Pesquisa com líderes mostra avanço do compliance e desigualdade salarial de gênero
Maior radiografia do setor aponta para maturidade do mercado e revela gap de governança no uso de Inteligência Artificial e assédio vindo da alta administração.
A participação recorde de 926 líderes de Compliance na pesquisa do Anuário Compliance On Top 2025 atesta o avanço da área no Brasil. Os resultados da nova edição, realizada pela LEC (Legal, Ethics & Compliance) e VITTORE, mostram que o mercado atinge um novo patamar de maturidade, com aumento expressivo da participação de empresas de capital nacional e crescimento da profissionalização das equipes.
O estudo, considerado a maior radiografia do setor, serve como o "mapa vivo do mercado", calibrando a bússola da Governança no país. Dados mostram que o Compliance no Brasil vive um momento de consolidação e expansão, deixando de ser um domínio exclusivo de multinacionais para integrar definitivamente o ambiente de negócios local. As empresas de capital nacional representam 63% da base de respondentes — o maior patamar histórico, representando um salto significativo em relação aos 45% registrados em 2018, o que reforça a capilaridade da área no país.
"Ao engajar 926 líderes, o Anuário Compliance on Top diagnostica a maturidade do setor e premia executivos que se destacam. A força das empresas de capital nacional, que continua em ascensão, mostra que o Compliance se espalhou de forma irreversível no ambiente de negócios brasileiro," comenta Daniela Provazi Sibille, Sócia da LEC Legal, Ethics & Compliance.
Crescimento, Profissionalização e o Dilema Salarial
A expansão do setor veio acompanhada da profissionalização das estruturas: a existência de áreas de Compliance compostas por um único profissional caiu para 9,6% do total, enquanto o número de times maiores segue em ascensão.
Essa consolidação no Brasil não limita a atuação dos líderes. Pelo contrário, o país se afirma como um hub de governança para as Américas. A pesquisa mostra que 42% dos profissionais de Compliance baseados no Brasil respondem por uma cadeira regional ou global. Dentre eles, 26,8% têm ao menos um profissional reportando diretamente do México ou da América Central, enquanto 22,2% lideram profissionais na Argentina e demais países do Mercosul.
No entanto, a pesquisa salarial inédita revela desafios. Embora a maioria das lideranças de Compliance nas empresas tenha salário mensal acima dos R$ 25 mil e bônus anual, há uma questão de equidade: mais de um terço das mulheres (35,2%) líderes de Compliance se concentra nas faixas salariais mais baixas (R$ 15 mil a R$ 24,9 mil), um contraste direto com a maior parte dos homens, que se concentra na faixa imediatamente superior.
Essa disparidade se estende ao topo da pirâmide. Enquanto quase 30% dos líderes em multinacionais recebem salários acima de R$ 50 mil, apenas 10% dos líderes em empresas nacionais atingem essa faixa. Vale notar que essa diferença reflete, em grande parte, a variação de porte, complexidade e estrutura global das multinacionais em comparação com as empresas locais.
O fator IA e o assédio na Alta Gestão
A área se depara com a urgência de governar novas tecnologias e gerenciar riscos comportamentais que afetam a própria liderança. A revolução da Inteligência Artificial domina as discussões, mas a falta de controle adequado gera um passivo de risco corporativo: 81,6% dos profissionais nas empresas estiveram envolvidos em projetos ou discussões de IA no último ano. Contudo, quase 77% dos especialistas externos (advogados e consultores) não enxergam um programa de governança adequado para o uso da IA generativa nos seus clientes. Como reflexo dessa cautela, o uso da IA para tarefas críticas, como monitoramento de terceiros, caiu de 35,2% para 28,6%.
Paralelamente, os desafios humanos persistem:
- 12,4% dos líderes de Compliance nas empresas já foram alvo de assédio ou discriminação no exercício da função, sendo que a principal origem é a alta administração ou superiores (66%), evidenciando que a hostilidade e a pressão vêm dos níveis mais altos.
- O Censo também aponta que o Compliance se consolida como fator de remuneração variável, com 59,6% das empresas com política de bônus afirmando que o executivo pode perder parte do bônus se não atingir os indicadores de Compliance.
- Pelo oitavo ano consecutivo, o maior desafio da área continua sendo "Medir o ROI" (42,3% das menções), seguido por "Estabelecer KPIs" (38,2%), mostrando que a área ainda luta para traduzir prevenção e conformidade em valor de negócio mensurável para o board executivo.
"Os resultados do Anuário 2025 reforçam que o CCO precisa ser, cada vez mais, um estrategista de negócios. A capacidade de demonstrar o Retorno sobre o Investimento e de governar novas fronteiras como a IA e a saúde mental são os próximos desafios que exigirão uma soft skill aprimorada e foco no que realmente gera valor", afirma Raul Cury Neto, sócio-fundador da VITTORE.
Sobre o Anuário Compliance on Top:
O Anuário Compliance on Top é uma iniciativa da LEC, Instituição de Ensino Superior líder em Compliance e que mantém a maior comunidade da área do país; e da Vittore, a mais importante boutique de executive Search do mercado de Compliance. Sua metodologia é baseada na livre indicação de pares, sem custos ou patrocínios para os executivos indicados. Este processo é apurado e auditado de forma independente torna o resultado um termômetro fiel da reputação real no mercado
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