Despreparo para ensino bilíngue é desafio nos EUA e no Brasil, apontam estudos
Quase metade dos professores relata falta de preparo para ensinar alunos multilíngues; pesquisas destacam carência de materiais e formação docente
Quase metade dos professores de escolas públicas nos Estados Unidos relata não estar completamente preparada para ensinar alunos que estão aprendendo inglês como segunda língua. A informação consta em uma pesquisa da RAND Corporation com mais de 7.500 professores e 1.300 diretores escolares. Segundo o levantamento, esses estudantes, chamados de alunos multilíngues, representam cerca de 10% da população escolar e formam a subpopulação que mais cresce nas matrículas públicas do país.
No Brasil, os desafios também são expressivos. Um estudo de 2024 realizado pelo Inter-American Dialogue revelou que 36% dos professores brasileiros se consideram apenas parcialmente preparados para ensinar inglês, enquanto 4% admitem não ter conhecimento adequado do idioma. Mais da metade (60%) nunca realizou certificações formais, e quase metade (49%) afirma que sua formação inicial foi apenas parcialmente suficiente para desenvolver proficiência e habilidades pedagógicas.
Sem domínio da língua, professores enfrentam dificuldades não apenas em aplicar metodologias modernas, mas também em estabelecer uma comunicação eficiente com alunos multilíngues. Isso se torna ainda mais preocupante diante do avanço de programas bilíngues e da crescente diversidade linguística nas salas de aula brasileiras.
Em entrevista à Education Week, a pesquisadora da RAND Corporation, Sabrina Lee, destacou que os dados revelam lacunas tanto na formação profissional quanto no acesso a materiais pedagógicos adaptados. Apenas cerca de 10% dos diretores que atendem esse público afirmaram priorizar, simultaneamente, a capacitação dos professores e o uso de materiais específicos. Entre os professores que trabalham com alunos multilíngues, dois terços apontaram necessidade moderada ou grande de materiais mais adequados.
“Os educadores precisam estar bem equipados com as ferramentas certas, com os materiais certos, mas também precisam saber como usar esses materiais de forma eficaz”, afirmou Lee.
Para lidar com essa realidade, especialistas sugerem que o uso de tecnologias educacionais pode contribuir de forma complementar, especialmente em contextos onde faltam recursos humanos qualificados. Entre as plataformas que adotam essa abordagem está o TutorMundi, que oferece atendimento sob demanda com tutores formados por universidades brasileiras e ferramentas baseadas em inteligência artificial.
“A IA ajuda a identificar dificuldades e sugerir estratégias de ensino, mas o papel humano ainda é essencial para interpretar o contexto, adaptar a linguagem e criar conexão com o aluno”, explica Rapha Coe, engenheiro e fundador do TutorMundi.
A proposta é atender, de forma mais contextualizada, estudantes com repertórios linguísticos diversos, inclusive em escolas que ainda não contam com programas bilíngues estruturados. Segundo registros da plataforma, entre 2019 e 2025 o TutorMundi realizou mais de 700 mil atendimentos em disciplinas previstas na BNCC, como matemática, física, química, biologia, redação e ciências humanas, além de idiomas como inglês, espanhol e português.
A RAND recomenda que redes de ensino invistam em aprendizagem colaborativa entre docentes, desenvolvimento profissional baseado em currículo e maior atenção à produção de materiais voltados ao ensino bilíngue.
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