades de previdência complementar aberta, de capitalização e resseguradoras atuantes no Brasil, indicou que 88% dos respondentes não possuem uma política para prevenir os efeitos da mudança climática na gestão de riscos, ao passo que apenas 9% considera os impactos de mudanças climáticas em sua carteira de investimentos.

Tais desafios devem ser endereçados a partir de um processo de aprendizado conjunto, envolvendo empresas, reguladores, instituições e sociedade. Os Princípios para Sustentabilidade em Seguros, uma iniciativa apoiada pelas Nações Unidas com objetivo de promover a integração de temas ambientais e sociais no setor segurador, vem trabalhando no engajamento desses atores. No caso brasileiro, o Laboratório de Inovação Financeira, iniciativa capitaneada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), com participação ativa da SUSEP vem articulando inovações regulatórias neste sentido. A mais recente seria a obrigatoriedade de inserção de questões de sustentabilidade na política de investimento das seguradoras, previsto para ocorrer até o final de 2018, à exemplo do que ocorre com fundos de pensão, através da resolução CMN 4.661/2018.

É um passo inicial, mas necessário para que o segmento de seguros seja um ator protagonista na construção de uma agenda climática para o setor financeiro, aproveitando as oportunidades de negócios emergentes e se protegendo contra riscos já iminentes.

Cristóvão Alves é analista-chefe da SITAWI Finanças do Bem ()

Débora Masullo é consultora da SITAWI Finanças do Bem ()

Fontes: [1] https://www.munichre.com/site/corporate/get/params_E-760103026_Dattachment/1351568/20160103_RZ_Big-five-overview-en.pdf


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