A Falsa Sensação de Segurança do Home Office
*Renato Azevedo
Já não é novidade a adoção do home office pelas empresas, como saída para evitar a interrupção das atividades em virtude da imposição do isolamento, que por sua vez, visa evitar o crescimento da curva de contaminação pelo novo coronavírus e o número de mortos pela COVID-19.
Com a aparente melhora da situação, o movimento para retorno ao trabalho mostrou um cenário onde a unanimidade não é a característica principal. Uma pesquisa realizada pela Spring Professional com 200 empresas sobre o retorno ao trabalho presencial apresentou os seguintes resultados:
- Já retornaram (grupo também dos que adotaram o modelo híbrido): 32%
- Retorno previsto para o terceiro trimestre de 2020: 30%
- Retorno previsto para 2021 (ou ainda sem definição): 38%
Interessante notar que cada grupo representa aproximadamente um terço do total e as variações se acentuam conforme a indústria que cada um pertence.
Conversando com clientes e amigos, uma frase que se apresentou constantemente foi: “Minha equipe está em home office, então não tenho como e a necessidade de monitorar o estado de saúde e os riscos de contaminação pelo coronavírus.”
Porém, essa impotência e a sensação de segurança é equivocada.
Não é porque a Pessoa/profissional está em casa, que ele está protegido do contágio, afinal, ele pede e recebe refeições por delivery, ele vai ao supermercado, farmácia e eventualmente até em reuniões familiares.
Outras questões relevantes: ele convive com pessoas suspeitas e/ou confirmadas com a COVID-19? Ele é do grupo de risco? Ele pratica as medidas de higiene necessárias?
A falta de completa visão da realidade, devido à distância, pode até aumentar a insegurança e não reduzir.
Outro fator a ser considerado é a qualidade de vida das pessoas/colaboradores, que foi indiscutivelmente afetada no isolamento, tanto física como psicologicamente.
Para citar apenas uma das muitas questões de saúde: a obesidade.
De acordo com os resultados de 2019 do Vigitel - Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde - a prevalência de obesidade aumentou 72% desde o início do monitoramento, passando de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. Além de ser um fator de risco para diversas doenças, está associada ao agravamento da COVID-19, mesmo em indivíduos jovens e sem comorbidades.
Portanto, a preocupação das empresas com este tema se tornou ainda mais urgente, impondo a necessidade de ações de prevenção e promoção da saúde, voltadas para reduzir o sedentarismo e estimular as boas práticas de alimentação e atividade física, com acompanhamento e monitoramento, fundamentais para dar suporte e orientar a tomada de decisão mais assertiva e alocação mais racional dos recursos, bem como permitir a avaliação constante dos resultados.
Conclui-se que, não importa se o funcionário está fisicamente na empresa e/ou trabalhando em home office. Mapear e monitorar as questões de saúde, devem fazer parte do programa de qualidade de vida, do ativo mais importante das empresas, as Pessoas.
O monitoramento da Saúde deve ocorrer não somente durante a pandemia, mas de forma contínua, estruturada e abrangente. Munidos de números e dados estratégicos, os gestores dos recursos humanos têm os subsídios necessários para tomarem melhores decisões, gerando inúmeros benefícios, não só as empresas, mas também às pessoas.
*Renato Azevedo
Diretor de vendas das soluções de saúde da Citrine Consulting e EW2Saúde.
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