Apagões evidenciam riscos financeiros e importância de seguros
Apagão que afetou cerca de 3 milhões de pessoas em São Paulo reacende o debate sobre os impactos de eventos climáticos extremos nas operações empresariais.
Marlon Basso, superintendente da REP Risk Consulting.
O recente apagão que atingiu cerca de 3 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo reacendeu o debate sobre os impactos dos eventos climáticos extremos na operação das empresas. Após o vendaval provocado por um ciclone extratropical, com rajadas próximas de 100 km/h, o fornecimento de energia permaneceu instável por vários dias, afetando comércio, indústria e serviços essenciais. Diante das falhas, o Procon-SP aplicou multa de R$ 14,2 milhões à concessionária Enel, por descumprimento da obrigação de garantir a continuidade do serviço.
Ultrapassando os danos estruturais e a discussão regulatória, o cenário revela um risco comum, porém subestimado pelas empresas: o prejuízo financeiro via paralisação operacional. Na visão de Marlon Basso, superintendente da REP Risk Consulting, os impactos climáticos e apagões excedem a falta de luz.
“Observamos paralisações abruptas de linhas produtivas, perda de matérias-primas e produtos acabados, danos a equipamentos sensíveis, falhas em sistemas de TI e interrupções logísticas. No comércio, isso se traduz em lojas fechadas, vendas perdidas e impacto direto na experiência do cliente. Já na indústria, os reflexos atingem contratos, prazos de entrega e geram custos elevados para retomada da operação”, explica.
Basso destaca que, embora o seguro seja um instrumento fundamental de transferência de risco, ele não substitui ações preventivas. “É indispensável investir em redundância energética, como geradores e nobreaks, além de manutenção preventiva, proteção contra surtos elétricos e planos de contingência. Do ponto de vista securitário, a revisão técnica das apólices é essencial para garantir que as coberturas reflitam o risco real da operação”, afirma.
A vulnerabilidade, conforme o especialista, acentua-se nos pequenos negócios. A dependência do fluxo diário de caixa, somada à ausência de planos de contingência, coloca essas operações em risco de colapso após apenas poucas horas de interrupção. “Médias e grandes empresas sofrem prejuízos absolutos maiores, mas geralmente contam com maior capacidade de absorção, acesso a crédito e programas estruturados de gerenciamento de riscos”, observa.
Nesse cenário, a ausência da cobertura de Interrupção de Negócios e Lucros Cessantes representa um dos principais pontos de fragilidade. “Sem essa proteção, a empresa fica exposta justamente ao maior prejuízo desses eventos, que é a perda de receita e de margem durante a paralisação. Muitas conseguem reparar danos materiais, mas não suportam semanas ou meses sem faturamento”, alerta Basso.
Os eventos recentes também revelam lacunas nas apólices tradicionais, como a falta de cobertura adequada para falha no fornecimento de energia, limites insuficientes para danos elétricos, ausência de proteção em equipamentos sensíveis e franquias mal dimensionadas. “Muitas apólices foram contratadas sem uma análise técnica aprofundada do risco operacional”, ressalta.
A recorrência de eventos climáticos extremos exige uma mudança de postura das companhias. “Esses episódios deixaram de ser exceção e passaram a integrar o risco cotidiano. Gerenciamento de riscos, prevenção e seguro precisam caminhar juntos. Empresas que tratam o risco de forma estratégica ganham não apenas proteção financeira, mas também resiliência, competitividade e sustentabilidade no longo prazo”, conclui.
A consultoria técnica da REP Risk Consulting foca no mapeamento desses riscos, o que viabiliza a redução de impactos e a construção de operações aptas ao enfrentamento de um cenário climático desafiador.
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