Afinal, dólar é investimento? Alguns acreditam que não, já que a moeda não representa uma geração de valor, ou seja, suas variações dependem de fatores externos que modulam as taxas de câmbio.

Por outro lado, há quem acredite que a moeda mais forte do mundo é um ativo relevante para a carteira de investimentos, uma vez que a sua estabilidade garante boa proteção ao patrimônio.

Em 2020, com as crises política, econômica e sanitária, o dólar já se valorizou 31% frente ao real, somente até o mês de junho. Será que ainda é vantajoso aplicar dinheiro na compra da moeda?

Especialistas garantem que sim. Porém, é importante estar atento e destinar apenas uma pequena fatia para essa aplicação. Não é recomendável que o recurso seja parte da reserva de emergência, por exemplo, que deve ser aplicada em investimentos mais seguros e de liquidez imediata.

Como investir?

Dá para apostar no dólar e garantir uma maior diversificação da carteira de investimentos para além do papel-moeda, que, embora seja o mais comum, é também o mecanismo mais oneroso.

Ações

Uma das maneiras de proteger o patrimônio por meio da aquisição de dólares é a compra de ações de empresas americanas. É possível fazer isso investindo diretamente em bolsas internacionais ou operando pela B3, a Bolsa de Valores brasileira.

Neste caso, há opções de BDR (Brazilian Depositary Receipt), espécie de fundo de investimentos que conta com um gestor para avaliar as opções de maior rentabilidade disponíveis no mercado.

Tudo é negociado em reais, garantindo recursos brasileiros para as empresas e diversificação da carteira para o investidor nacional.

Fundos Cambiais

Como no BDR, os fundos cambiais também contam com gestores e implicam no pagamento de taxas de administração. Ainda assim, é mais barato investir em dólar por meio desses fundos do que comprando papel-moeda.

Os fundos cambiais são tipos de fundos de investimento aberto, ou seja, permitem aplicações e resgates de uma forma bem simples. É possível investir até 80% do patrimônio em contratos de dólar e em outros ativos relacionados à moeda negociados na Bolsa.

No entanto, esse tipo de aplicação requer cuidado e atenção. O primeiro passo é saber que a operação tem seus custos: além da taxa administrativa, tem ainda o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a parcela do Imposto de Renda.

Ainda antes de optar por essa modalidade, é importante conhecer o perfil do investidor para ajustar as expectativas e lembrar que trata-se de um investimento de longo prazo.

Letras de Câmbio (LC)

As letras de câmbio são um tipo de investimento de renda fixa. É quando o banco pega dinheiro emprestado do investidor para arcar com as suas atividades. O banco capta esses recursos e empresta para outras pessoas ou empresas, e o investidor recebe um pagamento por esse empréstimo.

O retorno pode ser bastante interessante. As LC pós-fixadas, por exemplo, podem pagar até 100% de CDI (taxa de juros de operações interbancárias). Já as prefixadas têm rentabilidade variável, de acordo com o contrato fechado com a corretora.

Mas cabe um adendo: Letras de Câmbio de corretoras tendem a oferecer remuneração melhor do que as oferecidas pelos bancos.

Como as corretoras trabalham com bancos menores e poucos conhecidos para serem competitivas, a garantia de retorno tem que ser mais atrativa.

Outros pontos importantes: as LC também exigem o pagamento de IOF e o Imposto de Renda é retido na fonte.

Compra on-line

O dólar comercial não é disponibilizado para pessoa física. Apenas instituições cadastradas pelo Banco Central estão autorizadas a negociar a moeda utilizada nas transações de importação e exportação.

Sua cotação costuma ser mais baixa do que a incidida no dólar turismo, que qualquer pessoa pode adquirir por meio de casas de câmbio e é utilizado em viagens internacionais.

Para comprar o dólar comercial é preciso entrar no site do Banco Central e acompanhar o ranking do VET (Valor Efetivo Total), que considera todas as taxas necessárias para a realização da operação.

Com uma conta bancária aberta em instituição internacional é possível comprar dólar on-line por meio de plataformas digitais, que costumam cobrar taxa fixa de custo de envio, independente do valor a ser enviado, mais o IOF.