Canetas emagrecedoras nas festas podem causar náusea e refluxo, alerta nutróloga
Semaglutida, tirzepatida e outros agonistas de GLP-1 deixam o esvaziamento do estômago mais lento; ceias pesadas, gordura e álcool são combinação típica de desconforto
O período das festas de fim de ano, marcado por reuniões familiares e refeições mais calóricas, representa um desafio para pessoas em tratamento com agonistas de GLP-1, como semaglutida, tirzepatida ou liraglutida. Segundo a médica nutróloga Dra. Sandra Fernandes, do Grupo Kora Saúde, a combinação entre grandes volumes de comida, alimentos gordurosos e consumo de álcool pode intensificar sintomas gastrointestinais como náusea, refluxo, empachamento e, em casos mais agravados, vômitos.
“Essas medicações tornam o esvaziamento gástrico mais lento. Quando a pessoa consome uma refeição muito grande, o alimento permanece por mais tempo no estômago, aumentando a sensação de plenitude e o risco de mal-estar”, explica.
A médica destaca que há uma base fisiológica clara para o desconforto. A gordura presente em pratos típicos de ceia retarda ainda mais a liberação do conteúdo gástrico, enquanto sobremesas com alto teor de açúcar promovem picos glicêmicos seguidos de queda, provocando fraqueza, sonolência e sensação de mal-estar. A soma desses fatores com o efeito do medicamento costuma ser um dos principais motivos para náusea intensa durante as celebrações. “É o clássico cenário de fim de ano: muita comida, muita gordura, sobremesas ricas em açúcar e, muitas vezes, álcool”, afirma.
Sobre a ingestão alcoólica, a nutróloga esclarece que não existe uma contraindicação absoluta entre álcool e agonistas de GLP-1, segundo a literatura médica atual. No entanto, a associação exige cautela, sobretudo nos primeiros meses de tratamento. “O álcool potencializa náusea, irrita o estômago e pode aumentar o risco de pancreatite, que é rara, mas já observada em usuários desses medicamentos. Em pessoas com diabetes, ainda existe a possibilidade de hipoglicemia quando há jejum prolongado ou dieta irregular”, completa. Por isso, a recomendação é consumir com moderação, manter boa hidratação e evitar beber de estômago vazio.
Uma dúvida comum entre pacientes é se “pular” a medicação para aproveitar melhor as festas fariam sentido. A prática, popular em relatos informais, não tem respaldo clínico e tende a causar o efeito oposto. De acordo com a especialista, o esvaziamento lento do estômago permanece por dias, mesmo após a suspensão de uma dose, especialmente nos medicamentos de aplicação semanal. Além disso, a pausa pode gerar rebote de apetite e perda de controle alimentar, desorganizando o tratamento. “Se a preocupação é tolerância gástrica, o caminho correto é conversar com o médico sobre ajustes de dose. Suspender por conta própria não resolve o desconforto e aumenta os riscos”, reforça.
O risco de intolerância aumenta principalmente nas primeiras semanas de uso, quando o organismo ainda está se adaptando ao medicamento. A nutróloga destaca que as festas de fim de ano coincidem com um momento em que muitos pacientes ainda estão ajustando doses. “Nos primeiros 30 a 60 dias, a tolerância costuma ser menor. É justamente nesse período que a combinação entre gordura, açúcar e álcool provoca os quadros mais intensos de náusea e empachamento”, observa.
Após episódios de excesso, é possível aliviar sintomas com medidas simples, como reforço de hidratação, refeições leves, prioridade para proteínas magras e evitar gordura e álcool por 24 a 48 horas. De acordo com a especialista, jejum prolongado não é recomendado nesses casos, pois pode piorar o mal-estar. “O foco não deve ser compensação, mas voltar gradualmente a uma alimentação equilibrada, respeitando o efeito da medicação”, conclui.
Em situações mais severas, alguns sinais de alerta exigem avaliação médica, especialmente quando há vômitos persistentes por mais de 12 a 24 horas, dor abdominal intensa com irradiação para as costas, sinais de desidratação ou hipoglicemia. Esses quadros podem indicar alterações metabólicas, como pancreatite ou desidratação.
Sobre a Kora Saúde
A Kora Saúde é referência em medicina moderna, com um sistema de saúde que acompanha as pessoas em todas as fases da vida. É a maior rede hospitalar privada do Espírito Santo, Ceará e Tocantins, com presença também no Mato Grosso, Distrito Federal e Goiás e segue em expansão, levando tecnologia, excelência hospitalar e resultados sólidos para seus pacientes.
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