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Cinco pontos para compreender a crise econômica na Venezuela

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Previsão de inflação do FMI para 2019 é de 10.000.000% no país sul-americano; por que a crise não acaba nunca?

A economia da Venezuela está em queda livre. A hiperinflação, os cortes de energia e a escassez de alimentos e medicamentos estão expulsando milhões de venezuelanos para outros países, como o Brasil e a Colômbia, onde há fronteiras. No entanto, o homem ao qual boa parte da imprensa internacional e dos próprios venezuelanos culpam pela situação, Nicolás Maduro, foi jurado presidente dois meses atrás.

O que está acontecendo, de fato, com a economia da Venezuela? Como um dos países mais prósperos do mundo nos anos 1960 e um dos exemplos de distribuição e igualdade social no começo dos anos 2000 vive um momento tão difícil e intrigante para qualquer área das ciências econômicas? A seguir, tentamos ajudar a entender.

A hiperinflação

É possível dizer que o maior problema na vida cotidiana dos venezuelanos é a hiperinflação. Esse fenômeno econômico fazem com que haja uma alta no nível dos preços de forma muito rápida e constante no tempo, fazendo com que o dinheiro perca valor em curtos períodos.

Entre janeiro e novembro do ano passado, a inflação passou de 100.000% para cerca de 1.400.000%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Assembleia Nacional da Venezuela, uma das instituições controladas pela oposição. O resultado é que tudo fica muito caro: dos alimentos às contas domésticas. No final do ano passado, os preços duplicavam, em média, a cada 19 dias, de acordo com a Assembleia.

Na prática, isso significa que um rolo de papel higiênico chegava a custar 2,6 milhões de bolívares em agosto do ano passado. Isso fez com que muitos venezuelanos buscassem formas engenhosas de encontrar produtos básicos -- às vezes, até mesmo comida podre.

Os motivos

No papel, a Venezuela é um país rico. Sabe-se que os venezuelanos têm algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. No entanto, um excesso de confiança no mineral, que representa cerca de 95% de seus recursos em exportações, deixou o governo de calças curtas quando o preço do barril de petróleo no mercado internacional caiu em 2014. Assim, a Venezuela entrou em déficit de dólar, a moeda de circulação mundial, o que a impediu de importar bens de consumo da mesma forma que fazia antes. Hoje, os que entram no país são escassos.

Com isso, as empresas venezuelanas aumentaram os preços dos produtos escassos, resultando na hiperinflação. Se a isso se adiciona que o governo do país começou a imprimir dinheiro extra e decidiu aumentar o salário mínimo para ganhar o apoio das classes populares, entende-se porque a moeda perdeu valor rapidamente.

O governo de Maduro também fez grandes esforços para conseguir crédito no mercado internacional depois que não conseguiu cumprir com alguns vencimentos de títulos do Estado. Como é difícil que os credores do exterior invistam na Venezuela durante a crise política e econômica atual, a solução do governo é imprimir mais dinheiro para sanar as contas -- e gerar mais inflação. É por isso que o bolívar é uma das moedas mais desvalorizadas do mundo hoje e a inflação é tão alta.

Os atos do governo

Em uma tentativa de abafar a crise econÔmica, o governo decidiu lançar uma nova moeda no final do ano passado, o bolívar soberano, que eliminou cinco zeros do final do antigo "bolívar forte", vinculando o novo dinheiro a uma criptomoeda, o "petro", em agosto de 2018. Na mesma época, começaram a circular as novas notas de 5, 10, 20, 50 100, 200 e 500 bolívares soberanos.

Outras medidas incluíram aumentar o salário mínimo 34 vezes em relação ao nível anterior e frear os subsídios aos combustíveis venezuelanos para quem não tenha o chamado "carnê da pátria". Também aumentou o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 4% para 6%.

Os resultados dos atos do governo

Mesmo com os esforços, a moeda seguiu perdendo valor desde que entrou em circulação, obrigando o governo a aumentar o salário mínimo novamente. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a taxa de inflação em 2019 chegue a 10 milhões por cento. Hoje, US$ 1 custa 637 bolívares soberanos.

O que pensam os venezuelanos?

Muitos venezuelanos culpam o chavismo, que chegou ao poder em 1999, primeiro sob o comando do falecido Hugo Chávez, e agora com a liderança de Maduro. Chávez assumiu o poder em um momento de grande desigualdade social no país, mas as políticas implementadas para ajudar os pobres não foram suficientes.

Entre os planos de Chávez estava o de regulação estatal dos preços. Sua intenção era que os produtos básicos, como a farinha, o azeite ou artigos de higiene pessoal fossem acessíveis aos pobres, mas em muitos casos as empresas venezuelanas deixaram de fabricá-los porque, com a medida, elas diziam que não seria rentável produzi-los.

Os críticos também culpam os controles da moeda estrangeira introduzidos por Chávez em 2003, porque fez surgir um mercado negro de dólares na Venezuela.

Outros, porém, colocam a culpa na crise econômica venezuelana na oposição, que consideram "hostil" e "golpista" e que culpam por ajudar nos projetos imperialistas dos Estados Unidos e da vizinha Colômbia. Eles dizem que as sanções dos EUA impediram a reestruturação da dívida do governo. Os defensores geralmente são pessoas mais pobres, que se beneficiaram com os programas sociais do governo e argumentam que, apesar da escassez, ainda é melhor hoje do que na época de fratura social pré-Chávez.

Mas não só: o professor e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra, um dos intelectuais mais respeitados na América do Sul, também afirma que a oposição venezuelana quer entregar o petróleo do país por pressão dos EUA: “Estamos perante uma guerra para controlar recursos naturais: neste caso, o petróleo. Há um desígnio de guerra que não vem sequer de Trump, mas de Obama, quando ele afirmou que a Venezuela representava um risco extraordinário para a segurança estadunidense”.

Parte da reeleição de Maduro, no ano passado, aconteceu por causa dessa faixa da população. No entanto, a oposição boicotou as eleições presidenciais e muitos partidos não participaram sequer da campanha.

Segundo a ONU, 3 milhões de venezuelanos (ou 10% da população) já deixaram o país desde que a crise começou, em 2014. Segundo a entidade internacional, a migração já é uma das maiores migrações forçadas do hemisfério ocidental. Entre os que se uniram ao êxodo estiveram um juiz da Suprema Corte leal a Maduro, Christian Zerpa, que afirmou estar saindo da Venezuela para protestar contra o mandato do presidente.

A vice-presidenta venezuelana, Delcy Rodríguez, disse que os dados da ONU são inflados e produzidos por "países inimigos" que tentam justificar uma intervenção militar no país.

A maioria dos migrantes cruzaram a fronteira e entraram na Colômbia, para onde foram para Equador, Peru e Chile. Outros estão no Sul do Brasil. Ainda há cerca de 200 mil venezuelanos que chegaram a Espanha, porque são descendentes de espanhóis que vieram à América do Sul nos anos 1950 e 1960 fazer dinheiro com o petróleo. A ONU estima que há 85 mil venezuelanos em território brasileiro.


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