Voluntariado na Odontologia

O Cirurgião-Dentista e presidente do Grupo de Trabalho do Terceiro Setor do CROSP, Dr. Fernando Augusto Aparecido dos Santos, que também é diretor da “Turma do Bem”, organização não governamental (ONG) com maior número de voluntários especializados do mundo, considera que todas as ações e projetos de cunho voluntário são louváveis.

Ele explica que as ações de campo são mais voltadas para a educação e orientação e o atendimento in loco, quando efetuado, deve observar alguns aspectos que envolvem existência ou não (dependendo do local) de saneamento básico e até mesmo de biossegurança. “O profissional deve estar, portanto, atento ao que ele pode oferecer de acordo com a estrutura”.

Outro ponto que merece destaque, segundo Dr. Fernando, são os tipos de atendimentos prestados na forma de voluntariado. “Um profissional pode dizer: ‘eu faço voluntariado no meu consultório’. Porém, nem sempre é algo estruturado. É diferente daquele que participa de uma organização e utiliza o seu estabelecimento, o seu consultório para prestar uma ação voluntária”. Já aqueles que participam de ONGs, segundo ele, devem estar atentos à organização; saber se está registrada; se tem auditoria e de onde vêm os recursos; além de saber como são realizadas as ações e assinar o termo de voluntariado.

Quem são os voluntários?

O Grupo de Trabalho do Terceiro setor do CROSP quer saber quem são os profissionais e quantos exercem voluntariado ou trabalham em ONGs. A necessidade de conhece-los foi percebida na primeira reunião realizada pelos membros do Grupo, como descreve Dr. Fernando. “Fizemos uma primeira reunião e verificamos a necessidade de conhecer quem somos, quem são os Cirurgiões-Dentistas que fazem algum trabalho voluntario, pois não existe esse levantamento ainda. Não sabemos quantos profissionais fazem ação voluntária, quantos estão envolvidos no terceiro setor, quantos trabalham dentro de uma instituição social. Todos nós, como voluntários ou envolvidos em uma organização social, sabemos por experiência que se trata de um novo mercado de trabalho e que, na verdade, não existe nenhum tipo de regulamentação sobre isso. “

Dr. Fernando destaca ainda que, pensando só no CROSP, são mais de 100 mil Cirurgiões-Dentistas, sendo que a pesquisa permitirá chegar a um número de voluntários e, a partir daí, poderá surgir uma demanda surpreendente. “Vamos trazer outras Câmaras e outras comissões para apresentar ao CROSP a necessidade de cada uma de conhecer o público e conhecer os dados atualizados e, quem sabe, propor um censo. Por meio de uma única ação, vamos obter informações de todas as especialidades que vão, inclusive, ajudar todas as Câmaras Técnicas e todas as Comissões para sugerir ideias”.

Além de reconhecer essas pessoas e o trabalho que elas fazem, o Grupo de Trabalho do Terceiro Setor da Autarquia pretende fornecer orientações e apoio aos voluntários.

Benefícios do voluntariado

O Cirurgião-Dentista e membro da Câmara Técnica de Implantodontia do CROSP, Dr. Maurício Rebello Moreira Querido, compartilha sua opinião sobre o voluntariado. “Vejo a ação do voluntariado como algo enriquecedor para a sociedade. Sempre falei sobre os benefícios recebidos de diversas formas para aquele que se doa, que ajuda o próximo. Desta forma, e no mundo que vivemos atualmente, a pandemia trouxe muitas fobias e muitos distúrbios para diversas pessoas, muitas, inclusive, próximas de nós. O voluntariado ajuda nisto”.

Fundador, gestor e diretor da ONG “Amigo da Vez”, Dr. Maurício explica que durante as ações realizadas, viajam e ficam dias e às vezes semanas em alguma localidade para atender as pessoas. Segundo ele, o convívio e vínculo entre os voluntários acabam ficando muito fortes. “Vemos pessoas que estão precisando de ajuda e buscam nestas missões uma forma de retribuir e de se encontrar. Muitos sentimentos ficam aflorados e, sem sombra de dúvida, estes voluntários voltam sempre melhores, com uma sensação de dever cumprido”.

O aumento da autoestima e da segurança são alguns dos benefícios relatados por parte daqueles que vivenciam o voluntariado. Isso porque, de acordo com o Cirurgião-Dentista, as pessoas percebem que têm semelhantes com problemas muito maiores, o que as faz refletirem. “De várias formas, o voluntariado engrandece e soma muito mais a quem está doando. Ser voluntário é uma fonte de energia muito positiva. Ser voluntário não é para qualquer um. Tem que se entregar para poder receber”.

Quanto ao Grupo de Trabalho do Terceiro Setor da Autarquia, Dr. Maurício afirma que o mesmo tem o papel de unir todas as pontas soltas para que as ações aconteçam e cheguem a quem precisa na outra ponta. “Fico muito feliz em saber que temos esse grupo de trabalho no CROSP. Isto mostra a preocupação do nosso Conselho e dos membros em buscar formas alternativas e agregadoras de ajudar a juntar pessoas que querem se voluntariar em projetos sérios e impactantes. Também possa ser uma referência na busca por empresas e líderes que querem de alguma forma ajudar e muitas vezes não sabe onde podem encontrar um grupo, ONG ou instituição séria e representativa”.

Sobre o CROSP

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma Autarquia Federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 170 mil profissionais inscritos.

Além dos Cirurgiões-Dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Auxiliares em Saúde Bucal (ASB), Técnicos em Saúde Bucal (TSB), Auxiliares em Prótese Dentária (APD) e Técnicos em Prótese Dentária (TPD).