A astróloga Cláudia Lisboa, que atende clientes há cinco décadas, oferece uma perspectiva menos determinista. Ela pondera que o mapa astral revela tendências, mas não sentencia destinos. “As coisas acontecem e dependerão de outros fatores: do cenário onde nós nos encontramos, da situação do todo, do coletivo.” Esse tipo de análise tem atraído pais que querem fazer mapa astral infantil para compreender melhor as características dos filhos, sem pretensões de prever o futuro de forma absoluta.

O psicanalista e escritor Mário Corso traçou um paralelo em sua coluna periódica. “A astrologia liga o cosmos com a vida. Quando nascemos, o momento preciso do complexo relógio da posição dos astros cristalizaria, de alguma forma, algumas das nossas características.” Ele observa que muitas pessoas aceitam com naturalidade a influência dos astros, mas resistem veementemente quando o assunto é herança genética.

“A genética fala de possibilidades, que podem ser ativadas ou não, dependendo do meio”, define Corso. Essa visão, segundo ele, se aproxima da perspectiva astrológica contemporânea, que entende o mapa astral como um conjunto de potencialidades, não como uma sentença imutável.

Diferenças individuais reveladas desde cedo

Cláudia Lisboa compartilha casos que acompanhou pessoalmente. Bernardo, nascido em 30 de dezembro sob o signo de Capricórnio, demonstrou desde pequeno uma relação peculiar com números. Ele costumava passar viagens inteiras contando até a casa dos milhares, dizendo já ter chegado a um milhão.

Sua prima Clarice, geminiana nascida em 14 de junho, trilhou um caminho diferente. Com apenas 6 anos, a menina já domina leitura e escrita com desenvoltura. A astróloga observa que, embora ambas as crianças tenham acesso aos mesmos estímulos familiares, como casa cheia de livros e pais que incentivam a leitura, cada uma teria desenvolvido habilidades distintas conforme suas inclinações naturais.

Para Lisboa, a questão central não é determinar se uma criança nasceu para o sucesso, mas compreender como o ambiente pode favorecer ou prejudicar o desenvolvimento de suas potencialidades. A astróloga alerta para o risco de forçar uma criança contra sua natureza: insistir que Bernardo se comunicasse como Clarice, ou exigir que ela calculasse como ele, significaria desperdiçar talentos genuínos em nome de expectativas padronizadas.

Mapa astral infantil como ferramenta de compreensão

Profissionais e pais que buscam aprofundamento nessa área têm procurado formação específica. O curso de astrologia online tem atraído interessados em decifrar os símbolos astrológicos para aplicação prática na educação infantil, sempre com a ressalva de que se trata de orientação, não de prescrição.

Enquanto o mapa tradicional abrange questões como carreira e relacionamentos amorosos, a versão infantil foca em aspectos pertinentes ao desenvolvimento: tipos de brincadeira adequados, relação com alimentação e sono, escolha de atividades extracurriculares e abordagens educacionais.

Ana, psicóloga de 69 anos que atua também com astrologia e tarô, decidiu encomendar seu próprio mapa infantil por curiosidade retrospectiva. “Foi surpreendente. A leitura me levou a memórias de vivências já esquecidas. Fiz resgates muito interessantes de aspectos que vivi. Ler o mapa astral me faz refletir sobre toda a beleza da vida, dos desafios e conquistas que encaramos”, relata.

Predestinação ou potencialidades?

Lisboa usa de uma metáfora, comparando o mapa astral a uma espécie de GPS: ele mostra o caminho, indica quando o trânsito está fluido ou congestionado, mas quem decide a rota é sempre o condutor. As técnicas astrológicas – trânsitos, progressões, revoluções solares – mapeiam momentos, permitindo que famílias se programem para “fazer melhores escolhas conforme o conhecimento dessas tendências”.

O portal Astrologia Luz e Sombra destaca que “cada criança é um universo único”. Algumas florescem em ambientes calmos, outras precisam de estímulos dinâmicos. Essas diferenças aparecem inclusive entre irmãos, ressaltando a multiplicidade humana.

Para famílias interessadas em explorar essas questões, fazer mapa astral tornou-se uma entre várias ferramentas disponíveis, ao lado de avaliações psicopedagógicas, testes vocacionais e acompanhamento do desenvolvimento infantil.

A resposta à pergunta inicial parece residir numa zona intermediária: crianças não nascem com destino selado, mas chegam ao mundo com inclinações e potenciais específicos. Identificá-los e cultivá-los permanece como desafio para todos que se dedicam a educar.