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Novas estratégias que dão fim à enxaqueca incluem exame genético e cirurgia para descomprimir nervos

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Maria Claudia Amoroso
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Novas estratégias que dão fim à enxaqueca incluem exame genético e cirurgia para descomprimir nervos

Exame ajuda a identificar bases genéticas para prevenção e tratamento de dor de cabeça e enxaqueca. Outra estratégia é uma cirurgia pouco invasiva, que tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital, envolvidos nos pontos de dor.

A dor de cabeça é um sintoma neurológico comum, mas em sua fase mais séria, a crise de enxaqueca, pode durar até 72 horas, aparecer mais de 15 dias por mês e apresentar sintomas como dor intensa e pulsátil em um ou nos dois lados da cabeça, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz ou ao som. Segundo estimativas, a doença crônica Migrânea (Enxaqueca), conhecida popularmente como Enxaqueca, afeta cerca de 15% da população brasileira, sendo que a faixa etária dos 20 aos 45 anos é a mais acometida. “O ponto principal da enxaqueca é o fato de ser um problema crônico, ou seja, vai e volta com frequência. Enxaqueca é um transtorno neurológico multifatorial e poligênico associado a fatores ambientais, genéticos, hormonais e, especialmente, alimentares. Vários alimentos como aditivos alimentares e bebidas podem estar envolvidos nos mecanismos que desencadeiam a dor de cabeça em pessoas geneticamente suscetíveis”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene, laboratório especializado em análise genética e exames de genotipagem.

Como ainda não há uma medicação específica para a doença, e o tratamento é feito com medicamentos anti-hipertensivos, antidepressivos e antipsicóticos, além da toxina botulínica, o exame genético é uma maneira de prevenir alguns gatilhos para o problema. “Existem alimentos e bebidas, ou ingredientes contidos nesses produtos, que podem desencadear a crise de enxaqueca, bem como alguns alimentos que desempenham uma função protetora, dependendo da sensibilidade genética”, afirma o geneticista.

De acordo com a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), alguns dos fortes sintomas da enxaqueca podem ser amenizados com uma alimentação equilibrada, principalmente com a inclusão de castanha-do-pará, atum, canela, vegetais verde escuros e grão de bico, que podem ajudar a diminuir as crises de enxaqueca. “Alimentos ricos em selênio e magnésio são importantes para diminuir o estresse, enquanto anti-histamínicos (presentes na canela e gengibre) inibem a produção de prostaglandina, responsável pela sensação de dor”, afirma a médica. “Evitar fast-foods, frituras e alimentos gordurosos, que têm perfil mais inflamatório e liberam prostaglandina, também é fundamental, assim como diminuir o consumo de cafeinados, substâncias que alteram a circulação sanguínea e de bebidas alcoólicas, ligadas à vasodilatação”, explica a médica.

De acordo com o geneticista, os recentes avanços biotecnológicos melhoraram a identificação de alguns biomarcadores genéticos responsáveis pela sensibilidade individual à dor de cabeça e enxaqueca. “Devido a isso, é possível estimar o risco, adotar medidas preventivas e quando for o caso atenuar os sintomas e otimizar o tratamento. Por exemplo, algumas pessoas são mais sensíveis à presença de histamina nos alimentos e podem desenvolver quadros severos de dor de cabeça ou enxaqueca. O gene HNMT codifica a enzima histamina N-metil transferase, que inativa a histamina no cérebro, enquanto o gene DAO codifica a diamina oxidase (DAO), que remove a histamina do espaço extracelular”, afirma o geneticista. “Genótipos de risco dos genes HNMT e DAO levam a menor eficiência enzimática, o que pode levar a menor capacidade de neutralização do excesso de histamina, resultando em enxaqueca”, afirma. Alguns resultados de estudos destacam a importância do exame genético em doentes com enxaqueca geneticamente predispostos a níveis inferiores de enzima DAO, os quais podem obter benefícios adicionais com a prescrição de uma dieta baixa em alimentos que contenham maiores níveis de histamina, segundo o geneticista. “Dessa forma, com o exame e acompanhamento médico nutrológico, é possível diminuir os quadros intensos e frequentes de dor de cabeça”, afirma o especialista.

Cirurgia da enxaqueca – Um novo estudo da edição de agosto do Journal of the American Society of Plastic Surgeons, maior revista científica de Cirurgia Plástica do mundo, afirma que as crises de enxaqueca podem ter um fim de forma segura por meio da cirurgia. O artigo “A Comprehensive Review of Surgical Treatment of Migraine Surgery Safety and Efficacy”, feito em conjunto com o Comitê de Segurança do Paciente da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, avaliou o procedimento como seguro e eficaz. “Além disso, o artigo reforça a importância do tratamento a ser incorporado pelos cirurgiões plásticos e pelas sociedades de neurologia, como um tratamento para a enxaqueca”, diz o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University. O médico é um dos poucos no Brasil a realizar o procedimento. “A Cirurgia de Enxaqueca é hoje realizada por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes das publicações dos diferentes grupos comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma o médico.

A cirurgia para enxaqueca, disponível mais recentemente no Brasil e embasada cientificamente por uma série de estudos, promete ser um divisor de águas para quem sofre com o problema. O artigo foi uma revisão abrangente da literatura relevante publicada sobre o tema. Segundo o estudo, a experiência clínica recente com cirurgia de enxaqueca demonstrou a segurança e a eficácia da descompressão operatória dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço para aliviar os sintomas da enxaqueca. O artigo ainda afirma que, devido à novidade percebida desses procedimentos e à paranoia em torno de uma perda teórica do território clínico, os neurologistas condenaram o campo da cirurgia de enxaqueca. Mas o Subcomitê de Segurança do Paciente da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos decidiu investigar o histórico de segurança publicado da cirurgia de enxaqueca no corpo da literatura existente. “Nesse estudo, foram encontrados trinta e nove artigos publicados que demonstraram um corpo substancial e amplamente replicado de dados que demonstram uma redução significativa nos sintomas e na frequência da dor de cabeça da enxaqueca (mesmo a eliminação completa da dor de cabeça) após a cirurgia no local”, diz o Dr. Paolo.

Como a cirurgia age na melhora da enxaqueca – A cirurgia é pouco invasiva e tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital envolvidos nos pontos de dor. “Os ramos periféricos destes nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. Isto gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos responsável pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, que irão causar os sintomas de dor intensa, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som”, diz o médico.

Tipos de Cirurgia de Enxaqueca – As Cirurgias para Migrânea podem ser de sete tipos principais nas seguintes regiões: Frontal, Temporal e Occipital (nuca). Segundo o Dr. Paolo, para cada um dos tipos de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, sendo todos nas áreas superficiais da face ou couro cabeludo, ou ainda na cavidade nasal. O médico explica que cada cirurgia foi desenvolvida para gerar a menor alteração possível na fisiologia local. “Em todos estes tipos o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos do nervo trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto”.

Indicações – A cirurgia para enxaqueca pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migrânea feito por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações; ou em pacientes que sofram com efeitos colaterais das medicações para dor ou que tenham intolerância a estas medicações; ou ainda em pacientes que desejam realizar o procedimento devido ao grande comprometimento que as dores causam em sua vida pessoal e profissional.

Como surgiu a cirurgia para enxaqueca – A Cirurgia para Enxaqueca foi criada e desenvolvida, a partir de 2000, pelo cirurgião plástico Dr. Bahman Guyuron, em Cleveland nos EUA. Desde então, diversas equipes ao redor de todo o mundo vêm realizando este tipo de cirurgia com sucesso. Único médico a realizar a cirurgia em São Paulo, Dr. Paolo Rubez aprendeu detalhes das técnicas cirúrgicas desse procedimento com o Dr. Bahman Guyuron, por meio de sete estágios entre os anos de 2014 e 2019.

Segundo o Dr. Paolo Rubez, o procedimento foi criado a partir de cirurgias estéticas para a região frontal ou superior da face, de forma que o Dr. Guyuron notou que seus pacientes melhoravam das dores de enxaqueca, quando sofriam com o problema. Em 2005, o Dr. Guyuron e sua equipe publicaram um estudo prospectivo com randomização entre um grupo tratado e um controle sem cirurgia, envolvendo no total 125 pacientes. Do grupo tratado 92% dos pacientes obtiveram sucesso com a cirurgia, sendo que 35% apresentaram eliminação completa dos quadros de Enxaqueca. “Nos trabalhos científicos sobre a Cirurgia de Enxaqueca, o sucesso do procedimento é definido como uma melhora de no mínimo 50% na intensidade, duração e frequência das crises. Este mesmo grupo de pacientes foi acompanhado por cinco anos e, em nova publicação de 2011, comprovou-se a manutenção da melhora dos pacientes operados”, afirma o médico.

Por fim, o Dr. Paolo Rubez enfatiza que as cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral e em alguns casos sob anestesia local. “A duração da cirurgia, para cada nervo, é de cerca de uma a duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia para casa”, finaliza.

FONTES:

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

*DR. PAOLO RUBEZ – Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP.


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