Todos os anos, no mês de novembro, ocorre a campanha chamada Novembro Azul, a qual visa alertar a importância da conscientização em relação às doenças masculinas, focando na prevenção do câncer de próstata, o mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele.

O movimento Novembro Azul teve origem em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina, ou seja, é uma conscientização ao nível mundial.

Segundo estudos, para o triênio 2020/2022, a estimativa é que sejam diagnosticados 65.840 novos casos de câncer de próstata no Brasil, o que representa que, para cada 9 homens, um será diagnosticado com a doença. Vale ressaltar que, um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), apontou que 51% dos homens nunca consultaram um urologista. Um dado realmente alarmante.

Especialistas afirmam que, embora a doença não tenha prevenção, o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento e cura. Hoje em dia, dependendo do caso, é até possível não retirar o tumor, basta monitorar seu comportamento.

Como a prevalência é em homens acima dos 50 anos, a realização de exames nessa faixa etária está associada diretamente à cerca de 20% na taxa de mortalidade. E caso seja constatada a doença, vários tratamentos podem ser aplicados.

Na maioria dos casos basta monitorar o comportamento. Na consulta urológica, o paciente não apresenta sintomas. Apenas um acompanhamento regular, juntamente com o exame de PSA e toque retal possibilitam detectar a suspeita e assim, continuar com a investigação.

Um dos grandes desafios a respeito do câncer de próstata é enfrentar os mitos relacionados aos exames preventivos, pois ainda há muito tabu por parte dos homens.

A campanha Novembro Azul vem justamente para desmistificar a doença, onde o Ministério da Saúde, órgãos não governamentais, instituições e profissionais de saúde se uniram para mostrar a importância do acompanhamento médico regular e com isso, identificar precocemente o câncer de próstata.

Segundo o Dr. Marcos Dall’Oglio, Urologista e Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP, apesar dos exames de PSA no sangue e toque retal poderem indicar maior suspeita da doença, o diagnóstico definitivo só poderá ser confirmado pela biópsia da próstata.

"A análise de características genéticas e celulares estão tornando possível diferenciar um câncer agressivo de outro mais brando, o qual exigirá apenas um acompanhamento rotineiro", explica.

No entanto, para casos em que a doença tem risco de progressão, a cirurgia robótica tem obtido muito sucesso, com baixos índices de disfunção urinária e sexual.

Então, o movimento Novembro Azul tem o intuito de mostrar a importância de realização de exames periódicos e fazer com que toda a sociedade tenha ciência que, o câncer de próstata é curável em quase 100% dos casos, desde que diagnosticado precocemente.

"Por isso que é necessário acabar com a cultura da negligência e preconceito contra os exames de prevenção. E nesse sentido, a campanha Novembro Azul existe para alertar e incentivar a população masculina a cuidar de sua saúde", finaliza o Urologista.

Sobre Dr. Marcos Dall'Oglio

Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em Medicina (Urologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da USP desde 2008. Tem certificação para atuar em cirurgia robótica (Urologia) pela Intuitive Da Vinci Surgical System Training. Atuou como Diretor Médico Oncocirúrgico e Chefe do Setor de Uro-Oncologia do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e como Chefe do Setor de Uro-Oncologia da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas (HCFMUSP). Professor Associado da Faculdade de Medicina da USP desde 2012. Atua em Cirurgia Robótica Urológica, com linhas de pesquisa principalmente nos seguintes temas: fatores prognósticos do carcinoma de células renais, câncer de bexiga, de próstata e testículo, neoplasias malignas do trato genitourinário, técnicas cirúrgicas em urooncologia.