Projeto envolve agentes de saúde e reduz em 50% diagnósticos tardios de câncer de mama
Iniciativa idealizada por especialista da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) envolve capacitação de agentes para realizar exames físicos de mamas em visitas domiciliares e demonstra eficiência para agilizar os tratamentos
A capacitação de agentes de saúde para realizar exames físicos de mamas durante visitas domiciliares a mulheres assistidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em Itaberaí (GO), reduziu em 50% o diagnóstico em estadios avançados da doença. Os resultados preliminares do projeto idealizado pelo mastologista Ruffo Freitas-Junior, assessor especial da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), alcançaram repercussão no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), uma das mais respeitadas organizações médicas internacionais a orientar decisões no tratamento de pacientes com câncer em diversas partes do mundo. A experiência goiana também tem despertado o interesse de outras cidades brasileiras na implementação deste recurso de rastreamento.
Uma em cada duas brasileiras, ou 54% das mulheres atendidas pelo SUS, apresenta no diagnóstico de câncer de mama tumores maiores que cinco centímetros. Em grande medida, segundo Ruffo Freitas-Junior, a estatística evidencia o não cumprimento da Lei dos 60 Dias (Lei nº 12.732/2012). Em vigor em todo o território nacional, a determinação preconiza o período máximo de 60 dias para o início do tratamento após a confirmação do diagnóstico de câncer de mama.
Inspirado por uma experiência de sucesso realizada na Índia, o mastologista da SBM, que também é professor da Universidade Federal de Goiás (UFB), uniu forças com a Promotoria de Justiça do Estado, a Prefeitura de Itaberaí e a Câmara Municipal para aprovar uma lei com dotação orçamentária que permitisse colocar em prática um projeto para reduzir os diagnósticos tardios de câncer de mama na cidade.
No município a 92 quilômetros de Goiânia, o Projeto Itaberaí, que também se prestou a reunir informações relevantes em um estudo sobre o rastreamento de câncer de mama, dividiu as agentes de saúde em dois grupos. “O grupo controle visitou as mulheres em suas residências, aplicando as recomendações do Ministério da Saúde, ou seja, orientando sobre o autoexame, a realização bienal da mamografia a partir dos 40 anos de idade e a busca espontânea pela Unidade Básica de Saúde (UBS) se percebessem alguma alteração nas mamas”, explica Freitas-Junior.
O segundo grupo, chamado grupo ativo, recebeu treinamento para realizar o exame físico da mama nas visitas domiciliares. Nos atendimentos, é utilizado um palmtop com duas ferramentas eletrônicas: os aplicativos Rosa e RosaWatch. No Rosa são inseridas informações da mulher examinada Na hipótese de detectarem alguma lesão, as agentes realizam, diretamente no aplicativo, o agendamento de consulta médica na UBS.
Freitas-Junior explica que ao chegar à UBS a paciente é integrada ao RosaWatch, que faz a navegação dentro do sistema de saúde. Se confirmado o nódulo por um mastologista, o encaminhamento prevê investigação por ultrassom, biópsia, exame anatomopatológico e mamografia.
Para o mastologista da SBM, a estratégia demonstrou eficácia por reduzir o tempo que a paciente levava para fazer a mamografia, esperar o resultado e só então ser submetida à biópsia. Em caso de confirmação do câncer de mama, a proposta é que o tratamento seja iniciado em até 30 dias.
Os três passos, treinamento das agentes de saúde, utilização do aplicativo Rosa e organização do fluxo da jornada da paciente pelo RosaWatch, segundo Freitas-Junior, permitiram nos quatro primeiros anos do projeto, uma redução no diagnóstico de câncer de mama em estadios avançados na ordem de 50%. “Inicialmente, pensávamos em ter uma redução de 20% nos estadios III e IV, o que já seria um sucesso”, diz.
Segundo o especialista, as participantes do Projeto Itaberaí conseguem, na esfera do SUS, ter a mesma possibilidade de um diagnóstico precoce que mulheres atendidas pela saúde suplementar e privada, conforme dados publicados por especialistas em clínicas privadas brasileiras.
A experiência de Itaberaí, com dados preliminares apresentados como case brasileiro no congresso da ASCO, é um trabalho em andamento. O estudo randomizado com 3.998 mulheres e a perspectiva de chegar a 4.200 participantes, teve os dados do primeiro ciclo, realizado durante quatro anos, fechados em 30 de novembro. “Agora, serão analisados no primeiro trimestre e apresentados no segundo trimestre de 2026”, prevê.
Como projeto e estudo, a iniciativa vem despertando o interesse de outros municípios brasileiros. O mastologista destaca como primordial o trabalho de um pesquisador responsável na localidade. “E entendimento concreto e real da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Saúde e da Câmara Municipal para que o projeto seja instalado com a participação de agentes de saúde contratados para aquela cidade”, ressalta.
Nos próximos anos, o estudo realizado a partir do Projeto Itaberaí, segundo Ruffo Freitas-Junior deve trazer mais dados sobre detecção do câncer de mama, mas principalmente vai avaliar impactos do diagnóstico precoce na eficácia dos tratamentos e na redução da mortalidade pela doença.
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