Sem criptografia não será possível mitigar ciberataques como os que têm ocorrido ultimamente, diz especialista
O ataque cibernético sofrido por uma grande varejista brasileira, que afetou parte de seus sistemas e de sua operação, inclusive o aplicativo de compras e o site da companhia, usado como uma loja virtual, infelizmente deverá ocorrer com outras empresas do setor no Brasil e, talvez, com maior intensidade. O alerta é de Edson Gaseta, especialista em cibersegurança da Kryptus, multinacional brasileira especializada em segurança cibernética e criptografia para aplicações empresariais, governamentais e militares.
A advertência e misto de “presságio” de Gaseta tem como base três fatores preponderantes e inter-relacionados. O primeiro fator, segundo ele, é que quando um grande varejista é alvo de um ciberataque bem-sucedido, mesmo com controles de segurança implementados, a tendência é que isso motive outros cibercriminosos a realizar ataques a companhias do mesmo setor e se estender para outros segmentos de mercado, incluindo médias empresas.
Outro aspecto apontado por ele é que os ciberataques, particularmente de ransomware, tendem a aumentar nos próximos meses e anos de forma exponencial e ficar mais sofisticados, conforme atestam inúmeros estudos de mercado. Por fim, há o fato de que, de maneira geral, as empresas brasileiras investem menos de 5% do faturamento em segurança da informação, em especial em soluções de criptografia.
O uso da criptografia em todas as etapas do tratamento de dados, da coleta ao armazenamento, é essencial, segundo Gaseta, porque previne até mesmo quando o agente de uma ameaça ou alguém mal-intencionado obtém acesso não autorizado aos dados. “Com os dados cifrados, diz ele, para o cibercriminoso, aumenta a dificuldade em tornar dados úteis para eventualmente negociar resgate, tornando-os praticamente sem valor. Portanto, a criptografia é fundamental também caso haja um vazamento de dados”, diz.
“No combate a um inimigo tão poderoso quanto o ransomware é preciso dispor de uma ferramenta de criptografia robusta e já testada no mercado”, ressalta Gaseta. Mas ele salienta que somente encriptar os dados não é suficiente porque, uma vez cifrados, o risco é transferido para as chaves criptográficas, portanto, protegê-las é crucial para a segurança dos dados.
Gaseta observa, ainda, que a criptografia deve vir acompanhada de outras ferramentas e da adoção das melhores práticas para a proteção de dados, já que ela por si só não garante 100% a segurança. Desse modo, ele recomenda que as empresas executem práticas de cibersegurança como:
• Auditar periodicamente os controles de acessos aos ativos de informação (sistemas, equipamentos, entre outros), seja em um ambiente tecnológico on premises ou em nuvem;
• Implementar ferramentas de monitoramento correlacionado com eventos de segurança cibernética;
• Executar varreduras constantes nos ativos de informação para avaliar as vulnerabilidades existentes e realizar testes de invasão (pentest) nas aplicações críticas em todas as plataformas disponíveis para acesso;
• Implementar soluções criptográficas com definição de estratégia para os dados considerados mais importantes para a empresa.
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