Cegueira Infantil - Alerta
Oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho fala sobre as causas do problema que atinge 30 mil crianças no País
Números alarmantes para o Brasil. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelou que no País 140 mil crianças apresentem baixa visão. Outras 30 mil crianças são cegas devido às doenças oculares, como retinopatia da prematuridade, catarata, toxoplasmose, glaucoma congênito e atrofia ótica. “São números muito altos se pensarmos que cerca de 70% das causas de deficiência visual severa e de cegueira poderiam ser evitadas, diagnosticadas e tratadas precocemente”, avalia a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho, Professora Titular de Oftalmologia da UNICAMP, Chefe do Departamento de Oftalmologia - Otorrinolaringologia da FCM/UNICAMP e Coordenadora do Serviço de Estrabismo, Oftalmologia Pediátrica e Visão Subnormal do HC - FCM/UNICAMP.
Segundo a especialista, a melhor maneira de reverter esse quadro, é a prevenção, investindo em exames pré-natais para identificar doenças infecciosas congênitas, como toxoplasmose e o zika vírus, e também no teste do olhinho (teste do reflexo vermelho) durante as primeiras semanas após o nascimento e três vezes ao ano até o segundo ano de vida.
Keila Monteiro de Carvalho lembra, ainda, que a redução da acuidade visual nos primeiros anos de vida causa um grave impacto no desenvolvimento global da criança levando à baixa autoestima e dificuldade de aprendizado. “Estima-se que 20% das crianças em idade escolar apresentem problemas oftalmológicos, como necessidade de usar óculos, estrabismo e ambliopia”, comenta a oftalmologista.
Conheça a seguir as cinco principais causas de cegueira e baixa visão infantil no Brasil:
Toxoplasmose Ocular Congênita
Principal causa de uveíte (inflamação da úvea, camada intermediária do olho) no mundo, podendo levar à sequela visual grave, a doença - causada pelo protozoário Toxoplasma gondii - está presente em 33% da população, embora a maioria de maneira assintomática.
Para prevenir a doença, deve-se evitar o consumo de carnes cruas ou mal cozidas, lavar adequadamente utensílios domésticos após contato com carne crua, consumir água fervida ou tratada, limpar frutas e vegetais antes do consumo e utilizar luvas para a manipulação do solo e caixas de areia.
Catarata Infantil
Uma das principais causas preveníveis ou tratáveis de cegueira na infância, a catarata infantil tem causa, normalmente, a hereditariedade por infecções maternas, metabólicas e síndromes. O diagnóstico precoce, por meio do teste do olhinho, é essencial para reverter o quadro. Caso haja a ocorrência da doença, a criança deverá ser operada antes dos 3 meses de vida, caso contrário desenvolverá nistagmo (movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular) tornando-se cega por toda a vida.
Retinopatia da Prematuridade
É uma doença que compromete a vascularização da retina imatura dos recém-nascidos prematuros, sendo a causa de cerca de 1,5 milhão de crianças cegas no mundo. O pré-natal é indispensável para prevenir a doença, que tem como fatores de risco o peso muito baixo ao nascer, síndrome do desconforto respiratório, sepse e transfusões sanguíneas, entre outros.
Glaucoma congênito
A prevenção da doença começa com a realização de exames pré-natais para o diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas congênitas e doenças hereditárias, como o glaucoma. O teste do reflexo vermelho é a melhor forma de triagem da doença que na infância requer intervenção cirúrgica em praticamente todos os casos.
Atrofia Ótica
A atrofia do nervo óptico resulta na desconexão das ligações nervosas que unem o olho ao cérebro, levando à perda da visão. Os principais sinais do processo de atrofia são perda aguda da distinção das cores, visão embaçada, diminuição da acuidade visual (qualidade da visão) e a perda do campo visual (quantidade de visão). Caso a doença seja causada pelo glaucoma, não há cura, apenas tratamento para estagnar a perda de visão. Nos outros casos, tratando-se a causa, o processo de atrofia desaparece.
Sobre a Dra. Keila Monteiro de Carvalho
Médica oftalmologista, Professora Titular de Oftalmologia da UNICAMP, Chefe do Departamento de Oftalmologia - Otorrinolaringologia da FCM/UNICAMP e Coordenadora do Serviço de Estrabismo, Oftalmologia Pediátrica e Visão Subnormal do HC - FCM/UNICAMP.
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