Brasil,

Saúde da mente e a nova realidade: a quarta onda da pandemia

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Betania Lins
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Por Juliana Vanin

Em maio de 2020, após dois meses de distanciamento social, o Instituto Bem do Estar e a NOZ Pesquisa e Inteligência conduziram a primeira fase do mapeamento Saúde da Mente & Pandemia. A pesquisa contou com mais de 1.500 participantes, que relataram alterações nos sentimentos e reações – sintomas relacionados tanto à depressão, quanto a ansiedade. Os resultados, ressalto, são preocupantes.

Na primeira fase da pesquisa, foi observado que 42% dos respondentes estavam saindo de casa menos de uma vez por semana. Pode-se notar que quanto maior era o nível de isolamento pessoal, maior eram as reações físicas e os sentimentos ligados à ansiedade e à depressão. Algumas sensações se destacaram, como medo e insegurança.

Os depoimentos coletados na pesquisa deixaram claro que o medo não era proveniente de um só fator, mas de todas as consequências e incertezas causadas pela pandemia, tanto relacionadas a saúde – ficar doente, contaminar alguém e até mesmo da morte – assim como aquelas relacionadas aos aspectos econômicas, como perda de renda e desemprego.

Observou-se que 80% dos que haviam sido demitidos entre março e maio de 2020 estavam mais inseguros, sendo 33% muito mais inseguros. Entre os que tiveram dispensa temporária (suspensão do contrato), 81% se sentiam mais inseguros. Já entre os que estavam trabalhando e não tinham sofrido nenhuma alteração na rotina, o percentual foi de 58%. Portanto, pode-se afirmar que a instabilidade econômico-financeira é um forte fator para maior insegurança.

No mesmo maio, a Organização das Nações Unidas (ONU) já destacava a necessidade urgente de aumentar investimentos em serviços de saúde mental durante a pandemia da Covid-19. Conforme afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), “o impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante". Ele ressaltou que "o isolamento social, o medo de contágio e a perda de membros da família são agravados pelo sofrimento causado pela perda de renda e, muitas vezes, de emprego". Especialistas apontam que as doenças mentais serão a quarta onda da pandemia, no entanto, o estudo que conduzi em parceria com o Instituto Bem do Estar comprova que essa “onda” já está entre nós; e ela constitui um verdadeiro tsunami.

Passados seis meses da primeira fase do mapeamento Saúde da Mente & Pandemia, o Brasil atingiu desemprego recorde, com 13,8 milhões de pessoas desempregadas. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgados em 30 de outubro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra taxa de 14,4% de desempregados. Análises publicadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demostram que a desigualdade no acesso a direitos básicos como saúde, saneamento e trabalho tornam a periferia e suas populações mais vulneráveis e afetadas de forma mais grave à pandemia da Covid-19. A ideia que o vírus atinge a todos é real, mas seus efeitos podem ser muito diferentes, conforme afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima: “a capacidade de proteção e de resposta a isso é diferente num país desigual como o nosso”.

As consequências são muitas, e entre elas os efeitos na saúde mental da população brasileira. A OMS, novamente em outubro, alertou sobre a necessidade de mais recursos financeiros serem destinados para a saúde mental, à medida que a pandemia continua com uma demanda ainda maior de programas direcionados na área. Estimativas pré-covid-19, destacadas também pela entidade, revelam que cerca de US$ 1 trilhão em produtividade econômica é perdido anualmente apenas com a depressão e a ansiedade; em contrapartida, a cada US$ 1 gasto em cuidados, US$ 5 retornam para a sociedade.

A segunda fase do mapeamento Saúde da Mente & Pandemia pretende levantar dados sobre os efeitos dessa nova realidade em que vivemos, mas já com as consequências econômicas e os efeitos de mais de oito meses da pandemia na saúde mental dos brasileiros, para continuar a gerar informações, de forma consistente e precisa. Além disso, diante desse novo contexto, pretende-se focar na população economicamente ativa, na juventude e nas periferias.

O projeto seguirá até janeiro de 2021 com o mapeamento final – Sociedade de Vidro na Pandemia, o qual contará com a comparação dos dados levantados e uma análise propositiva do impacto do isolamento social na saúde da mente, possibilitando apoiar iniciativas direcionadas ao setor e assim contribuir com a sociedade. Para participar da pesquisa e saber mais sobre o projeto, basta acessar www.bemdoestar.org/pesquisa-sade-da-mente-e-a-nova-realidade Quer colaborar? Se você tem uma empresa, escola ou um projeto social e quer colaborar com o estudo – divulgando aos colaboradores e estudantes –, envie um e-mail para

| Juliana Vanin é economista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduada em Finanças pelo Insper. Especialista em Pesquisa de Mercado, Inteligência de Negócios, Planejamento Financeiro e Estratégico, fundou, em 2015, a NOZ com o objetivo de unir conhecimentos de Economia Comportamental, Pesquisa, Planejamento Estratégico, Financeiro e de Marketing.

SOBRE NOZ PESQUISA E INTELIGÊNCIA

A NOZ é um ateliê de pesquisa e inteligência de negócios, cujo trabalho é entender desejos e comportamentos humanos. A empresa atua em todo o ciclo de negócio, unindo conhecimentos e metodologias de Economia Comportamental, Pesquisa, Planejamento Estratégico, Financeiro e de Marketing. Além de consultoria e projetos para empresas, a NOZ foca o trabalho em estudos sociais sobre diversos temas, como Cooperação, Educação, Trabalho e Empreendedorismo, Maturidade (50+), Doação, Mulheres e o Mercado de Trabalho. Fundada em 2015 por Juliana Vanin, a empresa produz informação e conhecimento, acreditando que estas têm o poder de transformar. Tem como objetivo impulsionar o debate, a troca de experiências e a escuta de novas visões e percepções. www.noz-pesquisaeinteligencia.com

SOBRE O INSTITUTO BEM DO ESTAR

Fundado em 2018 por Isabel Marçal e Milena Fanucchi, o Instituto Bem do Estar é um negócio social sem fins lucrativos, voltado à promoção da saúde da mente. Com o propósito de desafiar as pessoas a mudar o próprio comportamento em relação à saúde da mente, a organização colabora com a prevenção de doenças psicológicas e contribui para uma sociedade mais consciente e saudável. Para tal, possui três objetivos, que visam a transformação social necessária a uma sociedade que está em falência emocional: CONSCIENTIZAR, informa a população sobre os cuidados para uma saúde da mente de qualidade, estimulando a busca pelo autoconhecimento e o despertar da empatia por meio de conteúdo digital, campanhas de conscientização e mostras e exposições culturais; CONECTAR, promove experiências do cuidado com a mente, proporcionando ferramentas que contribuem com o desenvolvimento socioemocional individual e coletivo por meio de atividades práticas, como vivências, workshops e palestras, além da divulgação de locais de atendimento terapêutico gratuitos ou por contribuição consciente; MOBILIZAR, entende o contexto sobre saúde da mente e o impacto na sociedade, gerando estatísticas e articular agentes públicos e privados, visando o acesso a políticas públicas via pesquisas e práticas de advocacy. www.bemdoestar.org


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