Precisamos combater de verdade a corrupção
Por Jefferson Kiyohara
Vivemos um momento de polarização e disputas no Brasil. E precisamos de bandeiras e pontos de interesse comum para fazer o Brasil progredir. Um desses pontos deveria ser o combate à corrupção. Precisamos que as escolas, as faculdades, as empresas, as ONGs e a mídia em geral expliquem para todos o que é a corrupção, quais os seus impactos e porque é algo tão ruim e deveria ser uma preocupação de todos. O Brasil não pode aceitar que a luta contra a corrupção regrida ou achar normal ter péssimas posições no índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional ou mesmo ser monitorado pela ODCE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como anunciado recentemente.
Fugindo da visão mais técnica, entenda que a corrupção é algo ruim e desleal, que rouba algo de você sem usar a violência física, com o uso de revólver ou faca. Fazendo uma analogia, imagina que você tenha um parente internado, com falta de ar no hospital e vem um sujeito e pega o cilindro de oxigênio usado pelo seu parente e leva embora. Você ia deixar? Acredito que não. Então, porque aceitar que está tudo bem o corrupto levar vantagem para favorecer alguém, ter compra superfaturada ou comprar itens sem necessidade para ser jogado fora? Na prática, ele também está levando embora o oxigênio que o seu parente precisava. E pode ser também a vaga na UTI, o remédio, a ambulância.
E não é só a saúde que o corrupto leva embora. O mesmo vale na educação, pois a corrupção deixa as escolas sucateadas, tira verba dos professores, faz ser insuficiente os materiais de limpeza e empobrece a merenda das crianças. Leva também empregos. Para gerar empregos é preciso ter investimentos, por exemplo, por meio da abertura de uma nova empresa, da ampliação de uma linha de produção ou do lançamento de um novo serviço. Vale lembrar: quem tem dinheiro tipicamente busca aumentar os seus ganhos e reduzir os seus riscos. Já a corrupção reduz ganhos e aumenta os riscos, gera incerteza e segurança, que levam ao desemprego.
Além de enganar o cidadão, o corrupto ainda busca convencer você que o problema não é ele e sim quem tenta atrapalhá-lo. Ataca o Ministério Público, a polícia, os juízes e a imprensa, ou seja, todos que têm um importante papel no combate ao crime. Não caia nessa enganação. A reportagem investigativa, por exemplo, serve para criticar e tornar público o que está de errado. Você pode não gostar da notícia e ter suas fontes de preferência, mas ter a pluralidade e a imprensa livre é fundamental para o debate, para a democracia e para uma boa gestão pública.
Há ainda os que atacam os juízes pela decisão tomada, mas não se atentam ao que diz a Lei que embasou a decisão. As Leis precisam facilitar que o corrupto seja preso e devolva o dinheiro desviado. Precisamos eleger deputados e senadores para isto, acompanhá-los e cobrá-los para as medidas cabíveis aconteçam. É desanimador ver como historicamente é difícil combater a corrupção no Brasil, punir os responsáveis e recuperar o dinheiro desviado. Precisamos evoluir.
Não devemos esperar que alguém resolva o problema da corrupção. Somos todos parte da solução. Escolha os políticos e os partidos de sua preferência e não acredite na versão de que são todos corruptos ou que isso é algo normal e faz parte do processo. Busque utilizar o seu voto de forma consciente e crítica, elegendo quem você acredita que seja trabalhador, honesto e que tenha valores alinhados como os seus. Não dependa apenas da Lei da ficha limpa ou da decisão de um juiz. Analise qual o histórico do seu candidato, sua reputação e realizações. Se ele já teve mandato anterior, veja o uso que fez das verbas públicas, se contratou parentes e amigos, como se posicionou frente a denúncias, investigações e no combate à corrupção, se foi transparente, franco na relação com a imprensa ou se preferiu criar distrações e falsos inimigos a serem combatidos.
Não defenda o corrupto, não eleja um corrupto. Você aceitaria que alguém pegasse o dinheiro da sua carteira, da sua conta no banco, da sua poupança e gastasse com viagens de avião enquanto você está num ônibus apertado ou mesmo ele comendo lagosta enquanto na sua casa não tem carne porque está cara ou ele jogando no cassino e as crianças sem material na escola? É isto o que o corrupto faz, ele usa e desperdiça o seu dinheiro, para benefício dele. Há ainda os políticos corruptos que fingem ser bonzinhos e fazem promessas ou dão pequenos agrados, mas não mostram que a maior parte do seu dinheiro ficou com ele. Lembre-se de que as ações de qualquer governo dependem de recursos que vêm dos impostos que você paga.
Precisamos evoluir e para isto é fundamental fortalecer a transparência e os órgãos de controle no âmbito público, como o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e os Tribunais de Contas. Temos que ter leis mais adequadas e recursos para o Ministério Público, a Polícia e demais órgãos realizarem o seu trabalho para que os responsáveis sejam julgados e, de fato, punidos. Os processos e controles de licitações públicas e gestão de projetos e obras precisam evoluir e dificultar o favorecimento de terceiros usando verbas públicas. As situações de conflito de interesses devem ser eliminadas, como decidir o próprio salário, por exemplo. A porta de entrada na carreira pública deve ser o concurso público, reduzindo ao máximo os cargos obtidos via indicação. Precisamos combater de verdade a corrupção!
*Jefferson Kiyohara é diretor de Compliance & Sustentabilidade na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação e proteção e privacidade de dados e professor da FIA.
Sobre a ICTS Protiviti
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