SEGS Portal Nacional

Agro

Questões de gênero no campo: ameaças e soluções para a soberania alimentar

  • Terça, 07 Dezembro 2021 10:51
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Fundação Heinrich Boll
  • SEGS.com.br - Categoria: Agro
  • Imprimir

De acordo com FAO, mulheres são responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na América Latina e Caribe. Webdossiê Flexibilização da legislação socioambiental, lançado pela Fundação Heinrich Boll e ong FASE, discute desafios às questões de gênero no campo

Poder decidir o que cultivar, o que e como comercializar, o que destinar ao mercado interno e ao mercado externo e controlar os recursos naturais são princípios básicos para alcançar a soberania alimentar. Porém, as mulheres camponesas que buscam essa soberania esbarram em outro problema: as questões de gênero presentes em seus territórios. É o que aponta a engenheira agroecológica e mestre em ciências sociais Iridiani Seibert, a agrônoma e doutoranda em ciências sociais Michela Calaça, e a militante do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) Noemi Krefta, no artigo “Soberania alimentar: Um projeto político a partir da experiência das mulheres camponesas”, que compõe o webdossiê Flexibilização da legislação socioambiental, lançado pela Fundação Heinrich Boll em parceria com a ong FASE.

De acordo com as autoras, a negação do conhecimento das camponesas acontece a partir das relações patriarcais existentes na própria família e comunidade, sendo ampliada pela implementação de modos de produção baseados na dependência dos insumos externos à unidade de produção e em relações de mercado. Mesmo as mulheres produzindo bastante, existe uma desigualdade estrutural no acesso aos recursos produtivos, o que torna fundamental a garantia do direito de igualdade no acesso à renda e aos recursos que entram na unidade de produção.

Para isso, deve-se superar a ideologia da divisão sexual do trabalho que hierarquiza e supervaloriza o trabalho considerado do homem e esconde o trabalho realizado pelas camponesas na unidade de produção. Por essa razão, para o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a soberania alimentar não se restringe apenas a questões produtivas, mas também passa por uma ampla agenda de reparações e transformações nas relações desiguais entre os gêneros em todas as dimensões das relações sociais.

Ações práticas

Em 2017, com o objetivo de amenizar os impactos da crise econômica, ambiental, política e institucional (com potencial de evoluir para fome), o MMC criou a Campanha Nacional Sementes da Resistência: camponesas semeando esperança, tecendo transformação para ampliar o resgate das sementes. O Movimento orientou que todos os grupos de camponesas em cada estado a buscar uma nova semente da sua região para resgatar e ampliar a diversidade de sementes crioulas para buscar diminuir o impacto da fome nas comunidades que o MMC está presente.

Já em 2020, no contexto da pandemia de COVID-19 quando a fome e a má nutrição voltaram a assolar o país, as camponesas e camponeses se mobilizaram para realizar ações de solidariedade e de doação de alimentos para as famílias nas periferias das cidades, oferecendo alimentos saudáveis e de qualidade. Buscaram fazer um “isolamento social produtivo” e produzir ainda mais em seus quintais produtivos, para levar alimentos saudáveis e de qualidade aos que estavam precisando nas cidades, mas também em alguns espaços rurais. Para saber mais, leia o artigo “Soberania alimentar: Um projeto político a partir da experiência das mulheres camponesas, de Iridiani Seibert, Michela Calaça e Noemi Krefta.

Estatísticas

De acordo com a publicação “Agricultura Familiar: Programa de Aquisição de Alimentos - PAA: Resultados das Ações da Conab em 2019”, divulgada em outubro de 2020 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a participação de mulheres na agricultura familiar chegou a 80% em comparação à masculina em 2019. Segundo o estudo, o número indica o fortalecimento dessa capacidade produtiva e a tendência da presença das agricultoras por meio das cooperativas e associações que participam do programa.

De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), atualmente, 60 milhões de mulheres trabalham no campo na América Latina e Caribe, cumprindo papel central na produção e abastecimento de alimentos. Na região, elas são responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos. Já no Brasil, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que cerca de 1 milhão de mulheres dirigem propriedades agrícolas no país – 20% do total de estabelecimentos rurais, segundo o Censo Agropecuário de 2017, o que representa um crescimento de 38% em relação ao Censo de 2006.

Sobre o dossiê

O webdossiê Flexibilização da legislação socioambiental, lançado pela Fundação Heinrich Boll e ong FASE, convidou 18 especialistas para analisar os retrocessos ambientais durante os últimos anos de governo Bolsonaro. Em sua 3ª edição, o material adverte para a paralisação da reforma agrária, o ataque aos direitos territoriais de povos indígenas e comunidades tradicionais, e a legalização da grilagem, que estão agravando a crise ambiental no país e promovendo o avanço das fronteiras agrícolas sob terras públicas, que deveriam ser destinadas à garantia de direitos e proteção ambiental. Para saber mais, acesse: https://br.boell.org/pt-br/dossie-flexibilizacao-da-legislacao-socioambiental-brasileira-3a-edicao

Sobre a Fundação Heinrich Böll

A Fundação Heinrich Böll é um think tank alemão que possui uma rede internacional com 32 escritórios pelo mundo e atuação em 60 países. No Brasil, atua ao lado de organizações feministas, coletivos de favelas, instituições de direitos humanos, justiça ambiental e movimentos agroecológicos.

Sobre a FASE

A FASE é uma organização brasileira sem fins lucrativos que há 60 anos atua no fortalecimento dos sujeitos coletivos para a garantia de direitos, da democracia, da soberania alimentar e nutricional e da justiça ambiental. Atualmente em seis estados brasileiros, une resistência à defesa da terra e território no campo, floresta e cidade.


Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
 

<::::::::::::::::::::>

 

+AGRO ::

Maio 16, 2025 Agro

Suplementação nutricional faz a diferença no…

Maio 15, 2025 Agro

Rota Regenerativa mostra o protagonismo da canola na…

Maio 14, 2025 Agro

Intensas variações climáticas, seja com estiagem ou…

Maio 13, 2025 Agro

Envelhecimento das poedeiras: ajustes na nutrição…

Maio 12, 2025 Agro

Novus apresenta estudo sobre Inibidores de Tripsina na…

Maio 09, 2025 Agro

O campo dentro da cidade: como o agro está em tudo que…

Maio 08, 2025 Agro

Atenção para os sinais na granja. Frangos com diarreia,…

Maio 07, 2025 Agro

Fabricante argentina de plantadeiras mira mercado em…

Maio 06, 2025 Agro

Vaca Ibiza FIV Surreal bate recorde no Nelore Pelagens…

Maio 05, 2025 Agro

Alta produtividade do rebanho precisa de silagem de…

Maio 02, 2025 Agro

Novo episódio de ‘Rota Regenerativa’ mostra potencial…

Abr 30, 2025 Agro

Universidade Federal do Maranhão atesta eficácia de…

Abr 29, 2025 Agro

Controle da mastite é foco da Vetoquinol na 18ª…

Abr 28, 2025 Agro

Suplementação lipídica beneficia desempenho de vacas…

Abr 25, 2025 Agro

Volume de fretes do agro cresce e impulsiona…

Abr 24, 2025 Agro

Doenças agrícolas podem crescer até 46% nas próximas…

Mais AGRO>>

Copyright ©2025 SEGS Portal Nacional de Seguros, Saúde, Info, Ti, Educação


main version