Quando o progresso vira fuga emocional: como identificar o limite
Nova onda de esgotamento expõe distorções na lógica da alta performance e seus impactos psíquicos
A pressão por desempenho tem provocado um efeito silencioso no cotidiano dos brasileiros. Dados recentes da Fiocruz mostram que mais da metade dos trabalhadores do país apresenta sinais de exaustão mental persistente, associada diretamente à cultura de alta performance. A Associação Brasileira de Psiquiatria registrou aumento de 25% nos diagnósticos de transtornos de ansiedade entre 2020 e 2023, indicando que a urgência permanente se tornou parte da rotina emocional de grande parcela da população.
Para o psicólogo Jair Soares, professor e doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores na Argentina, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas e criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), a obsessão por melhorar continuamente tem se transformado em um paradoxo moderno. Segundo ele, a busca por evolução constante é vendida como autodesenvolvimento, mas muitas vezes funciona como uma estratégia emocional para evitar dores antigas.
Quando a alta performance vira fuga emocional
O fenômeno costuma operar de forma quase imperceptível. A hiperprodutividade aparece mascarada como determinação ou ambição. No entanto, por trás da agenda lotada e da cobrança contínua, há padrões emocionais que se repetem. Soares explica que o indivíduo acredita que precisa fazer mais para merecer reconhecimento ou evitar falhar e que essa lógica costuma estar ligada a vivências antigas de rejeição ou desvalorização.
Estudos da Yale University publicados na revista Nature Human Behaviour mostram que cérebros expostos a altos níveis de estresse prolongado processam situações neutras como ameaças, mantendo o sistema nervoso em estado de vigilância. Para o psicólogo, é nesse ponto que a busca por performance deixa de representar evolução e passa a funcionar como um mecanismo de sobrevivência emocional.
Segundo levantamento do INPD, comportamentos associados à compulsão por produtividade, como dificuldade de repouso, irritabilidade e sensação crônica de insuficiência, cresceram entre adultos jovens e profissionais em cargos de liderança. Para Soares, mesmo quando há resultados, a sensação de vazio persiste. A pessoa cumpre metas, mas não se sente inteira.
A armadilha do fazer contínuo
A diferença entre avanço genuíno e comportamento compulsivo está na relação com o próprio ritmo. Pesquisas da American Psychiatric Association indicam que a dificuldade de descansar, mesmo quando há tempo, é um dos principais marcadores de ansiedade ligada ao desempenho. A mente acostumada a funcionar em urgência interpreta a pausa como risco e acredita que não pode parar.
Entre os sinais mais comuns de que a busca por evolução virou armadilha estão a exaustão persistente mesmo com menor demanda, culpa por descansar, dificuldade em reconhecer conquistas e dependência emocional de metas.
Caminhos para restabelecer o equilíbrio emocional
A Terapia de Reprocessamento Generativo, desenvolvida por Soares, propõe acessar memórias emocionais que permanecem ativas e sustentam comportamentos autossabotadores. O método, tema de sua pesquisa de doutorado na Universidade de Flores, tem apresentado resultados promissores na redução de sintomas ansiosos e depressivos. Segundo o especialista, a TRG trabalha a causa e não o comportamento. Quando o registro emocional deixa de ter impacto, a necessidade de hiperprodutividade perde força e a rotina volta a ser escolha, não mecanismo de defesa.
Soares afirma que o processo de mudança começa pela observação do próprio ritmo e pela capacidade de compreender o que está por trás da urgência. Ele destaca que evoluir não deveria significar autocobrança contínua, mas integração entre ritmo, equilíbrio e consciência. Segundo o psicólogo, a verdadeira evolução começa quando a pessoa deixa de correr de si mesma.
Sobre o IBFT
O Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) é uma instituição educacional dedicada à formação de terapeutas especializados em saúde emocional. Fundado com o propósito de transformar vidas por meio do conhecimento, o IBFT oferece formações em diversas áreas, incluindo a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), uma metodologia desenvolvida para tratar dores emocionais profundas. Com mais de 50 mil terapeutas formados no Brasil e no exterior, o instituto se destaca por sua abordagem prática e eficaz no tratamento de traumas, fobias, depressão, ansiedade e outros transtornos emocionais.
Sobre Jair Soares
Jair Soares dos Santos é psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador e professor, além de ser o fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT). Criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), sua trajetória é marcada por desafios pessoais que o motivaram a buscar soluções eficazes para o sofrimento emocional. Após enfrentar episódios de depressão e insatisfação com abordagens terapêuticas tradicionais, Jair dedicou-se ao desenvolvimento de uma metodologia que pudesse proporcionar alívio real e duradouro aos pacientes. Sua formação inclui graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife e especializações em áreas como hipnoterapia e análise comportamental.
Atualmente é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina, onde desenvolve uma pesquisa com a TRG em pessoas com depressão e ansiedade, alcançando resultados promissores com a remissão dos sintomas nestes participantes. Há mais dois doutorados com a TRG a serem desenvolvidos neste momento.
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