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Comer muita gordura e açúcar afeta muito mais que sua cintura: a pele também inflama, diz estudo

  • Quarta, 09 Setembro 2020 18:19
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Guilherme Zanette
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Estudo publicado em fevereiro no Journal of Investigative Dermatology destaca que, mesmo a curto prazo, a exposição à dieta ocidental rica em gordura e açúcar é capaz de induzir doenças inflamatórias na pele, como acne, psoríase e envelhecimento antes de um significativo ganho de peso corporal

Antes mesmo de experimentar o peso a mais de alguns abusos na alimentação, podemos literalmente sentir na pele as consequências. Pelo menos é o que mostra um novo estudo, publicado no começo de fevereiro no Journal of Investigative Dermatology. “Os pesquisadores da UC Davis Health demonstraram que, mesmo uma exposição a curto prazo à dieta ocidental rica em gordura e açúcar pode levar a doenças inflamatórias da pele, como a psoríase”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia. “Segundo o estudo, as doenças inflamatórias da pele podem aparecer antes mesmo de experimentarmos os quilinhos a mais dos excessos”, acrescenta a médica. Embora o estudo tenha relacionado a casos de psoríase, há evidências de que a dieta rica em gorduras ruins (como frituras) e açúcar pode causar acne e envelhecimento da pele. “Existe um gene chamado TNF-alfa e ele está associado com o processo inflamatório; se o indivíduo tem um alelo (forma alternativa de um determinado gene) que leva a um processo inflamatório mais intenso, você vai usar alguns ativos orais em uma determinada concentração para frear e adequar a expressão desse gene. Além disso, você deve tomar cuidado com a alimentação, pois existem alimentos que são pró-inflamatórios e o consumo exagerado pode piorar a inflamação da acne e também o envelhecimento da pele”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene.

O estudo “Short-term exposure to a Western diet induces psoriasiform dermatitis by promoting accumulation of IL-17A-producing γδ Tcells” sugere que os componentes da dieta podem levar à inflamação da pele e ao desenvolvimento de psoríase. De acordo com a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, a psoríase é uma inflamação que ocorre quando os anticorpos começam a agredir os queratinócitos, células produtoras da proteína morta responsável por formar a camada protetora da pele. Em resposta a essa agressão, os queratinócitos começam a se proliferar, multiplicando-se de maneira muito mais rápida e assim favorecendo a formação de crostas. “Além disso, há a dilatação dos vasos sanguíneos, que leva ao surgimento de manchas vermelhas. Posteriormente, ainda ocorre um processo de micropontos de sangramento no local, chamado de orvalho sangrento, devido a remoção dessas crostas que se formaram durante o processo inflamatório”, explica a médica. “Dessa forma, a psoríase é categorizada como uma doença autoimune, sendo causada então principalmente devido à predisposição genética. Porém, outros gatilhos também podem agravar a doença, como fatores ambientais, alimentação e o estresse.”

Estudos anteriores mostraram que a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento ou agravamento da psoríase. A dieta ocidental, caracterizada por uma alta ingestão de gorduras saturadas e sacarose e baixa ingestão de fibras, tem sido associada ao aumento da prevalência de obesidade no mundo. Para o estudo da UC Davis Health, que utilizou um modelo de camundongo, os pesquisadores descobriram que era necessária uma dieta contendo alto teor de gordura e alto teor de açúcar (imitando a dieta ocidental em humanos) para induzir a inflamação da pele. Em apenas quatro semanas, os ratos com dieta ocidental aumentaram significativamente o inchaço dos ouvidos e a dermatite visível em comparação com os ratos alimentados com dieta controlada e com dieta rica em gordura. "A dieta não saudável não afeta apenas a sua cintura, mas também a imunidade da pele", diz a Dra. Marcella Garcez.

O estudo detalhou os mecanismos pelos quais a inflamação ocorre após uma dieta ocidental. “O trabalho identificou que a alimentação rica em gordura e açúcares é capaz de despertar a sinalização inflamatória na pele, desregulando a via Interleucina-23, um mensageiro pró-inflamatório que contribui para o desenvolvimento de dermatites”, afirma a nutróloga.

O estudo também enfatiza a importância da dieta para pacientes com doenças de pele. Pacientes com psoríase, por exemplo, com má alimentação têm maior risco de desenvolver doenças relacionadas, incluindo diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, que podem ser evitadas ou melhoradas por abordagens dietéticas.

Um exame de genotipagem também pode ajudar no tratamento da psoríase. “Prevenir a psoríase também pode ajudar na prevenção contra o câncer. Segundo um estudo recente, publicado em outubro de 2019, no conceituado JAMA Dermatology, portadores de psoríase apresentam risco aumentado de diversos tipos de câncer, principalmente portadores de psoríase severa, cujo risco de câncer de células escamosas (um dos tipos de câncer de pele), pode ser até aproximadamente 12 x maior”, afirma o geneticista. A Multigene já trabalha com o perfil de genotipagem para prevenção e tratamento de psoríase, que não só identifica a presença dessas variantes genéticas responsáveis por maior incidência da doença, como também ajuda a orientar o paciente a como controlar a ação negativa das variantes mais importantes.

Em uma revisão sistemática da literatura, o aumento da gravidade da psoríase pareceu correlacionar-se com um maior índice de massa corporal (IMC), e acredita-se que a obesidade provavelmente predisponha à psoríase e vice-versa. “Embora as recomendações dietéticas específicas não sejam claras, um estudo observacional encontrou uma associação benéfica de melhora com pacientes que seguiram a dieta mediterrânea. Em termos de suplementos nutricionais, vários estudos apostam no óleo de peixe como o mais promissor e a vitamina D oral demonstrando alguma promessa em estudos abertos”, diz a Dra. Claudia Marçal. “De qualquer forma, uma boa alimentação, equilibrada e com boa ingestão de fibras, sem excessos em açúcar e gordura de má qualidade, é capaz de trazer diversos benefícios para a pele e evitar muitas doenças. Por isso, procure ajuda de um médico nutrólogo para ajustar os desequilíbrios da sua dieta”, finaliza a Dra. Marcella.

FONTES:

DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

DRA. CLAUDIA MARÇAL: É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas - SP.

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.


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