Quanto custa uma emergência médica internacional sem seguro viagem?
Uma fratura simples no exterior pode custar milhares de dólares, e procedimentos mais complexos podem ultrapassar valores inimagináveis. Saiba o que dizem especialistas e como se proteger
Viajar para outro país costuma ser sinônimo de descobertas, lazer e, em muitos casos, realização de sonhos. Mas esse cenário, que parece perfeito, pode se complicar rapidamente quando acontecem acidentes ou emergências médicas. Pouca gente se dá conta do tamanho da conta que pode chegar — e não é força de expressão: em certos destinos, o custo de uma só diária em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pode passar de US$ 10 mil.
De acordo com a International Federation of Health Plans (IFHP), países como Estados Unidos, Canadá e Suíça lideram o ranking mundial dos custos médicos. Uma cirurgia de apendicite ou uma fratura com necessidade de intervenção cirúrgica pode chegar a dezenas de milhares de dólares. Sem um seguro que cubra essas despesas, o turista arca integralmente com o prejuízo. E isso não inclui gastos adicionais, como transporte em ambulância, medicamentos e eventuais diárias de hotel para familiares que precisem viajar às pressas.
O problema se agrava quando o hospital exige pagamento antecipado, algo comum em vários destinos turísticos. “A falta de um plano de saúde internacional ou seguro viagem deixa o viajante em uma situação delicada: sem atendimento até conseguir reunir o dinheiro ou negociar a liberação dos procedimentos. Ainda que haja atendimento de urgência em alguns países, os procedimentos subsequentes podem virar uma bola de neve financeira”, explica André Dellova, Diretor de Marketing e Vendas da Next Seguro Viagem.
Com o avanço das viagens internacionais pós-pandemia, cresce o número de pessoas que retomam seus roteiros sem levar em conta a possibilidade de acidentes. Pesquisa interna da Next Seguro Viagem mostra que, nos primeiros três meses de 2025, houve um aumento de 11,3% no volume de contratações de seguro viagem, refletindo tanto o maior fluxo de viajantes quanto o aumento da conscientização sobre os riscos.
Este conteúdo busca detalhar os custos potencialmente envolvidos em emergências fora do país e mostrar como o seguro viagem pode ser um divisor de águas.
Os temidos custos médicos no exterior
Quem planeja uma viagem costuma pensar em passagens, hospedagem, passeios e alimentação. Poucos incluem na conta a possibilidade de despesas médicas de alto valor. No entanto, basta uma lesão ou infecção para que o orçamento escape do controle. Segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de 15% dos viajantes norte-americanos relatam algum problema de saúde durante viagens internacionais — e esse percentual inclui ocorrências graves que exigem internação.
Em destinos reconhecidos pela qualidade do atendimento médico, como Estados Unidos ou Japão, o preço de um simples atendimento emergencial pode variar de US$ 500 a US$ 2 mil, sem contar exames ou medicação. Já uma cirurgia ortopédica de urgência pode superar US$ 30 mil em centros urbanos como Nova York ou Los Angeles. Na Europa, países como França e Alemanha oferecem subsídios a cidadãos e residentes, mas, para turistas, a conta pode ser cobrada integralmente. Uma crise de apendicite em Paris, por exemplo, pode ultrapassar seis mil euros.
André comenta que “em lugares mais remotos ou com infraestrutura limitada, os custos se elevam por outros motivos: a necessidade de transporte aéreo até um hospital de referência. Algumas ilhas do Caribe ou destinos de ecoturismo em países asiáticos, por exemplo, contam com poucos recursos locais e enviam pacientes para centros especializados, o que adiciona mais um zero ao final da conta.”
Para o especialista, um dos grandes mitos é acreditar que “nada vai acontecer”. “Muitas pessoas saem do Brasil achando que, por serem jovens ou saudáveis, estão livres de imprevistos. Mas acidentes de trânsito, torções e até reações alérgicas são mais comuns do que se imagina. E, quando você não tem seguro, um procedimento de rotina se torna uma dívida gigantesca.”
Emergências mais comuns e a estima de valores
Entre as emergências mais relatadas por viajantes, destacam-se fraturas, crises gastrointestinais e problemas respiratórios. A fratura de um braço ou tornozelo, que no Brasil pode ser resolvida a custos relativamente baixos (dependendo do hospital), nos Estados Unidos pode chegar a US$ 3 mil apenas para radiografia, imobilização e consultas iniciais. Se houver cirurgia, o valor pode passar dos US$ 20 mil.
Infecções gastrointestinais são outra dor de cabeça frequente. Uma internação de dois ou três dias por desidratação em países escandinavos pode custar cerca de US$ 1 mil por dia. Em destinos tropicais, onde alguns turistas se aventuram em gastronomia exótica ou acabam consumindo alimentos de procedência duvidosa, o risco de intoxicação alimentar aumenta, e a falta de seguro obriga o viajante a bancar cada centavo das despesas hospitalares.
Para quem faz viagens de aventura ou pratica esportes radicais, o risco de incidentes graves se multiplica. Uma fratura de coluna ao esquiar, por exemplo, não requer apenas cirurgia, mas também possível transferência em helicóptero, uso de UTI móvel e processos de reabilitação. Cada etapa adiciona um custo significativo — muitas vezes na faixa de dezenas de milhares de dólares ou euros.
André reforça que muitas pessoas se assustam quando descobrem que até mesmo pequenos incidentes podem acarretar gastos absurdos: “Já vimos casos em que uma crise dentária aguda no exterior superou US$ 800. E isso é considerado simples. Imagine tratar um infarto ou passar por um cateterismo? O valor chega a patamares que ninguém imagina quando compra a passagem aérea.”
E em casos de repatriação?
Outro fator que poucos levam em conta é a repatriação médica. Se a situação requer um retorno imediato ao Brasil em condições especiais — como leito adaptado ou acompanhamento de equipe médica durante o voo — a conta pode superar facilmente US$ 20 mil. Esse serviço é indicado para pacientes que não podem permanecer no local por motivos de saúde ou precisam dar continuidade aos tratamentos no país de origem.
Além disso, há despesas indiretas que nem sempre são mencionadas. Um familiar pode precisar voar às pressas para auxiliar na internação e no processo de transferência, o que resulta em passagens a preço cheio, diárias de hotel próximas ao hospital e custos com transporte local. Esses valores se somam às despesas médicas, criando um efeito cascata que pode dobrar ou triplicar o prejuízo.
Em alguns destinos, o hospital é muito incisivo com a comprovação e confirmação da cobertura garantida pelo seguro. Isso acontece principalmente onde o sistema de saúde é majoritariamente privado e não reconhece o “turista sem plano” como alguém capaz de honrar a dívida. A burocracia e a troca de documentos podem atrasar a alta médica em vários dias, e cada novo dia de internação significa uma fatura maior.
Segundo André, é justamente nesse ponto que o seguro viagem mostra seu valor. “Quando há uma apólice válida, a seguradora lida diretamente com o hospital e, muitas vezes, faz o pagamento imediato dos custos principais. Caso seja preciso repatriação, há protocolos de transporte internacional e equipes treinadas para viabilizar o deslocamento. Sem seguro, o viajante pode ter sérios entraves e sofrer desgastes desnecessários.”
Riscos legais também devem ser considerados
Em diversos países, deixar a conta hospitalar pendurada não é apenas um problema financeiro — pode envolver implicações legais. Há casos em que clínicas privadas entram com processos judiciais contra turistas inadimplentes. As embaixadas, por sua vez, não têm obrigação de quitar dívidas médicas de cidadãos.
Para famílias que dependem do retorno do paciente ao Brasil, a situação vira um pesadelo. A conta de milhares de dólares ou euros pode resultar em vendas de bens pessoais, dívidas bancárias e até bloqueio de recursos no país de origem. Com a popularização dos smartphones, as histórias de quem passa por esse constrangimento viajam rapidamente pelas redes sociais, servindo de alerta para futuros viajantes.
Empresas que enviam funcionários ao trabalho também sofrem impactos. Sem um seguro corporativo, a organização fica responsável por todo o ressarcimento. A imagem da marca pode ficar arranhada se houver repercussão midiática, e o colaborador, além de enfrentar o desgaste de um tratamento complexo, pode encarar um processo de reembolso lento e burocrático ao regressar.
André esclarece que, do ponto de vista jurídico, não há muita margem para negociação. “O paciente estrangeiro é visto como qualquer cliente em débito. Se não pagou, a instituição de saúde tem o direito de acionar mecanismos legais. A única forma de se esquivar desse risco é ter uma cobertura que garanta a quitação dos custos para cobrir a despesa.”
Como funciona no caso de quem tem seguro-viagem
Diante de um cenário em que o simples fato de torcer o pé pode acarretar uma conta de milhares de dólares, o seguro viagem é um item básico de proteção financeira e de saúde. Ele cobre despesas médicas, hospitalares, odontológicas e, em muitos casos, farmacêuticas, além de oferecer serviços de repatriação em situações extremas.
Em termos práticos, a seguradora atua como intermediária entre o viajante e o hospital. Muitos planos incluem um número de telefone ou aplicativo para contato 24 horas, indicando onde buscar atendimento e informando como proceder para garantir o pagamento direto, quando possível. Isso reduz drasticamente o estresse de resolver tudo sozinho, no momento em que se está vulnerável e, muitas vezes, sem domínio da língua local.
Planos de seguro viagem costumam ter coberturas que variam de US$ 10 mil a mais de US$ 100 mil. Em destinos como Estados Unidos ou Japão, especialistas recomendam apólices a partir de US$ 50 mil de cobertura. Na Europa, onde alguns procedimentos podem ser subsidiados em parte, ainda assim é prudente contar com valores maiores, pois a conta de cirurgias complexas tende a ultrapassar 10 mil euros.
O especialista salienta que é crucial verificar cuidadosamente as cláusulas do contrato: “Muitos acham que qualquer seguro é suficiente, mas alguns têm coberturas baixas ou não incluem repatriação. Em países de alto custo, isso equivale a ter praticamente nenhum respaldo. É fundamental analisar os itens inclusos, possíveis franquias e exclusões, como esportes radicais ou doenças pré-existentes, para saber o que realmente está protegido.”
Passo-a-passo para escolher o seguro ideal
O primeiro passo para adquirir um seguro viagem é definir o destino e o tipo de atividades planejadas. Quem vai apenas para uma viagem de compras em um grande centro urbano tem um perfil de risco diferente de quem vai esquiar ou praticar mergulho. Da mesma forma, a duração da estadia interfere na probabilidade de incidentes.
Em seguida, é recomendável simular cotações em diferentes seguradoras. Algumas oferecem “planos padrão” para a Europa, que atendem às exigências do Tratado de Schengen — exige cobertura mínima de 30 mil euros em despesas médicas. Outras têm foco em destinos específicos, como Estados Unidos ou Canadá, sugerindo coberturas mais altas. A comparação deve levar em conta também os valores de diárias de UTI e repatriação sanitária.
“Muitos viajantes esquecem de conferir se o plano escolhido tem suporte em português ou em inglês e como é o procedimento de reembolso. Há modalidades que exigem pagamento antecipado pelo paciente, liberando o reembolso depois. Outras fazem um pagamento direto ao hospital, o que livra o turista de sair do local devendo. Ao ler atentamente o contrato, é importante verificar se há limite de idade, exclusão para doenças crônicas ou se esportes radicais requerem cobertura adicional”, afirma André.
O especialista reforça que conhecer o histórico de saúde do viajante e da família também faz diferença. “Há pessoas com condições pré-existentes, como hipertensão ou diabetes, que precisam ter certeza de que estão cobertas para eventuais complicações. Não vale a pena omitir informações de saúde para pagar menos no seguro. Isso pode invalidar a cobertura. Transparência é essencial para evitar contratempos na hora que você mais precisa.”
Levantamento traz exemplos de casos reais
Um levantamento interno da Next Seguro Viagem mostra que nos últimos 12 meses cerca de 50% dos acionamentos referiram-se a emergências médicas e hospitalares durante a viagem, com muitos casos graves que envolveram internações e até cirurgias, especialmente em países como Estados Unidos e nações europeias, onde os custos médicos podem ser extremamente altos. O relatório também aponta que crises dentárias são mais frequentes do que se imagina, pois situações de dor aguda podem exigir procedimentos de emergência com valores que variam de US$ 200 a US$ 1000, dependendo da complexidade do atendimento e do país onde ocorre.
De acordo com a Comissão Europeia, turistas de fora da União Europeia devem verificar se o país de destino oferece algum tipo de atendimento público de urgência e em que condições. Muitos estabelecimentos hospitalares cobram tarifas específicas para estrangeiros. No caso de internações prolongadas, a soma final pode chocar quem vem de países onde o serviço público de saúde costuma oferecer ao menos um atendimento básico.
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos EUA, divulga estatísticas de acidentes de trânsito envolvendo turistas em estradas norte-americanas. Os números indicam que a combinação de vias desconhecidas, fuso horário e possível cansaço da viagem aumenta a probabilidade de incidentes. Mesmo batidas sem grandes danos ao veículo podem obrigar o condutor a custear atendimento médico preventivo, que pode chegar a alguns milhares de dólares só para observação inicial.
Em países asiáticos de grande extensão territorial, como a China ou a Índia, parte dos hospitais de referência se encontra em grandes centros, forçando viajantes que estão em áreas remotas a se deslocar centenas de quilômetros para obter atendimento adequado. O custo do transporte de ambulância terrestre ou aérea se soma rapidamente ao valor final da conta, surpreendendo turistas desprevenidos.
Mas o que fazer, afinal?
Encarar uma emergência médica no exterior sem seguro viagem pode resultar em prejuízos astronômicos e inúmeras complicações práticas. As estatísticas deixam claro que, mesmo em viagens de curta duração, o risco de incidentes é real — e quando ocorrem, o turista tem pouco espaço para negociar valores ou “dar um jeitinho”.
Contratar uma apólice, com cobertura adequada em despesas médicas e hospitalares, é o caminho mais seguro para prevenir situações de endividamento e garantir atendimento de qualidade. O ideal é pesquisar os custos médicos típicos do destino, considerar a possibilidade de práticas esportivas e avaliar os demais diferenciais da cobertura oferecida. Assim, o viajante escolhe um plano que realmente corresponda às suas necessidades.
André, reforça que adquirir um seguro viagem não se trata de um custo extra, e sim de um investimento em segurança, proteção e bem-estar: “O valor de um seguro viagem costuma ser irrisório perto do que se paga se um imprevisto acontecer. É como se você estivesse comprando tranquilidade, independentemente de para onde for. Sem isso, um simples problema de saúde pode virar dívida para a vida inteira — e isso, na prática, arruína o sentido de qualquer viagem.”
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