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Insônia durante tratamento de acne com Roacutan é indício de efeito adverso psiquiátrico, diz estudo

  • Segunda, 24 Agosto 2020 18:27
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Maria Claudia Amoroso
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Rastreamento da insônia durante o uso do medicamento isotretinoína via oral, mais conhecido como Roacutan (nome comercial), é importante, pois pode ser um indicador de vulnerabilidade aos efeitos colaterais, como depressão, psicose e até suicídio

Vários trabalhos científicos já deram conta de que a saúde mental pode ser drasticamente influenciada por problemas de pele. O estudo britânico Risk of depression among patients with acne in the U.K.: a population-based cohort study, publicado em 2018 no British Journal of Dermatology, relatava que pacientes com acne têm um risco aumentado de 63% de desenvolver depressão em comparação com pacientes que não têm acne. No entanto, uma das formas de tratar acne é com o uso de isotretinoína, medicamento via oral mais conhecido como Roacutan, que tem entre seus efeitos colaterais alguns problemas para a saúde emocional, como depressão, psicose e suicídio. Agora, um novo trabalho, apresentado em forma de e-poster durante o AAD VMX Virtual Meeting Experience 2020, no último mês de junho, indica que os dermatologistas devem acompanhar e rastrear a qualidade do sono de seus pacientes, já que a insônia é um importante presságio de vulnerabilidade a esses efeitos colaterais psiquiátricos. “A isotretinoína, embora muito eficaz para acne, está associada a maiores chances de insônia segundo o estudo. E isso poderia ser uma bandeira vermelha para maior vulnerabilidade psiquiátrica potencial no paciente”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

De acordo com a médica, estudos epidemiológicos ou clínicos mostram que os pacientes que usam isotretinoína experimentam uma melhora geral em sua acne, o que está associado a uma saúde mental positiva e melhor qualidade de vida. “No entanto, embora em estudos clínicos maiores os pacientes com acne geralmente relatem que se sentem muito melhor após o tratamento com isotretinoína, permanece muito difícil prever em qual paciente o uso de isotretinoína pode estar associado a essas reações neuropsiquiátricas. O que esse estudo demonstra é que a insônia pode ser um importante biomarcador, durante o uso de isotretinoína, para esses efeitos adversos que devemos ficar atentos”, diz a médica.

Os pesquisadores examinaram o banco de dados do Sistema de Notificação de Eventos Adversos da Food and Drug Administration (FAERS) de 2004 a 2019 para a insônia de evento adverso com o uso de isotretinoína em pacientes com acne, no qual o medicamento foi considerado o principal suspeito para o evento adverso. Dos 218.594 Relatórios de Segurança Individuais identificados (idade média do paciente 23 anos), onde a isotretinoína foi usada para a indicação de acne e especificada como principal suspeita para um evento adverso, os resultados mostraram que 1.095 Relatórios de Segurança Individuais (idade média do paciente 20 anos) foram associados ao evento adverso de insônia. “É incomum para um paciente jovem com acne com idade média de final da adolescência ou início da idade adulta ter a insônia como uma das principais queixas”, diz a médica. “A insônia é um sinal de desregulação, que por sua vez também pode ter alta associação com comportamentos impulsivos como suicídio e agressão”, diz a médica.

Em mais de 80% dos transtornos psiquiátricos, a insônia aparece como uma comorbidade. O trabalho sugere que os médicos devam tentar incorporar os sintomas de insônia em suas perguntas de rastreamento de pacientes com acne e durante o curso do tratamento com isotretinoína. “Talvez mesmo antes de prescrever a isotretinoína, os médicos poderiam perguntar especificamente sobre quaisquer distúrbios do sono que o paciente possa ter, pois isso pode ser uma bandeira vermelha, sugerindo vulnerabilidade para outros eventos adversos psiquiátricos, segundo o trabalho”, diz a Dra. Paola. “Ao mesmo tempo, também devemos considerar que, geralmente, a saúde mental do paciente melhora quando recebe isotretinoína, provavelmente devido à melhora significativa nos sintomas de acne”, diz a médica. “Os resultados do estudo sugerem que pode ser importante comunicar ao paciente com acne medicado com isotretinoína que a insônia pode ser um sinal precoce de que algo está 'errado', e eles devem informar o seu médico prescritor para avaliação e monitoramento adicionais”, completa a dermatologista.

O caminho até a prescrição do medicamento – A isotretinoína não costuma ser a primeira escolha dos médicos para tratar a acne. Segundo a médica, o primeiro passo é propor uma rotina investigativa para descobrir se há histórico familiar, se tem origem na adolescência (uma abordagem diferenciada), ou se é acne da mulher adulta (mais comum, mas o homem também pode ter), por estresse, enfim, a diagnose vai ajudar a tratar. Podem ser usados probióticos por via oral, além de prescrição tópica de ácidos (retinoico, glicólico e salicílico), secativos e anti-inflamatórios, além de uma rotina de limpeza com produtos seborreguladores. Mas em alguns casos isso não é suficiente. “Existe uma pré-disposição genética para acne. Alguns indivíduos apresentam mais acne e inflamação. É comum observar, por exemplo, uma concordância maior de acne em gêmeos, então existe sim uma influência genética bem relevante. E essa influência genética está associada com um processo inflamatório, geralmente por conta do gene TNF-alfa, que está associado com o maior ou menor risco de acne dependendo do genótipo (conjunto de genes que não são modificados naturalmente)”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene. Essa influência genética, juntamente com hábitos alimentares perigosos como consumo excessivo de alimentos com alto índice glicêmico e o estresse, pode agravar ainda mais o quadro, mesmo com o tratamento tópico. “Faça sempre o acompanhamento com o dermatologista para que haja o controle efetivo do problema, evitando cicatrizes, marcas e manchas na pele”, finaliza a médica.

FONTES:

*DRA. PAOLA POMERANTZEFF - Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.


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