Leitura em queda acende alerta sobre atenção e sensibilidade de crianças e adolescentes
Coordenadora do Colégio ARBOS defende que ler fortalece o foco, a imaginação e o desenvolvimento emocional dos alunos
O hábito da leitura entre os brasileiros está em declínio e o efeito vai além das notas escolares. Segundo a edição de 2024 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 53% das pessoas não leram nem parte de um livro, impresso ou digital, de qualquer gênero, incluindo didáticos e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa. No mesmo período, em anos anteriores, a avaliação internacional PISA 2022, mostrou que o Brasil tem média de 410 pontos em leitura, abaixo da média dos países da OCDE, que é de 476 pontos.
Para Rosana Ferreira, coordenadora pedagógica do Colégio ARBOS, o dado preocupa porque a leitura é a base de todas as outras aprendizagens. “Ler é como treinar o cérebro todos os dias. Cada página é um exercício que amplia o vocabulário, estimula a imaginação e fortalece a memória e a atenção”, explica.
O incentivo à leitura, segundo Rosana, exige cuidado e sensibilidade. Quando o livro é usado como castigo, o prazer desaparece. Frases como “vai ler porque tirou nota baixa” transformam o ato de ler em punição. Outro erro frequente é limitar as escolhas apenas a clássicos ou obras escolares, o que reduz a curiosidade natural dos alunos.
“Claro que os clássicos têm valor, mas gibis, mangás, revistas e textos digitais também são portas de entrada para o hábito de ler. O importante é que a criança encontre prazer na leitura, independentemente do formato”, observa.
A coordenadora lembra que o exemplo dos adultos é determinante. “Se pais e professores não demonstram prazer em ler, a mensagem implícita é de que ler não é prioridade. O entusiasmo é contagioso, tanto para o bem quanto para o desinteresse”, destaca.
Com a popularização da inteligência artificial e o excesso de estímulos digitais, manter o foco se tornou um dos grandes desafios contemporâneos. O consumo fragmentado de informação reduz o tempo de atenção e dificulta a concentração em uma única tarefa. Nesse cenário, a leitura exerce papel fundamental ao fortalecer a disciplina mental e a capacidade de imersão.
“Ler vai além de decifrar palavras. Representa um treino de concentração e de memória”, explica Rosana. “Ao acompanhar uma narrativa, a mente aprende a resistir à dispersão e a manter o foco em uma mesma atividade por mais tempo.”
A leitura também estimula a empatia. Estudos em neurociência indicam que histórias literárias ativam áreas do cérebro ligadas à compreensão das emoções e intenções dos outros. “Por isso, formar leitores é formar pessoas mais sensíveis, capazes de se colocar no lugar do outro e de compreender o mundo com mais profundidade”, conclui a coordenadora.
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