Inovar para manter empregos e atuar com responsabilidade social
Por Mauro Deutsch, presidente da Delfim Tecidos
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid (Pnad Covid) divulgada em 31 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente de brasileiros sem emprego chegou a um número assustador: 40,5 milhões. Como empresário textil, setor diretamente atingido pela crise da pandemia, temi não conseguir impedir que meus 140 funcionários viessem a fazer parte destas estatísticas e perdi noites de sono para encontrar uma forma viável de não efetuar demissões.
A Delfim é uma empresa familiar com 60 anos de história e que, depois de ter passado pelas gestões de meu pai e avô, está sob meu comando desde 2001. Nestas seis décadas de existência tendo como carro chefe de vendas tecidos como tule e filó de armação - produtos utilizados especialmente para a confecção de vestidos de festa e para decoração de ambientes, a empresa se viu diante de seu maior desafio. Afinal, como seria possível manter os negócios ativos e garantir o emprego dos colaboradores com produtos destinados a eventos já que qualquer tipo de celebração se tornou inviável para a contenção do vírus?
Na busca de um tempo para refletir sobre como enfrentar esta crise, decidi decretar férias coletivas de 45 dias, interrompendo assim todas as atividades da fábrica. Neste período entendi a necessidade de reinventar nosso modelo de negócios tendo consciência sobre nossa responsabilidade social não apenas para manter cada funcionário na folha de pagamento e não prejudicar acionistas e investidores, mas também encontrando uma maneira de causar um impacto positivo na sociedade como um todo.
Após pesquisas e conversas com médicos infectologistas do Brasil veio a ideia de criar um tecido impermeável com propriedades bactericidas e fungicidas. Buscamos uma fórmula capaz de inativar o novo coronavírus em até dois minutos e, ao mesmo tempo, através de um processo industrial que combina fios de poliéster a uma fórmula com micropartículas de prata, inventamos um 'super tecido', o DelfimProtect.
Este produto deu à empresa - que dependia principalmente de festividades para se manter - uma nova perspectiva. Com o Delfim Protect, não apenas máscaras de proteção e EPIs, jalecos, toucas e aventais podem ser confeccionados, mas itens de vestuário diversos, toalhas de mesa, roupas de cama, babadores e trocadores para bebês, além de outras infinitas possibilidades de uso.
Esta é a hora de as empresas entenderem seus propósitos e é o que estamos fazendo através do engajamento com pessoas e setores ligados direta e indiretamente a nossas atividades. Este é o caso da parceria firmada com o G10 Favelas através da qual foi criada a plataforma "Eu Costuro Sonhos" com atuação das empreendedoras do "Costurando Sonhos" - projeto que fomenta o empreendedorismo de impacto nas favelas dando protagonismo a mulheres em vulnerabilidade social, muitas delas vítimas de violência doméstica.
A ação foi iniciada com a doação do DelfimProtect, além da capacitação para seu manuseio, produção e logística e tem como objetivo dar subsídio para costureiras se tornarem empreendedoras e ampliar as perspectivas destas trabalhadoras gerando renda compartilhada e autonomia financeira.
O investimento para o DelfimProtect foi de cerca de 1 milhão de reais, montante que só conseguiremos recuperar a médio e longo prazo, mas não me preocupo com isso, pois existe uma necessidade estabelecida no mundo dos negócios - principalmente a partir desta crise mundial pela qual estamos passando: não há mais espaço para empresas que desempenhem atividades com um fim meramente econômico. É preciso ter consciência sobre a importância de também desempenhar um impacto positivo buscando soluções para problemas da sociedade.
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