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Tuberculose geniturinária: problema pouco conhecido tem incidência de até 15%

  • Quinta, 24 Março 2022 09:02
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Janaína Soares
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Sociedade Brasileira de Urologia alerta que evolução da doença costuma ser lenta e com poucos sintomas. Retardo no diagnóstico e abandono do tratamento podem disseminar infecção pelo organismo.

Problema pode ser prevenido com a vacina BCG

Causada pelo bacilo de Koch, a tuberculose atinge prioritariamente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos como pleura, gânglios, meninges, intestino e rins. Sua transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva expelidas no ar.

Em 24 de março celebra-se o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aproveita a data para alertar sobre a prevenção da tuberculose geniturinária, que é uma das consequências mais graves da tuberculose pulmonar.

Números do Ministério da Saúde apontam que em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de tuberculose, o que corresponde a uma incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes*. Em 2019, foram diagnosticados 73.864 casos novos da doença (35 por 100 mil habitantes) – a queda provavelmente foi consequência da pandemia de Covid-19.

A doença é influenciada por aspectos ambientais e condições socioeconômicas adversas.

“A tuberculose ainda é bastante prevalente em nosso país e sua evolução costuma ser lenta e com poucos sintomas. A maioria dos casos começa pela infecção no pulmão, porém o retardo no diagnóstico ou o abandono do tratamento pelo paciente antes da cura total são as principais causas para a disseminação dessa infecção pelo organismo através da corrente sanguínea, atingindo não só o aparelho urinário mas também outros órgãos”, enfatiza Dr. Alfredo Canalini, presidente da SBU.

O urologista explica que no aparelho urinário o primeiro órgão a ser afetado é o rim, sendo que nessa primeira fase o paciente não apresenta sinais da doença.

"Os sintomas começam a aparecer quando o bacilo de Koch alojado no rim consegue chegar à bexiga, provocando incômodos para urinar semelhantes aos de uma infecção urinária comum (cistite). A tuberculose urinária pode provocar a destruição dos rins e diminuição de capacidade de bexiga, fazendo com que o paciente precise urinar muitas vezes durante o dia e à noite, sempre eliminando pequenas quantidades de urina e com muita dor. Por ser uma infecção, essa doença pode ser curada com o tratamento correto, que dura no mínimo seis meses com o uso diário de medicamentos específicos que são disponibilizados de forma gratuita nos postos de saúde. O abandono do tratamento antes do prazo recomendado pode causar a permanência da doença, e com bacilos mais resistentes. É importante procurar um médico e ser disciplinado no uso das medicações até o final do tratamento recomendado", complementa Dr. Canalini.

A tuberculose geniturinária tem incidência entre 7,1 e 15% dos casos de doença pulmonar**.

Fatores de risco e sintomas

Diabetes, tabagismo e doenças que diminuem a imunidade (como aids) podem facilitar a infecção pelo bacilo de Koch.

A doença é mais comum entre o sexo masculino, além de pessoas em situações vulneráveis como profissionais de saúde, moradores de rua e indivíduos privados de liberdade.

A variação extrapulmonar da tuberculose pode apresentar os mesmos sintomas gerais que se observa no acometimento pulmonar (febre, sudorese, fraqueza, emagrecimento), mais os sintomas específicos de acordo com a localização.

No caso da tuberculose geniturinária, muitos pacientes podem não apresentar qualquer sinal. Quando há sintomas, podem ocorrer dor ao urinar, dor na região lombar, sangue na urina, micção frequente, infecção urinária de repetição e febre. Porém esses sintomas costumam demorar a aparecer.

“A tuberculose geniturinária pode levar a complicações que irão afetar a qualidade de vida dos pacientes, por isso são muito importantes o diagnóstico precoce e o tratamento adequado”, lembra Dr. Antonio Peixoto de Lucena Cunha, supervisor do Departamento de Infecções, Inflamações e ISTs da SBU.

Dr. André Avarese de Figueiredo, membro do Departamento de Infecções, Inflamações e ISTs, ressalta que a tuberculose urinária é uma das formas mais comuns de tuberculose extrapulmonar. “Após o foco inicial pulmonar, o bacilo atinge os rins e a próstata pela corrente sanguínea. A partir do rim, a infecção atinge o ureter e a bexiga e a partir da próstata, todo o trato genital masculino. É uma doença de difícil diagnóstico exigindo um alto grau de suspeição clínica”, explica.

“A doença atinge inicialmente o rim, podendo destruí-lo completamente e descer até a bexiga ocasionando sintomas urinários, muitas vezes insuportáveis, como o aumento da frequência miccional. Pode atingir ainda outros sistemas como o aparelho genital, incluindo próstata e epidídimos (órgãos localizados acima do testículo)”, completa Dr. Ubirajara Barroso Jr., diretor da Escola Superior de Urologia da SBU.

Nas mulheres, além do aparelho urinário, a tuberculose geniturinária pode afetar trompas, endométrio e ovários, podendo causar infertilidade, doença inflamatória pélvica, amenorreia ou aumento do fluxo menstrual.

"Esta é a primeira vez que a SBU oficialmente participa da campanha de conscientização da tuberculose, justamente abordando esta que é uma das manifestações menos conhecidas da doença, a geniturinária. Com isso queremos alertar a população, mas também a comunidade médica e os agentes de saúde, sobre a importância de se ter em mente esse diagnóstico, sobretudo nos casos de infecção ou sintomas urinários que não curam com os antibióticos, ou em que a cultura da urina não revela a presença do germe. Vale lembrar que os antibióticos convencionais não atuam sobre a tuberculose e que, também, a detecção desse bacilo somente pode ser feita mediante métodos​ específicos. É importante que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível, a fim de se evitar as sequelas, que muitas vezes são devastadoras", lembra Dra. Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU e uma das coordenadoras da campanha.

Tratamento

O tratamento da tuberculose pulmonar se dá por meio de medicamento por seis meses e é realizado somente pelo SUS (para melhor controle e acompanhamento da doença). O desafio é que muitos pacientes param de tomar os remédios ao cessarem os sintomas, quando na realidade ainda não estão de fato curados. Isso pode fazer com que a bactéria se torne resistente e até mesmo causar a morte.

A prevenção da tuberculose pode ser feita por meio da vacina BCG nos recém-nascidos.

* https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/tuberculose_urogenital.pdf

** https://www.scielo.br/j/jbn/a/JpKccBmkYFNDpKT8BB6Dr4z/?format=pdf&lang=pt


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