Crescimento dos leilões imobiliários atrai quem busca casa própria, mas exige cuidados jurídicos
Com aumento dos preços dos imóveis no mercado tradicional, brasileiros recorrem aos leilões de imóveis. Especialista alerta para os riscos e orienta como comprar com segurança.
O mercado de leilões imobiliários segue em alta no Brasil. Segundo levantamento da Fipe em parceria com a Zuk, 47% dos compradores de imóveis em leilões têm a intenção de adquirir o bem para morar, e não apenas para investir. Esse dado reflete uma mudança no perfil dos participantes, impulsionada pela alta dos preços no mercado tradicional e pelo aumento das taxas de financiamento.
De acordo com o advogado Carlos Campi, especialista em leilões de imóveis, os leilões deixaram de ser um ambiente restrito aos investidores. “Os preços dos imóveis estão muito altos e o crédito ficou mais caro. Isso faz com que os descontos oferecidos nos leilões chamem a atenção de quem busca a casa própria”, explica.
No entanto, ele alerta que essa modalidade exige atenção redobrada. “É fundamental ler o edital com muito cuidado. Nele, estão todas as regras, obrigações e condições do imóvel. Também é indispensável solicitar a matrícula atualizada do imóvel para verificar se existem pendências como penhoras, indisponibilidades, hipotecas, por exemplo”, ressalta.
Campi destaca que um dos erros mais comuns é não observar dívidas que podem estar vinculadas ao imóvel. “Se não for feita uma análise criteriosa, o comprador pode acabar assumindo dívidas como IPTU e taxas condominiais, o que pode gerar uma enorme dor de cabeça”, alerta.
Outro ponto que gera dúvidas é sobre as dívidas do antigo proprietário. Segundo o advogado, no leilão extrajudicial — geralmente promovido por bancos — não se herda dívidas de financiamento.
Já no leilão judicial, é preciso atenção. “O arrematante pode não estar adquirindo a propriedade plena do imóvel, mas sim os direitos do contrato de financiamento. É preciso verificar se o valor da arrematação será usado para quitar o saldo devedor e se não vai sobrar nenhuma pendência”, explica.
Sobre a desocupação, o especialista reforça que não há um prazo definido. “Isso depende de vários fatores, especialmente da agilidade do Judiciário. Sempre recomendo, quando possível, buscar um acordo para desocupação amigável, o que costuma ser mais rápido e menos custoso”, orienta.
Com o crescimento dos leilões online, os golpes também se multiplicaram. Campi reforça que é essencial verificar se o leiloeiro está devidamente registrado na Junta Comercial do estado onde atua. “Sites falsos geralmente não têm protocolo HTTPS e não terminam com ‘.com.br’. Também é possível consultar denúncias no site www.leilaoseguro.org.br, aconselha.
Em casos de problemas como falhas no processo — por exemplo, se não houve a intimação do devedor —, a legislação permite que o comprador desista da arrematação sem qualquer penalidade. Contudo, é importante evitar leilões que apresentem esses defeitos em seu procedimento, pois o ressarcimento do valor pode demorar muito.
Por fim, o advogado deixa uma recomendação clara para quem deseja ingressar no mercado de leilões. “Estude, se informe e, se possível, contrate uma assessoria especializada. Leia o edital, consulte a matrícula, verifique todos os detalhes sobre dívidas, ocupação e processos. E, muito importante, planeje bem sua parte financeira, pois além do lance, há outros custos, como a comissão do leiloeiro”, finaliza.
Sobre o advogado Carlos Campi:
Dr Carlos Campi é Sócio fundador da Carlos Campi Advogados e da Fratelli Leilões. Com mais de dez anos de atuação, o advogado é especializado em direito imobiliário com ênfase em leilão de imóveis e regularização de imóveis.
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