Mais precisão e recuperação rápida: cirurgia robótica se expande no Brasil
Cirurgião e pacientes comentam sobre técnica minimamente invasiva que agora também chega ao Sistema Único de Saúde (SUS)
A cirurgia robótica vive um dos períodos de maior expansão no país. A tecnologia, antes restrita a poucos centros, tornou-se mais acessível e vem transformando a assistência em especialidades como urologia, ginecologia, cirurgia geral e tórax.
No Brasil, o avanço tem ritmo acelerado. Entre 2018 e 2022, foram realizadas 88 mil cirurgias robóticas, número 417% superior ao registrado entre 2009 e 2018 (17 mil procedimentos), segundo dados divulgados pela Associação Médica Brasileira (AMB). A expansão está ligada ao aumento da concorrência entre fornecedores: o país passou de 51 para 111 robôs cirúrgicos, reduzindo em 30% a 50% o custo dos procedimentos e ampliando a presença em diferentes regiões.
A primeira cirurgia robótica no país foi realizada há 16 anos, e desde 2022 o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamenta a prática, estabelecendo critérios para capacitação profissional e exigência de centros habilitados para alta complexidade.
Especialista aponta benefícios claros para o paciente
Para o urologista e uro-oncologista Dr. Luís César Zaccaro, delegado da Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional São Paulo e referência nacional na técnica, os benefícios são evidentes.
“A cirurgia robótica traz mais precisão, menos sangramento, menos dor pós-operatória e uma recuperação significativamente mais rápida”, afirma. “Ao preservar melhor nervos e estruturas vitais, ela impacta diretamente a reabilitação sexual e a recuperação da continência urinária, que são dois fatores muito importantes no tratamento do câncer de próstata”, completa.
O especialista destaca que a tecnologia combina visão tridimensional ampliada, instrumentos articulados e movimentos milimétricos. “Nosso objetivo é entregar ao paciente a mesma segurança oncológica da cirurgia tradicional, mas com menor trauma cirúrgico e mais qualidade no pós-operatório”, diz.
Pacientes relatam experiências positivas
Para muitos homens que enfrentam o diagnóstico de câncer de próstata, a possibilidade de uma cirurgia menos invasiva e com recuperação mais rápida tem sido determinante na escolha do método.
O gestor administrativo Ronilso Augusto da Silva, de 52 anos, morador em Jardinópolis (SP), diz que a comparação entre as técnicas o levou a optar pela plataforma robótica. “Percebi que a robótica oferecia uma recuperação muito mais tranquila, com menor risco de incontinência e impotência. Isso me deixou seguro para seguir com o procedimento”, relata. “O pós-operatório foi muito mais leve do que outras cirurgias convencionais que eu já tinha feito em outras partes do corpo. Com 14 dias eu já estava trabalhando”, comenta.
Já o analista de sistemas Humberto Rosado Ribeiro, de 62 anos, de Ribeirão Preto (SP), destaca o caráter minimamente invasivo da técnica. “Quando entendi as diferenças, vi que a cirurgia robótica trazia um processo muito menos agressivo. Fiz a cirurgia no sábado e tive alta no domingo, o que me surpreendeu pela rapidez”, conta. Ele acrescenta que, passando por um período de fisioterapia pélvica, o resultado funcional teve progresso constante. “Conheci pacientes que fizeram cirurgia convencional e ainda lidavam com incontinência depois de mais de um ano. No meu caso, a evolução foi muito mais rápida”, completa.
Cirurgia robótica avança também no SUS
Em movimento recente que reforça a consolidação da tecnologia na saúde pública, o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a prostatectomia radical assistida por robô para o tratamento de pacientes com câncer de próstata clinicamente avançado.
A prostatectomia radical é o procedimento de retirada completa da próstata e das vesículas seminais, podendo incluir linfonodos pélvicos. Trata-se de um tratamento com intenção curativa, especialmente eficaz nos estágios iniciais da doença. “A incorporação da versão robótica desse procedimento ao SUS representa um avanço importante, permitindo que pacientes da rede pública tenham acesso a uma técnica menos invasiva, potencialmente associada a menos dor, menor sangramento e recuperação funcional mais rápida”, destaca o médico Luís César Zaccaro.
Sobre o especialista
Dr. Luís César Zaccaro é urologista, uro-oncologista e cirurgião robótico em Ribeirão Preto (SP). Mestre em Oncologia pelo Hospital de Amor de Barretos, é chefe do Ambulatório de Uro-oncologia da Santa Casa de Ribeirão Preto, delegado da Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional São Paulo, diretor do GEURP – Grupo de Estudos em Uro-Oncologia de Ribeirão Preto e referência nacional em cirurgia robótica, atuando também como proctor e palestrante em congressos no Brasil e no exterior.
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