Vendas no varejo surpreendem e recuam apenas 0,6% em março
Devido às medidas de isolamento mais severas, o mercado esperava por uma queda muito maior, mas o resultado de “Supermercados” compensou a queda de outros setores
De forma surpreendente, as vendas no varejo restrito registraram queda de apenas 0,6% em março na comparação mensal dos dados dessazonalizados, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Destaque para os segmentos de “Tecidos, vestuário e calçados” e “Móveis e eletrodomésticos”, que apresentaram queda de 41,5% e 22,0%, respectivamente, e para o segmento de “Super e hipermercados”, que subiu 3,2% e, praticamente, compensou a queda dos demais. No 1º trimestre do ano, o varejo restrito acumulou queda, também, de 0,6% e, na variação acumulada em 12 meses, o resultado passou de 0,4% para 0,7%.
A variação no mês surpreendeu a muitos, dado que diversos fatores apontavam para uma queda mais forte, dentre eles, as medidas de isolamento social mais severas (fase emergencial), a falta de confiança e a falta de suporte do governo por meio de programas de auxílio.
Na avaliação dos economistas da Boa Vista, as expectativas para o mês de abril são ligeiramente melhores. A confiança recuperou, em parte, a queda observada em março e o auxílio emergencial teve a 1ª parcela paga. Contudo, os níveis de confiança do comércio e do consumidor seguem abaixo dos patamares observados antes da pandemia e o novo auxílio emergencial, apesar de dar um fôlego às famílias, é muito menor em relação ao primeiro e curto, pois serão apenas 4 parcelas no total. Além disso, outro fator deve pressionar as vendas do varejo ao longo do ano, a inflação, bem como a tentativa de frear seu ímpeto.
No ano, o IPCA avançou 2,05% (até março) e o IGP-M, 9,90% (até abril). Em reação, o Copom anunciou, em 05/05, mais um aumento na taxa Selic, que passou de 2,75% para 3,50%. Novos aumentos não foram descartados pela entidade e a tendência é de que a Selic continue subindo. Isso tende a encarecer um pouco mais o crédito ao consumidor, e tanto a taxa de captação quanto o spread já estão em alta, reduzindo expectativas para o consumo.
Mas com a retomada das atividades presenciais, setores como ‘Móveis e eletrodomésticos’ e ‘Tecidos, vestuário e calçados’, que apresentaram forte queda em março, devem restaurar parte das perdas nos próximos meses.
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