Doença de Menière: conheça mais sobre a síndrome que atacou recentemente a cantora Jessie J
A internação repentina da cantora britânica Jessie J, na véspera do Natal, causou alvoroço no mundo do entretenimento e ganhou destaque na imprensa mundial. Ela declarou, através das redes sociais, ter a sensação de estar “completamente surda do ouvido direito”, e que “não conseguia andar em linha reta”.
A artista foi vítima da Doença de Menière, uma síndrome caracterizada pelo aumento da pressão dos líquidos do labirinto — região interna da orelha responsável tanto pela parte de equilíbrio quanto de audição — e que desencadeia os sintomas relatados pela cantora. “No labirinto, há células auditivas, responsáveis pela audição, e células que detectam movimentos, que auxiliam no equilíbrio corporal. Com o aumento de pressão da endolinfa, essas células ficam prejudicadas, desencadeando uma série de sintomas, que costumam surgir em episódios que podem durar entre minutos ou horas. A intensidade das crises e a frequência podem variar de uma pessoa para outra”, explica Dr. Marcio Salmito, que é Coordenador do Departamento de Otoneurologia da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
O diagnóstico da Síndrome de Menière é feito por um especialista através da avaliação dos sintomas e do histórico clínico do paciente. “Antes do diagnóstico definitivo, o médico deve entender bem a história dos sintomas, examinar o labirinto, e realizar exames complementares para afastar a possibilidade de outra causa que possa estar provocando o mesmo tipo de sintoma, como uma infecção, tímpano perfurado ou alguma doença neurológica, por exemplo”, destaca Salmito.
De acordo com o otorrinolaringologista, trata-se de uma doença rara. “Na maioria dos casos, a Síndrome de Menière afeta inicialmente apenas um dos ouvidos, mas, no entanto, pode afetar ambos e pode se desenvolver em pessoas de todas as idades, embora seja mais frequente entre os 20 e 50 anos”, explica.
Pessoas que passaram por uma variação brusca de pressão atmosférica ou um trauma no crânio, entre várias outras possibilidades, também podem apresentar sintomas semelhantes aos da Doença de Ménière, o que torna muito importante uma avaliação detalhada por um médico com experiência no assunto. Além disso, a doença de Menière pode ser causada, ou agravada, por alguma outra condição. “Esse acúmulo de líquidos pode acontecer devido a diversos fatores, tais como alterações anatômicas do ouvido, alergias, infecções por vírus, pancadas na cabeça, doenças metabólicas (como diabetes), enxaqueca e resposta exagerada do sistema imune”, diz o especialista.
O problema não tem cura, e os principais sintomas são: vertigens, tonturas, perda do equilíbrio, zumbido, diminuição ou perda da audição e sensação de ouvido tampado. “É importante que o médico otorrinolaringologista seja consultado assim que surgirem os sintomas indicativos da síndrome, pois assim é possível iniciar o tratamento para aliviar os sintomas, que são desconfortáveis e podem aparecer com frequência, tais como náuseas e vômitos, além de prevenir novas crises”, ressalta Salmito.
Para reduzir a frequência das crises, estão indicados tratamentos com medidas comportamentais, como dieta pobre em sódio, realização de atividade física e terapia de reabilitação vestibular. Há ainda remédios, tais como o uso de alguns tipos de diuréticos, procedimentos como injeções dentro do tímpano e, em alguns casos, cirurgias mais invasivas. “É recomendada a restrição de sal, cafeína, álcool e nicotina, além de evitar muito estresse, pois pode desencadear mais crises. O sono de qualidade também é muito importante. Uma terapia não invasiva chamada reabilitação vestibular é indicada frequentemente e, caso a audição esteja muito prejudicada, o uso de aparelho auditivo também pode ajudar”, finaliza o Coordenador do Departamento de Otoneurologia da ABORL-CCF.
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