Dezembro chegou e, com ele, aquela sensação incômoda de que mais um ano passou e o marketing da sua empresa continua sendo um acúmulo de táticas desconectadas. Campanhas que nascem e morrem sem deixar rastro. Redes sociais que viram fim em si mesmas. Investimentos que não se convertem em crescimento real. Se essa descrição te incomoda, é porque você sabe: está na hora de arrumar a casa.

Mas arrumar a casa não é criar mais um planejamento cheio de metas otimistas e ações genéricas. Não é contratar mais uma agência para fazer "mais conteúdo". E definitivamente não é aumentar o budget esperando que mais esforço resolva problemas de método. Arrumar a casa é entender que marketing não é sobre fazer mais. É sobre fazer diferente.

A maioria das empresas constrói seu marketing sobre areia movediça. Sem clareza sobre quem são, para quem existem e por que alguém deveria escolhê-las. O resultado? Um castelo de táticas que desmorona ao menor vento contrário do mercado.

O primeiro cômodo a arrumar é a essência. Seu posicionamento está claro, específico e verdadeiramente diferenciado? Ou é mais uma variação do "somos líderes em soluções inovadoras"? Sua Brand Emotional Essence (BEE), o pulsar emocional que faz sua marca vibrar, está sendo aplicada com consistência ou virou apenas um slide bonito na gaveta?

Sem essência clara, não há estratégia que sustente. Há apenas improviso disfarçado de planejamento. Com a essência alinhada, o segundo movimento é olhar para o que chamo de camada Life, toda a estrutura institucional que sustenta sua presença no mercado. Site, apresentações, materiais comerciais, onboarding de clientes, discurso das equipes.

Aqui mora um problema silencioso: a incoerência. O vendedor promete uma coisa, o marketing comunica outra, a experiência entrega algo diferente. A casa está arrumada por fora, mas bagunçada por dentro. E o cliente sente. Sempre sente.

Só quando essência e estrutura estão organizadas é que você consegue enxergar os desequilíbrios que drenam seu crescimento. E eles existem em toda empresa: excesso de performance sem construção de marca, relacionamento que não converte, awareness que não gera consideração.

No Full Marketing, trabalhamos com três forças que precisam estar em harmonia: Brand (quem você é), Relationship (como se relaciona) e Sales (como converte). Investir demais em uma e negligenciar outras é como reformar a sala enquanto a cozinha pega fogo.

Avaliar suas métricas deixa de ser tarefa operacional e vira diagnóstico estratégico. Onde está o vazamento? Onde está o gargalo? O que está gerando resultado real e o que é apenas ruído?

Só depois de arrumar a essência, ajustar a estrutura e reequilibrar as forças é que o planejamento para o próximo ano ganha sentido real. Porque planejar sobre uma base bagunçada é planejar para falhar.

E não, planejar não é prever o futuro. É ter clareza suficiente sobre quem você é para navegar qualquer futuro que vier. É ter um sistema, não uma coleção de apostas.

Quando sua casa está arrumada, você para de reagir ao mercado e passa a conduzir seu próprio caminho. Para de competir por atenção e começa a construir presença. Para de gritar mais alto e começa a emocionar mais fundo.

Se você termina 2025 com a sensação de que fez muito mas avançou pouco, talvez seja hora de parar de fazer mais e começar a fazer melhor. De trocar esforço por método. De deixar de ser refém das urgências e assumir o controle estratégico do seu marketing.

Arrumar a casa dói. Exige honestidade brutal sobre o que está funcionando e o que é só teatro. Mas é desse desconforto que nasce o crescimento sustentável, o impacto consistente e a certeza de que 2026 começará com muito mais propósito e muito menos improviso.

A pergunta não é se sua casa precisa de arrumação. A pergunta é: você está disposto a fazer a faxina de verdade?

Fernando Lebbe é publicitário, estrategista e fundador da Agência Lebbe, autor de "Full Marketing: A metodologia para organizar o marketing e multiplicar resultados" (DVS Editora)