Varejo surpreende as expectativas ao crescer 0,6% em novembro
Marco A. Caruso | Lisandra Barbero | Eduardo Vilarim
Resumo
Surpreendendo positivamente o mercado, o comércio varejista brasileiro desacelerou 4,2% na comparação interanual de novembro, o equivalente a uma alta de 0,6% em relação ao mês anterior, na série livre de efeitos sazonais. Já o varejo ampliado, que inclui também os segmentos de veículos e materiais de construção, contraiu 2,9% na comparação do mesmo período, o equivalente a uma alta de 0,5% ante outubro. O resultado veio acima tanto das nossas expectativas (-5,9% a/a) quanto da mediana do mercado (-4,8% a/a).
Com Black Friday de 2021 menos intensa (em termos de volume) em relação a 2020, o resultado do varejo foi influenciado principalmente pelo segmento de supermercados, prod. alimentícios, bebidas e fumo (0,9% m/m). No geral, os números foram positivos, embora o comércio varejista pareça ter dado menos descontos em relação a 2020, reforçando o entendimento de que os custos ainda seguem pressionados devido a inflação elevada e, em menor grau, a redução de disponibilidade de crédito.
Detalhes
O resultado do comércio varejista de novembro foi puxado principalmente pelo volume de supermercados, prod. alimentícios, bebidas e fumo (0,9% m/m), o que fica mais difícil de prever dada a indisponibilidade da série de dados que antes era divulgada pela ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados). De maneira curiosa, os segmentos (que ao nosso ver) estão um pouco mais correlacionados com os descontos promovidos pela Black Friday, obtiveram pior desempenho, à exceção dos artigos de uso farmacêutico e artigos de uso pessoal e doméstico. Esse é o caso dos móveis e eletrodomésticos, que apresentaram contração de 21,5% frente a 2020.
Na série ampliada, o crescimento do volume de vendas do setor automobilístico (0,7% m/m) chama a atenção pois vem de encontro aos dados divulgados pela Fenabrave, que contraíram 2,2% no que tange ao volume de veículos licenciados em novembro. Para os materiais de construção (0,8% m/m), é interessante observar como o segmento, que foi um dos destaques na divulgação do PIB do 3T21, tem expandido suas atividades através de múltiplas apurações. Na pesquisa de produção industrial, a produção de insumos típicos para a construção civil avançou 0,2% em novembro e já se encontra num nível acima do pré-pandemia.
Por fim, quando observamos a receita, o impacto das pressões inflacionárias se torna mais evidente: se por um lado, o varejo ampliado recuou 2,9% frente a novembro de 2020, a receita avançou 11,07% no mesmo período.
Olhando à frente, entendemos que a atividade econômica deve continuar se recuperando de forma heterogênea, com a indústria ainda fragilizada pela falta de insumos e aumento de custos enquanto o setor de serviços deve performar positivamente, influenciado, sobretudo, pelo consumo das famílias e o comércio, influenciado pontualmente pelas festas de fim de ano. De toda maneira, os resultados de novembro trazem um viés levemente positivo para as nossas projeções de crescimento, hoje em 0,0% e 4,5% no quarto trimestre e em 2021, respectivamente.
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