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Tecnologia segue avançando no futebol: streaming é solução?

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Luana Biral
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Flamengo e Fluminense recorreram ao streaming: resultado tem pontos positivos e negativos

Os esportes muitas vezes são um pouco reticentes com a tecnologia, afinal sempre é argumentado sobre a importância da tradição e de manter o jogo da forma mais original possível. Ao mesmo tempo é inegável como é possível melhorar o jogo com o uso de equipamentos, seja o árbitro de vídeo ou um chip na bola que pode detectar se ela cruzou o plano do gol sem margem para dúvidas. A internet também serve de forma excelente para a disseminação de notícias – leia mais aqui – discussões e envolvimento direto com os fãs.

A última novidade foi o streaming de jogos. Isso já acontecia com plataformas como o Premiere Play, da Globo, mas com a briga do Flamengo com a emissora, o clube começou a transmitir seus jogos pelo canal de YouTube chamado FlaTV.

A qualidade

Equipamento é apenas uma parte do negócio. Investir em câmeras, controladores, caminhões de transmissão, drones, enfim, tudo isso custa caro e se todos os times decidirem transmitir seus jogos por conta própria (cenário improvável, mas vale pelo exercício) podem surgir discrepâncias.

É importante que além da qualidade técnica da imagem, também seja discutido o conteúdo. É normal que um jogo da FluTV tenha torcida pelo Fluminense, mas não são só torcedores do Fluminense que estão assistindo e falar os nomes dos jogadores rivais é algo básico. A informação precisa ser privilegiada. Isso acontecerá? Não sabemos.

A exposição menor

As grandes ligas americanas (NBA e NFL), disparadas os melhores exemplos de gestão de recursos, salários, união dos clubes (no caso, franquias), acreditam no mata-mata para decidir campeonatos e na negociação conjunta e divisão de recursos o mais igualitariamente possível.

Por que esses dois fatores se ligam? Simples. O mata-mata concentra a atenção das pessoas e uma final de campeonato será de interesse das duas torcidas envolvidas mas também de todos os amantes do esporte. O mesmo não se aplica para o jogo do campeonato da 38ª rodada do Brasileirão, com outros 9 jogos acontecendo no mesmo instante.

Com cada um no streaming e possivelmente sendo cobrado um valor, a atenção irá se diluir. E isso afetará a exposição de marca dos patrocinadores, que não terão mais uma exibição em horário nobre na emissora de TV.

A questão da busca pela igualdade é bastante interessante: não é por uma questão ética ou moral e sim competitiva e financeira. Uma competição deve ser medida pela força dos “menores”. Se os menores são sacos de pancadas, atolados em dívidas, você cria jogos nada interessantes, seja entre eles ou contra os mais fortes.

Um campeonato ideal tem paridade, mudança de forças constantemente e a atenção do público no máximo número de jogos possível.

Já seria dura por si só, mas a punição imposta pela FIFA, retirando seis pontos do Cruzeiro por não ter pagado uma dívida referente a uma contratação antiga foi um baque enorme.

Com o maior equilíbrio que existe na Série B e a dificuldade crescente, seis pontos, por exemplo, é mais do que diferenciou o Vasco para subir em 2016 – terceiro com 65 pontos – do Náutico com 60.

Os rivais não são moles. O maior deles deve ser o América, que neste momento é o líder do estadual e tem histórico de acessos. Ponte Preta e Guarani podem não ser os mesmos dos áureos tempos, mas jogar em Campinas nunca é fácil. E o Nordeste vem forte com muitos representantes: o Vitória é o maior deles, mas ainda tem o Náutico campeão da Série C e também o CRB, CSA e Confiança.

Por fim, a Chapecoense pode se recuperar e provar que tem uma estrutura como clube, inclusive disputando Libertadores duas vezes depois da tragédia de seu acidente aéreo.

Ou seja, dependemos das TVs?

Não necessariamente. Voltando aos exemplos americanos, a divisão dos direitos de transmissão é dividida igualmente entre as 32 franquias da NFL (liga de futebol americano). Mas é vendida em pacotes, com jogos de domingo a tarde para uma emissora, o jogo mais importante do domingo (Sunday Night Football) para outra emissora, o jogo único de segunda para uma terceira e até o jogo de quinta para outra.

Isso cria competição e maiores valores. Mas nesse jogo de quinta, por exemplo, já foram feitos testes com YouTube e a Amazon. Ou seja, o streaming é sim uma alternativa válida, mas a pior forma de fazer isso é criando transmissões clubistas, que serão sempre um nicho.

A mentalidade precisa ser agregadora e conjunta, não querer mais controle para fazer o que der na telha sem se preocupar com nada. Porque isso irá gerar uma competição mais fraca, com menor atenção do público e interesse de anunciantes.

Portanto o streaming é sim solução. Mas não em detrimento das televisões e o coletivo. O futebol pode ser de todos.

Um elemento comum dos principais clubes do Brasil quando caíram foi uma reconexão com a torcida. O Corinthians em 2008 é o principal exemplo. Sem essa possibilidade, o Cruzeiro perde um pouco do mando de campo forte que poderia ter.


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