OCDE: habilidades têm prioridade 4 vezes maior que diplomas no mercado
Nos últimos anos, as práticas de RH com foco em habilidades ganharam popularidade. “Skills-first”, como são amplamente conhecidas, se referem a práticas de contratação e desenvolvimento da força de trabalho que priorizam as habilidades e competências demonstradas por uma pessoa — independentemente de como ou onde foram adquiridas — em vez de sinais mais tradicionais, como diplomas ou cargos anteriores. Um novo estudo divulgado pela OCDE mostrou dados que demonstram que esse movimento tem ganhado força. Mundialmente, os recrutadores mais frequentemente realizam buscas com base em critérios de habilidades: 12% das pesquisas no LinkedIn filtram por habilidades e 3% filtram por diplomas. Ou seja, eles têm priorizado 4 vezes mais as habilidades do que as certificações.
Este novo cenário se forma à medida que as empresas percebem a necessidade de mais adaptabilidade e um melhor reconhecimento dos diferentes caminhos pelos quais as pessoas podem adquirir habilidades. De maneira geral, empregadores, mentores e governos – estão apostando na priorização das habilidades como forma de reduzir a escassez de habilidades do mercado de trabalho, assim como facilitar a inclusão e estimular a produtividade. Ao mesmo tempo, os profissionais estão usando maneiras novas e mais inovadoras, como redes sociais, para compartilhar as suas habilidades com os empregadores.
Para Giuliano Amaral, CEO da Mileto, uma HRTech voltada à empregabilidade de estudantes do Ensino Médio Técnico, os dados mostram uma mudança quanto ao que o mercado tem esperado dos profissionais. “Esses números dizem muito. Os diplomas serão sempre importantes, mas com um peso decrescente que caminha para ser menor do que as habilidades efetivamente demonstradas por um candidato”.
Entre 2015 e 2023, o número de recrutadores nos países da OCDE que relataram problemas para contratar aumentou de 39% para 75%. O Brasil acompanha esse movimento: dados da FGV indicam que, em 2024, 77,2% das empresas brasileiras também tiveram esse desafio. Para Giuliano, esses números reforçam a necessidade de caminhos alternativos à formação tradicional. “O modelo clássico de educação e início de carreira não tem dado conta da demanda atual. Por isso, vemos crescerem alternativas como cursos livres, formações técnicas e micro certificações digitais”.
Corporações e órgãos públicos já estão eliminando a exigência de diploma para determinados cargos, no entanto, as pequenas e médias empresas têm mais dificuldade para implementar essas mudanças por contarem com estruturas de recursos humanos menores. “É fundamental que essas empresas recorram a plataformas especializadas que vão além da divulgação de vagas. Elas ajudam a qualificar o processo seletivo como um todo, garantindo mais eficácia na contratação e, inclusive, suporte ao desenvolvimento”, completa o CEO da Mileto.
Outro ponto relevante destacado pela OCDE é o potencial dessa abordagem para ampliar o acesso ao mercado de trabalho. Ao reconhecer aprendizados obtidos por meio de cursos online, programas de capacitação no trabalho ou formações não convencionais, empresas têm a chance de identificar talentos que ficariam invisíveis em processos baseados exclusivamente na formação acadêmica.
Ainda assim, o relatório faz um alerta: a transição para uma contratação orientada por habilidades exige cuidado. Métodos de avaliação mal estruturados ou ferramentas automatizadas de triagem, como algoritmos enviesados, podem reforçar desigualdades em vez de corrigi-las. Além disso, um foco exagerado nas necessidades imediatas pode comprometer a capacidade de adaptação dos trabalhadores no futuro, especialmente se não houver investimentos em aprendizagem contínua.
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