Remuneração não impede contratação de 50+, mas etarismo ainda é percebido por 52,4% dos profissionais
Levantamento do Pandapé aponta que, apesar de serem considerados comprometidos e experientes, profissionais com 50 anos ou mais seguem enfrentando obstáculos para se manter no mercado de trabalho.
Mesmo com alta qualificação e remuneração compatível (ou superior) à de outras faixas etárias, profissionais com 50 anos ou mais ainda enfrentam exclusão no mercado de trabalho brasileiro. É o que revela um levantamento do Pandapé, software de RH mais utilizado na América Latina.
Segundo a pesquisa, 52,4% dos respondentes acreditam que o etarismo compromete a capacidade das empresas de reter esse público. A remuneração, ao contrário do que muitos imaginam, não é o principal entrave: 60,7% afirmam que ela é equivalente à de outras idades, e 21,4% dizem que é até maior.
“Existe um mito de que contratar pessoas mais velhas custa mais caro ou traz menos retorno. O que os dados mostram é justamente o oposto. Esse grupo é altamente escolarizado e reconhecido como comprometido e experiente. O problema não é técnico, é cultural”, afirma Thomas Costa, porta-voz do Pandapé, software de RH mais usado na América Latina.
Inclusão ainda tímida
Entre os 58,8 mil currículos cadastrados na plataforma, apenas 10,2% são de profissionais com mais de 51 anos — a menor proporção entre os grupos adultos. Destes, mais de 55% têm ensino superior, técnico ou pós-graduação, o que evidencia o alto nível de qualificação. Ainda assim, quase 80% estão fora do mercado de trabalho atualmente.
A percepção das empresas sobre esse público é positiva: 47,6% destacam sua estabilidade e comprometimento, enquanto 46,4% valorizam a experiência acumulada. Mas na prática, apenas 29,8% das empresas relatam boa participação dessa faixa etária nos processos seletivos, e 16,7% afirmam que raramente ou nunca contratam profissionais com 50 anos ou mais.
Outro dado preocupante é que quase 40% das empresas não discutem etarismo internamente, e apenas 15,5% contam com diretrizes claras sobre o tema — o que contribui para a manutenção de práticas excludentes e preconceitos estruturais.
Quando questionadas sobre os principais desafios para integrar profissionais mais velhos em equipes multigeracionais, 39,3% apontaram dificuldades com tecnologia e adaptação, seguidas por diferenças de comunicação (19%) e preconceito de outras gerações (9,5%).
Além disso, 34,5% reconhecem que a discriminação por idade pode ocorrer em suas empresas, mesmo sem registros formais — indicando a urgência de políticas estruturadas e ações afirmativas.
Oportunidade negligenciada
Com o aumento da longevidade e a necessidade de requalificação constante, os profissionais 50+ representam uma oportunidade estratégica para empresas que buscam equipes diversas e resilientes. No entanto, 61,9% dos participantes acreditam que o mercado ainda não está preparado para aproveitar esse potencial.
“É preciso que as lideranças enxerguem a diversidade geracional como um ativo competitivo, e não como um desafio. O etarismo é uma barreira invisível, mas negativamente poderosa, que custa caro em termos de produtividade e inovação”, reforça Thomas Costa.
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